Anna Paula Gomes, do Cedap: uso de ferragens inadequadas é a causa da má fama das chapas de madeira| Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo

Sopa de letrinhas

Entenda as características de cada tipo de placa de madeira.

Aglomerado

O aglomerado é um painel feito com cavacos de madeira – pedaços oriundos da picagem ou destroçamento do material maciço – e não de resíduos industriais, como as outras placas. Tem má fama porque era utilizado com ferragens usadas para a madeira maciça. O aglomerado pode ser usado em portas, laterais de móveis, gavetas e prateleiras, porém, indica-se manejá-las com as ferramentas específicas para o material. O aglomerado tem menores chances de empenar, porque recebe menos pressão durante a fabricação. Mas não suporta tanto peso quanto as outras placas.

Compensado

Os painéis compensados são formados por lâminas de madeira sobrepostas e cruzadas, unidas por adesivos e resinas por meio de pressão e calor. O uso do compensado é feito em móveis e painéis divisórios. O produto é fabricado no Brasil desde a década de 1940. Na chapa, uma lâmina compensa as tensões no sentido contrário da outra. Por isso, ao receber peso, as fibras o distribuem melhor, se tornando mais estável. Apesar de ser resistente e durável, o compensado é mais caro e menos sustentável, porque não é feito de resíduos industriais.

MDP

A sigla vem de medium density particleboard (painel de partículas de média densidade). O painel é feito de madeira reconstituída. As partículas são posicionadas de forma diferenciada, com as maiores dispostas ao centro e as mais finas nas superfícies externas, formando três camadas. São compactadas entre si com resina sintética, por meio da ação de calor e pressão. As partículas são provenientes de pinus e eucalipto. Entre as características desse material está a estabilidade e resistência a fixação de ferragens. Suas principais aplicações são portas retas, laterais de móveis, prateleiras, divisórias, tampos retos, base e laterais de móveis e gavetas. As placas de MDP, por levarem micropartículas em sua composição, não podem receber usinagem e entalhes profundos.

MDF

O medium density fibeboard (painel de média densidade) é composto por fibras de madeira aglutinadas e compactadas com resina sintética por meio de pressão e calor. Os pedaços que compõe a chapa são maiores que as partículas que compõem o MDP e o aglomerado. O uso do MDF é, em sua maioria, para emprego em peças frontais e fundos de móveis, além de laterais e fundos de gavetas. No Brasil, a produção do MDF começou em 1997. Entre as vantagens, se destaca a possibilidade de usinagem e entalhes, boa resistência na aplicação de ferragens e alta resistência a empenamentos.

HDF

O high density fiberboard (painel de fibras de alta densidade) passa por um processo de fabricação semelhante ao do MDF. A diferença é a maior pressão aplicada durante a fabricação. O HDF é um painel industrial homogêneo, com excelente estabilidade dimensional, de superfície uniforme, lisa e de alta densidade e geralmente de espessuras finas. As duas faces da placa são lisas, permitindo a usinagem. É indicado para a fabricação de móveis residenciais e corporativos em fundo de armários e gavetas, para embalagens de produtos de diversas indústrias, artesanatos em geral e brinquedos. Na construção civil é utilizado em pisos laminados, divisórias e portas. O HDF também é usado em artesanato e na produção de brinquedos.

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Eveline e André Ceccatto: mão na massa para montar os móveis da casa
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Pode conservar e guardar com carinho os móveis pesados e de madeira maciça da casa da sua avó. Eles serão, cada vez mais, uma raridade no mercado. Além de caros, pesados e de dependerem de muito trabalho para se tornarem mesas, armários e cristaleiras, os móveis feitos com madeira maciça são ecologicamente inviáveis.

Em vez de derrubar árvores para produção moveleira, a indústria passou a usar pedaços do material e sobras do processo industrial para compor chapas com características semelhantes às das placas de madeira maciça para a produção da mobília. "As placas sempre são feitas com material reaproveitado. Esse movimento começou na década de 1970 e hoje em dia as placas mais usadas são os compensados e o MDF", explica a designer Anna Paula Gomes, professora do Centro de Educação Profissional de Design, Artes e Profissões (Cepdap).

