Imóveis próprios, de um ou dois dormitórios e em residências horizontais. Este é o perfil de moradia da maior parte dos brasileiros, segundo o estudo Perfil Nacional – Comércio e Serviços Imobiliários, realizado pelo Sindicato da Habitação do Rio (Secovi Rio) e apresentado nesta terça-feira (17).
Contrariando o crescente movimento de verticalização registrado nos últimos anos, um dos dados que mais chama a atenção na pesquisa mostra que 89% dos brasileiros ainda moram em casas. São mais de 50,8 milhões de unidades, contra os 6,2 milhões de apartamentos, 10,8% do total. Na região Sul, 87,5% das moradias são horizontais (7,7 milhões de unidades) e 12,3% (1 milhão) correspondem a apartamentos.
Paraná lidera o déficit de moradias na Região Sul
O perfil das moradias curitibanas está alinhado às características levantadas pelo estudo realizado pelo Secovi- Rio. Segundo Marcos Kahtalian, consultor Sinduscon-PR, o número de domicílios próprios na capital é de 72%, porcentual bastante próximo ao das médias nacional e da região Sul. “Este é um número positivo. Ainda assim, temos 134 mil famílias que moram de aluguel em Curitiba, número significativo para o mercado”, diz.
Mesmo com a maioria da população morando em casas, o número de domicílios verticais ocupados na cidade, 27%, é mais do que o dobro do registrado no país. Kahtalian acrescenta que em Curitiba, como em outras capitais, o número de licenciamentos verticais já ultrapassa o de habitações horizontais. “Com isso, começa a ocorrer uma mudança de padrão, uma vez que em 2009 o número de liberações para residenciais horizontais era maior”, avalia.
Descompasso
A elevada oferta de novos empreendimentos nos últimos anos não foi suficiente para reduzir o déficit de moradias no Paraná, que é de 249 mil unidades e coloca o estado à frente dos vizinhos da região Sul. Kathalian explica que esta não é uma demanda relacionada ao mercado imobiliário típico, mas sim voltada aos imóveis de habitação popular. “O processo de desigualdade econômica gera uma demanda fortíssima e inegável, principalmente para os imóveis enquadrados na faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida.
Marcos Kahtalian, consultor do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR), explica que isso se deve ao fato de a verticalização ser um processo recente, ainda concentrada nos centros urbanos. “A participação das moradias nos condomínios verticais tem avançado nos últimos anos na medida em que as cidades crescem e ficam mais adensadas. Este é um fenômeno bem marcado na evolução histórica e que vai perdurar na próxima década”, avalia Pedro Wähmann, presidente do Secovi Rio e coordenador da Câmara Brasileira de Comércio e Serviços Imobiliários. Em todo o país, os empreendimentos de moradia coletiva cresceram cerca de 23% nos últimos sete anos.
Menos quartos
A fragmentação e o rearranjo familiar também têm tido reflexos sobre as moradias brasileiras. Cada vez menores – no Paraná, por exemplo, o número médio de moradores por domicílio é de 3,2 –, as famílias demandam menos quartos nos imóveis. Isso faz com que quase metade das habitações do país seja composta por residências de dois dormitórios. Domicílios de um quarto, por sua vez, representam 29% do total, o equivalente a 16,7 milhões de unidades. “O próprio estilo de vida das famílias, com o casal trabalhando e passando o dia fora, faz com que prefiram morar em uma unidade menor e mais central, que é mais fácil de administrar e facilita o deslocamento”, explica Kahtalian.
Sonho realizado
Também chama atenção o fato de que mais de 73% do total de residências é de propriedade do morador – imóveis quitados ou em aquisição. A locação aparece na segunda posição, representando 18% das unidades, e vem ganhando força pelos movimentos de migração interna relacionados ao trabalho ou aos estudos. “Mais do que o sonho da casa própria, temos que discutir e evoluir o sonho da moradia digna, que muitas vezes passa pela locação de imóveis”, aponta Wähmann.
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