“O móvel do futuro estimulará as capacidades humanas”

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Para retratar o um quarto de século de fundação, a Flexiv, especializada em móveis de escritório, organizou a exposição 25 anos de Design Flexiv, paralela à Bienal Brasileira de Design 2010 Curitiba. Até 31 de outubro será possível conferir a trajetória de formação e produção da empresa curitibana.

Os móveis para escritório evoluíram, sofreram alterações nos materiais, ergonomia, disposição e fabricação, para acompanhar as inovações: chegada dos computadores, novas demonstrações de hierarquia no trabalho, novos problemas de saúde e interatividade. Em entrevista à Gazeta do Povo, o arquiteto e designer Ronaldo Dus­­­che­­­nes, presidente do conselho admi­­­nistrativo da Fle­xiv, falou sobre a exposição e quais foram as principais mudanças que presenciou no mobiliário de escritório, além de apontar algumas tendências. Leia os principais trechos.

Como se deu a evolução nos móveis de escritório e nos processos de fabricação?

Os móveis sempre evoluíram, mudaram. Com a entrada dos PCs (computadores pessoais), o mobiliário precisou mudar, principalmente de escritório. Os tampos grossos das mesas, que suportavam o peso da máquina de escrever, deram lugar a tampos mais finos, para acomodar o teclado. A profundidade da mesa aumentou, já que as telas eram caixas grandes. Nesse contexto, surgem as mesas em "L", que permitem que o usuário se encaixe no ângulo formado por ela, deixando a maior superfície destinada à tela e ao teclado do computador. A chegada do PC mudou a forma de trabalhar e trouxe novos problemas à saúde das pessoas, o que fez com que outras mudanças fossem necessárias. As mudanças nos níveis hierárquicos nos escritórios trouxeram móveis que permitem a conversa informal. A matéria-prima mudou. Hoje usamos materiais sustentáveis, MDB e MDF, madeira de reflorestamento. Temos tecnologias que permitem quase 100% de aproveitamento dos materiais.

Como os móveis de escritório se adaptaram para melhorar as condições de trabalho e evitar as novas doenças, conhecidas como lesões causadas por esforço repetitivo (L.E.R.)? Apenas uma boa ergonomia de cadeiras e mesas é capaz de sanar esse problema?

O tampo largo, para acomodar a tela, o teclado e os cotovelos, foi uma das mudanças. Isso pode ser conferido nas mesas em "L". O apoio dos braços é o mais importante. É possível resolver alguns desses problemas ajustando a altura da cadeira, mas é fundamental que exista um espaço para apoiar os braços, senão o peso entre o cotovelo e o ombro sobrecarrega os pulsos. Mas é preciso que a pessoa colabore, com uma postura correta, com a regulagem exata em cada caso.

Quais são as tendências para o mobiliário de escritório?

Móveis que conferem identidade visual ao escritório, que permitam a integração, a criatividade e a troca de ideias. Algo que permita que cada funcionário personalize seu espaço. Fizemos algumas pesquisas e percebemos que as pessoas criam "pequenos altares" em seus locais de trabalho, com fotos, estátuas, velas, protetores de tela. O mobiliário tem a capacidade de transformar o ambiente, deixá-lo mais agradável. Hoje, há painéis divisórios com imãs, nos quais é possível fixar fotografias, recados. É um elemento forte, que caracteriza o ambiente ao mesmo tempo em que suporta os ícones eleitos pelos funcionários. A tendência é que cada vez mais as mesas tenham essa característica. Tudo isso é feito com tecnologias e ma­­teriais sustentáveis. Sabemos que é possível fazer combustível com a cana. E o bagaço? Podemos en­­­­contrar uma solução para ele no mobiliário. Vamos usar tecnologia inteligente a favor da sustentabilidade.

Como o senhor visualiza o móvel do futuro?

Não vejo um móvel que parece ter saído do desenho Jetsons, que faz tudo pela pessoa. Acredito que o móvel do futuro não eliminará o esforço do homem, mas estimulará da melhor maneira as capacidades humanas. Um móvel durável que estimula o movimento e o pensamento, feito com materiais e tecnologias sustentáveis.

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Serviço

A exposição fica aberta até 31 de outubro no Showroom Flexiv da Rua Nilo Peçanha, 420, Bom Retiro. A entrada é gratuita. De segunda a sexta-feira, das 9 às 18h30 e aos sábados, das 10 às 13 horas. Informações: (41) 3322-9006.