Inspiração Artistas resgatam a cultura
A cultura indígena não está presente apenas no artesanato das aldeias brasileiras, mas também em obras de outros artistas. Este é o caso do pintor gaúcho, Oséias Leivas Silva, 36 anos, cuja formação artística se fez quase que exclusivamente pelos livros. No trabalho com a cultura indígena, o artista plástico, por meio do óleo sobre tela, busca mostrar o índio em seus aspectos simbólicos mais significativos.
Seu interesse pelos elementos de fauna e flora está inserido com as figuras realistas de homens, mulheres e crianças indígenas.
O estudante de Design de Produto e artista plástico, Robinson Mendanha Sobrinho, começou a trabalhar com a cerâmica indígena ainda pequeno, sob influência do pai, Antonio Augusto Sobrinho, conhecido como Frei Pacífico artista plástico pernambucano e ex-religioso da Ordem dos Franciscanos que, há mais de 40 anos vive em Guaíra, região noroeste do Paraná, onde se dedica ao resgate da cerâmica Guarani junto à aldeias indígenas de todo o Brasil. "O que me interessou nesta arte foi justamente as possibilidades que a técnica e os materiais por eles usados ofereciam", explica Sobrinho.
Em um ambiente clássico ou contemporâneo, a introdução de uma peça artesanal indígena ou inspirada na cultura das aldeias pode dar ares de sofisticação a casa. Cada objeto confeccionado pelos índios é único e leva consigo padrões estéticos próprios de cada comunidade, parte de uma identidade brasileira e atraente.
Cerâmicas, cestarias, esculturas em madeira queimada, instrumentos musicais, adornos em geral, estes são os campos de atuação dos primeiros artistas plásticos do Paraná: os índios. Embora diferente do trabalho feito nos séculos anteriores, o artesanato de agora ainda guarda boa parte da identidade de cada uma das quatro etnias presentes no Estado do Paraná, principalmente Guaranis e Kaingangs.
De acordo com o arquiteto João Adolfo Cabral Júnior que usou objetos indígenas na composição de uma sala de jantar na Casa Cor de 1995 a utilização da arte indígena é fácil e não possui regras. "Acho importante que a decoração feita com tais artigos use do contraste das peças com outras de estilos clássico ou contemporâneo. Essa mistura é que vai valorizar o ambiente e mostrar que a peça indígena também é chique", diz o arquiteto. Para Cabral Júnior, outro aspecto importante do trabalho indígena é sua raridade cada vez maior. "Ter uma peça dessa em casa é uma forma também de preservar algo que pode acabar e faz parte da história de todos nós", lembra.
Já a designer Fernanda Villas Bôas, que trabalha há seis anos com diversas tribos brasileiras, como os Wai-Wai, os Baniwa e os Caiapós, é da opinião que nem sempre o que é natural precisa ser rústico. Ela utiliza os topés (uma espécie de esteira trançada pelos índios) para aplicação em peças de design como bancos, mesas, bandejas, caixas e luminárias, todos em MDF. "A principal característica das minhas peças é que elas são contemporâneas. Com isso, elas ficam harmônicas em qualquer ambiente", explica Fernanda.
Segundo a antropóloga e arqueóloga do Museu Paranaense, Cláudia Parellada, em cada peça de cerâmica e cestaria, há um padrão geométrico, onde está a identidade não só da etnia, mas também da família do índio e o modo como ele vê o mundo a partir desta cultura. "Isso faz de cada objeto uma peça única", diz Cláudia. De acordo com ela, a identificação de traços específicos de cada família é complicado, mas é possível diferenciar o trabalho dos Guaranis da família linguística Tupi-guarani e dos Kaingangs da família da língua Jê por meio dos padrões geométricos. "O padrão dos Guaranis é simétrico, funciona como um espelho, cada linha reflete a outra. Já o desenho dos Kaingang traz linhas paralelas", afirma a antropóloga.
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