Vinte e seis arquitetos entre os bem conhecidos, como Lolô Cornelsen e Lubomir Ficinski, até os mais restritos ao círculo profissional e acadêmico, como José Genuíno de Oliveira e Mirna Cortopassi Lobo e muitos fatos ligados à construção e ao desenvolvimento da capital paranaense: o livro Memória do Arquiteto é um prato cheio para quem quer conhecer pessoas e histórias por trás de projetos icônicos de Curitiba, como a Ópera de Arame, o Prédio da Telepar, o Teatro Guaíra e a Biblioteca Pública do Paraná.
O livro é o resultado de um projeto capitaneado pelo arquiteto João Virmond Suplicy Neto. Na presidência do Instituto de Arquitetos do Brasil seção Paraná (IAB-PR), nos anos 90, Suplicy organizou uma série de palestras com os mais importantes profissionais do Paraná. A compilação das palestras dos 26 arquitetos, organizada pelas arquitetas, professoras e pesquisadoras Andréa Berriel e Juliana Suzuki, compõe o conteúdo do livro, junto a fotos de edificações e projetos. A obra, que sai com o selo da Editora UFPR, foi lançada na semana em que se comemorou o Dia do Arquiteto e Urbanista, o 15 de dezembro.
Passeio Público
O livro traz detalhes saborosos e desconhecidos do grande público. Domingos Bongestabs, que foi trabalhar na prefeitura no começo da década de 60, conta que teve muita sorte, pois logo de início "ganhou de presente" a realização de obras de melhoria no Passeio Público.
"O primeiro projeto ninguém esquece", conta Bongestabs, referindo-se a uma ponte de concreto feita no Passeio.
Ele também projetou o palco flutuante, a sede administrativa e o restaurante Lá no Pasquale, dentro do Passeio Público. Outras obras de Bongestabs, algumas em conjunto com outros profissionais, são as praças 29 de Março e Afonso Botelho, a Universidade Livre do Meio Ambiente e a Ópera de Arame. No livro, ele conta que os troncos de madeira tratada, utilizados na construção da Universidade do Meio Ambiente, são os mesmos usados como postes para eletrificação rural.
Lata de fermento
Jaime Lerner, por sua vez, relata em palestra descontraída que sonhava ser arquiteto desde criança, quando ficava observando, fascinado, as formas geométricas desenhadas nos ladrilhos da loja do pai e o rótulo da lata de Fermento Royal.
O ex-prefeito e ex-governador narra detalhes pouco conhecidos de sua carreira, como o estágio em Urbanismo na França, em 1962, que deu a ele a possibilidade de imergir na cultura europeia e conhecer a construção do pós-guerra.
Lerner conta que, ao retornar a Curitiba, ainda estudante de Arquitetura, foi chamado pelo então diretor do departamento de urbanismo da prefeitura para conversar. Dele, Lerner ouviu que "em Curitiba não dá para fazer urbanismo porque não temos recursos para desapropriação". Segundo Lerner, em 1964 "havia um projeto de alargamento de ruas no centro e estreitamento de mentalidade. Perderíamos boa parte da memória de Curitiba, não fosse o movimento dos estudantes de arquitetura e dos professores".
Desenhando para viver
Da história pessoal de figuras como José Sanchotene, nome respeitado e professor de muitas gerações de arquitetos, emergem detalhes pessoais curiosos. O gaúcho Sanchotene lembra que, ao se mudar para Curitiba em 1958, ainda adolescente, foi trabalhar como vendedor, mas desanimado com as dificuldades da carreira, começou a desenhar móveis. Um cunhado o levou, então, para trabalhar na Construtora Taba, sem remuneração mas Sanchotene aproveitou a oportunidade dentro da empresa para aprender desenho arquitetônico e conhecer estruturas de concreto armado.
Os desenhos, bem feitos, o levaram a um empego na Construtora De Mari como projetista logo o rapaz estava desenhando o projeto do Iate Clube de Caiobá, tendo o Iate Clube da Pampulha, de Oscar Niemeyer, como referência. "Com o livro do Niemeyer comecei a me interessar por arquitetura e ver aquilo como um caminho", relembra Sanchotene. Ele foi aluno da primeira turma do curso de Arquitetura da UFPR, criado em 1961.
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