Da esq. para a dir. : projetados pelo arquiteto Luiz Bacoccini e pelos escritórios Dória, Lopes Fiuza e Realiza Arquitetura, edifícios com fachadas arrojadas conversam com a paisagem urbana| Foto: Fotos: Diego Pisante/ Gazeta do Povo; Divulgação e Divulgação

Especificação

Fachada deve seguir normas técnicas

Lançada em 19 de fevereiro desse ano pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a norma técnica 15.575 passa a valer para todas as construções a partir do próximo dia 19 de julho. O documento, que determina as normas de desempenho das edificações, pode ser determinante também para as fachadas dos empreendimentos, de acordo com o arquiteto Frederico Carstens, diretor da Realiza Arquitetura. "Estamos em um momento bem específico e as novas construções terão de seguir aspectos mínimos de conforto térmico, acústico, segurança e durabilidade. Isso vai influenciar na escolha dos materiais para as fachadas". Segundo Carstens, com a vigência da norma, a qualidade e a durabilidade dos materiais do revestimento serão questionadas antes mesmo da construção. "Teremos condições de desempenho para minimizar as patologias das construções", comenta. A regra também deverá levar fabricantes a oferecer novos materiais para revestimento.

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Detalhe do edifício comercial Curitibano Prime Center, pelo arquiteto Luiz Bacoccini: desenho arrojado
Edifício Curitibano Prime Center, pelo arquiteto Luiz Bacoccini: marcante, a fachada equilibra diferentes formatos e materiais
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Se o hall de entrada é o cartão de visitas, a fachada dá a "cara" do edifício. Ela precisa equacionar o impacto visual a especificações técnicas e ambientais. O rosto do empreendimento carrega, ainda, a responsabilidade de interagir harmonicamente com a paisagem urbana.

Confira mais imagens de fachadas

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Para alcançar um bom resultado, o projeto arquitetônico soma a estética – conectada ao perfil do empreendimento – às características do imóvel e escolha de materiais. Em geral, as decisões são pautadas pelo padrão e localização do prédio. O material da fachada influencia custos posteriores do condomínio.

Entre tintas, texturas, cerâmicas, porcelanatos, vidros, pedras naturais e artificiais, as opções são bastante variadas. Em alguns casos, os elementos se misturam para criar uma composição. "O revestimento está ligado ao padrão da construção. Em um imóvel popular, por exemplo, a construtora não vai abusar de vidros, que têm custo alto", comenta o gerente de produto da construtora Thá, Valdecir Scharnoski.

"É preciso equilibrar o conceito do imóvel e, portanto, sua fachada, com o custo da obra e o valor de comercialização das unidades", aponta Scharnoski. Nem sempre essa equação é regra. "Em um edifício com referência arquitetônica clássica e de alto padrão, a textura, que é o revestimento mais barato, cai muito bem", comenta.

Variedade

A pastilha cerâmica é bastante utilizada por questões estéticas e financeiras. Na década de 90, a produção desse material aumentou devido à demanda e o custo caiu. "Pastilha foi uma tendência forte e ainda é muito usada, porque tem várias cores e tamanhos", explica o arquiteto Luiz Bacoccini. "A variedade permite criar um visual menos chapado", completa o arquiteto Filipe Bender.

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Conforto térmico e acústico são importantes. "Há casos em que diferentes faces do mesmo prédio têm materiais diversos devido à incidência de sol", explica Bender. Ele diz que, por ser mais sensível à temperatura, o vidro pode não ser a melhor opção, embora esteja em alta em projetos contemporâneos, com resultado estético impactante.

"Hoje temos uma infinidade de materiais e o arquiteto tem uma margem grande para compor uma fachada agradável e criativa, que valorize o empreendimento e deixe a cidade mais bonita", diz Luiz Bacoccini, que projetou o edifício comercial Curitibano Prime Center, no Água Verde. A fachada inova na mistura de materiais e tem desenho sofisticado, com elementos que lembram esquadros e compassos. "Trabalhamos formas e volumes com vidro combinado a elementos de alvenaria texturizados", observa. "A construtora queria valorizar a plástica da fachada para dar o tom do empreendimento".

Desafio

Bacoccini diz que o esforço do arquiteto é criar uma montagem que não fique cansativa com o tempo. "Temos esse desafio. Se não trabalharmos a fachada, em algum momento todos os edifícios serão iguais. Valorizar a face do empreendimento pode custar mais, mas as construtoras ganham, mostrando o conceito do imóvel e criando um marco para a cidade", afirma.

Ele acredita que a preocupação com a paisagem urbana já se reflete nas novas construções. "A tendência é que as fachadas fiquem mais arrojadas e únicas. Isso chega aos fornecedores, que vão oferecer novos materiais e elementos".

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Materiais

Veja os revestimentos mais utilizados nas fachadas

Pintura e textura: A opção por tinta acrílica é a mais barata. Mas não é a que tem a maior durabilidade. O reboco, protegido apenas pela camada de tinta, pode sofrer fissuras. De acordo com os arquitetos, a pintura tem de ser refeita a cada três anos.

Revestimento cerâmico: São as pastilhas e outras peças cerâmicas de tamanhos maiores. A relação custo-benefício é interessante, pois a manutenção costuma levar de 10 a 15 anos para ser feita. Esse tipo de material exige cuidado redobrado com o rejuntamento, durante a aplicação, para evitar infiltração e descolamento da placa cerâmica.

Pedra: É uma opção duradoura, mas deve-se evitar granito e outras pedras de aspecto poroso, pois a fachada pode ficar com aspecto de umidade constante.

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Vidro: Deve ser do tipo específico para constar na fachada, pois precisa conferir conforto térmico e luminosidade para o interior dos ambientes. Exige manutenção periódica e limpeza constante.

Chapa de metal: As chapas podem ser usadas montadas ou dobradas. Geralmente são utilizadas para compor formas. É um material durável e costuma ser combinado a outros elementos.

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