Um dos projetos especiais da Casa Brasil, o seminário internacional "As Várias Faces do Design", reuniu nomes nacionais e internacionais, entre eles Tom Dixon, para discutir o setor e suas tendências. Ex-músico e designer britânico autodidata, Dixon é vencedor de vários prêmios e dono de coleções em permanente exposição no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMa), no de São Francisco e no Victoria and Albert Museum de Londres. O profissional elogiou a infinidade de matérias-primas naturais disponíveis no Brasil e criticou a mania de se trazer tudo de fora sem mesclar as tendências externas com as internas, como a música do país já tem feito há anos.
Gazeta do Povo Você já usou alguma inspiração brasileira nos seus trabalhos?Tom Dixon Sim. A arquitetura brasileira dos anos 50 e 60, a "arquitetura do concreto", com as linhas e formas de Oscar Niemeyer. Todo o lugar em que você vai no Brasil há um estilo único e tropical de modernismo e acho isso muito interessante.
Você classifica o design brasileiro como confortável, como é isso?É bom ver algo que tem a cara do Brasil, como o jeito confortável de ir à praia. Infelizmente aqui (na feira Casa Brasil) eu acabo vendo muito a Europa, muitos trabalhos tentando ser "italianos" ou "ingleses" e assim por diante. Mas na arquitetura eu vejo uma originalidade brasileira.
Como procurar pela identidade em um mundo globalizado e em um país tão cheio de influências como o Brasil?Se você olhar a música do Brasil verá combinações únicas de portugueses, negros, índios, e por aí vai. É possível transferir essas combinações para o design. Isso é o que eu fiz na Inglaterra, eu peguei a liberdade de quando era músico e apliquei nos móveis. Há uma mistura única no Brasil que está nos rostos das pessoas, na música e em alguns elementos da sociedade. Tudo isso pode ser posto junto com uma sensibilidade muito forte. Eu vejo isso na arquitetura e nos móveis dos anos 50 e 60 daqui, com madeiras tropicais e couro. Hoje, você não vê muito disso, mas um desejo de ter um estilo europeu. O que existe aqui é muito parecido com o que havia na Inglaterra há alguns anos atrás. Os designers estavam concentrados em Londres enquanto a indústria local não estava nem dentro do país, mas na Itália. Foi preciso preencher esse vazio. É preciso haver uma concentração maior dos designers onde as indústrias estão ou onde o artesanato está, com todos os recursos que vocês têm aqui na natureza, para que haja a produção de coisas originais.
Considerando o grande número de criações, ainda é possível fazer coisas novas?Hoje é possível fazer novas coisas brasileiras! Vocês são uma nação jovem e orgulhosa que não precisa ficar olhando os europeus ou os americanos para serem originais. E se vocês não fizerem isso logo, eu mesmo farei.
Qual o futuro do design para você?Essa é uma pergunta difícil! Mas acredito que o futuro do design não está nas formas mas sim em como pensar todo o processo, a razão pela qual os objetos existem e como transportá-los pelo mundo, como explicá-los. Assim como na Economia e na Engenharia, para ser um bom designer será preciso pensar em tudo isso.
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