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As placas de madeira têm fama ruim, mas a designer explica o motivo. "Quando as empresas começaram a usar as chapas para montar móveis, continuaram usando as ferragens específicas para madeira. O material das chapas não é tão duro e depende de pregos e dobradiças específicas, senão estraga." Se a ferragem apropriada for usada, a placa de madeira industrializada e a maciça não possuem diferenças tão gritantes.

"Tanto a placa quanto a madeira maciça empenam, não podem pegar umidade ou muito sol e estão sujeitas a cupins", aponta Anna Paula. Por isso, o cuidado com móveis de madeira maciça ou placas é praticamente o mesmo. "Você precisa evitar que os móveis adquiram focos de mofo, então é melhor fugir de lugares úmidos. Se há cupim em algum outro móvel da casa e você leva um mobiliário novo para o mesmo lugar, ele está propenso a receber o inseto", completa.

Nas cozinhas e banheiros ou ambientes comerciais e residenciais sujeitos à umidade é necessário usar um painel com proteção contra umidade. "Dessa forma, o material fica convenientemente protegido. Para os móveis de forma geral, todos os painéis devem ser empregados em ambientes secos e livres de umidade excessiva, sem interferência de água", comenta Rosane Donati, superintendente executiva da Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (Abipa).

Para evitar problemas com a umidade, Anna Paula indica evitar fundos de móveis e usar pias do banheiro e cozinha suspensas. "Essa é uma estratégia para aumentar a durabilidade dos móveis, porque depois que a mobília está mofada, não tem há o que fazer", diz.

Além da correta montagem e aplicação de ferragens a limpeza das placas de madeira também é um fator que influencia na durabilidade dos móveis. De acordo com Rosane, ela deve ser feita com pano limpo e macio, seco ou levemente umedecido com água e sabão neutro. "Não devem ser utilizados abrasivos como palha de aço e objetos cortantes. Para remoção de manchas, o melhor é usar um pano levemente umedecido com solução de álcool e água em partes iguais", ensina.

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Personalizar é mais fácil com o material certo

Mandar fazer os móveis sob medida para os cômodos da casa está nos planos de muita gente. Eles serão feitos das placas de madeira, que vão do aglomerado ao MDF. Além de recorrer às empresas especializadas e profissionais do ramo, há mais uma alternativa para a confecção das estantes, mesas e armários. Como as placas de madeira são fáceis de manusear, mandar fazer as placas do tamanho necessário e encomendá-las diretamente com as fabricantes pode ser uma boa opção.

"Para fazer um painel da parede ou uma estante no formato que você quiser, é possível pedir a chapa com o revestimento predileto, com as medidas necessárias e usar a criatividade", comenta a designer Anna Paula Gomes. Tintas, tecidos, pastilhas de vidro e todo tipo de material podem ser usados para fazer o revestimento da placa e essa facilidade propicia a personalização. "Com as ferramentas certas, é possível até desenhar e montar o próprio móvel", confirma.

Essa facilidade animou o casal de economistas Eveline e André Ceccatto a uma iniciativa ousada. Eles decidiram encomendar as placas e montaram os móveis da casa inteira. "Nós íamos fazer mudança e começamos a sondar os preços para móveis sob medida para a casa inteira. Os orçamentos variavam entre R$ 20 mil e R$ 25 mil. Começamos a ver que existiam ferramentas disponíveis nas lojas e resolvemos fazer o esquema do que queríamos. Encomendamos as chapas e montamos os móveis", conta. Foram 15 dias de trabalho pesado, mas investimentos leves: a soma das chapas para todos os móveis e das ferragens usadas ficou em R$ 7 mil. "Deu trabalho, mas compensou, porque escolhemos o melhor puxador, o melhor calceiro, a melhor maçaneta", aponta.

"O que pagamos é a mão de obra, que realmente é um trabalho minucioso", comenta Eveline. Mas depois de dois anos com os móveis em casa, o casal aponta que os defeitos e problemas com armários e mesas são os mesmos enfrentados com móveis comprados em lojas. "Vemos alguns problemas decorrentes da montagem e outros, como finalização das chapas e acabamento", completa.

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