Adaptações
Confira algumas sugestões para ambientes utilizados por idosos:
- A mesa de refeição deve ter entre 71 e 74 centímetros de altura, ou de 76 a 79 centímetros, caso sejam usadas por cadeirantes. Dê preferência a móveis de cantos arredondados e de estrutura firme, porque os idosos costumam utilizar as mesas como apoio ao se levantar.
- As cadeiras devem ter braços com altura entre 18 e 20,3 centímetros a partir do assento, para proporcionar estabilidade e descanso apropriado para a coluna.
- Opte por cadeiras mais altas, que facilitam o ato de se levantar, caso a pessoa tenha dificuldade de movimento ou fraqueza nas pernas.
- Deixe as áreas de passagem livres de móveis, bem como o acesso às janelas, para possibilitar melhor visualização das áreas externas.
- Evite pisos com muitos desenhos, estampas ou cores, porque dificultam a percepção de profundidade, e prefira sempre os antiderrapantes.
- Tapetes soltos, mesmo com borrachas antiderrapantes ou prendedores de pontas, devem ser evitados por representar um risco para pessoas com distúrbios de equilíbrio e ao caminhar.
- Os interruptores devem ser colocados ao lado das portas e contrastar com a cor da parede para facilitar a localização.
- Utilize luzes noturnas indiretas em corredores e no acesso aos banheiros.
- As portas devem ter, no mínimo, 90 centímetros de largura e não devem abrir para áreas de circulação. Nos banheiros, dê preferência para portas de correr ou que abram para fora, evitando que fique obstruída em uma eventual queda do usuário.
- A presença de escadas deve ser acompanhada de corrimão em toda sua extensão, dos dois lados, e os degraus devem ter tamanho suficiente para acomodar bem os pés.
- Considere a possibilidade de substituir degraus pelo uso de rampas, com inclinação recomendada que varia entre 8,33% e 5%, e com guarda-corpo sempre presente.
Fonte: Monica Rodrigues Perracini, fisioterapeuta e doutora em Ciências da Reabilitação pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Ao desenvolver um projeto, os profissionais de arquitetura e decoração costumam levar em consideração as exigências e desejos específicos de cada cliente. No caso dos idosos, o planejamento ou adaptação dos ambientes residenciais precisam estar diretamente ligados às necessidades de assistência e capacidades físicas e sensoriais que diminuem com o passar do tempo, mas de modo que promovam a independência e autonomia do morador.A fisioterapeuta e doutora em Ciências da Reabilitação pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Monica Rodrigues Perracini diz que o processo de mudanças na estrutura da moradia pode envolver várias etapas, bem como a integração de profissionais de diversas áreas, como arquitetura, terapia ocupacional, fisioterapia e outros médicos que atendam a situações específicas. Segundo ela, as modificações vão além da retirada de tapetes, colocação de barras de segurança no banheiro ou elevação de vasos sanitários, itens disponíveis em documentos de normatização técnica.
Monica ressalta que é fundamental que se leve em consideração as necessidades individuais atuais e estimadas para o futuro de cada pessoa, eliminando fatores que causem insegurança, ofereçam riscos, deixem o acesso restrito, limitem o desempenho ou causem desconforto. "As recomendações não têm uma idade definida para acontecer e dependem muito das condições de saúde do idoso, mas diria que especialmente a partir dos 75 anos. Muitos idosos de 60 a 65 anos são considerados jovens e apresentam poucas dessas alterações", aponta a fisioterapeuta.
Adaptações
O arquiteto Gustavo Pinto desenvolveu o projeto de uma residência, que está em construção, para um casal, ambos com 74 anos. O imóvel terá espaços mais amplos, com uma área total de 320 metros quadrados, menor do que os atuais 500 metros quadrados onde vivem. "Nesta fase da vida não há necessidade de muitos cômodos porque geralmente não há muitos moradores na casa, mas não pode ser pequena, porque costumam receber muitas pessoas", explica o arquiteto. Para a proprietária Nair Canhizares, a aquisição da nova residência foi a oportunidade de personalizar conforme as necessidades que estão surgindo com o avanço da idade. "A presença da escada e as portas muito estreitas são alguns fatores que atrapalham. Se por algum motivo fosse preciso utilizar cadeira de rodas, não passaria nos vãos. A casa nova será toda adaptada", comenta.
Para a passagem das portas, o arquiteto trabalhou com largura mínima de 90 centímetros. No piso, a indicação é de materiais que não sejam muito lisos e, no caso de antiderrapantes, é importante que não sejam de difícil limpeza e conservação, comum nesse tipo de acabamento. Uma solução, por exemplo, seria o uso de porcelanato natural em vez do polido.
A distribuição dos móveis, sempre com cantos arredondados, evita choques e machucados mais graves e deve privilegiar a circulação no espaço. A iluminação, de acordo com o profissional, merece atenção especial. "A residência precisa ser clara, mas com certo controle de luz, para que a reflexão do sol não seja muito forte e não atrapalhe as atividades diárias."
Bernadette Maria Laura Dobignies, instrutora do curso técnico em Design de Interiores do Senac, lembra ainda que os acessos devem ser fáceis e com bom fluxo, porque muitas vezes os idosos precisam ficar sob o cuidado de outras pessoas. "É necessário prever situações em que há um acompanhante auxiliando na passagem de uma porta ou corredor, seja com o uso de uma cadeira de rodas ou não. Outro ponto importante e que muitos esquecem é o fácil acesso à ambulância na área externa e de macas dentro da residência. Uma circulação bem dimensionada pode facilitar o atendimento, fazendo toda a diferença em casos de emergência." Bernadette está concluindo o projeto de um imóvel com 500 metros quadrados, no qual foram utilizados recursos de melhor acessibilidade, como a presença do elevador, escada com 1,30 metro de largura, e corredor de 1,10 metro, maior que o habitual de 70 a 80 centímetros. "Diminuimos um pouco o tamanho do quarto, sem prejuízo à funcionalidade, para melhorar o fluxo na área de circulação", explica.
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