Os pombos que habitam o Centro de Curitiba incomodam principalmente quem tem ou aluga um imóvel na região. Além das praças, a ave ocupa também os terraços, parapeitos e telhados de casas e prédios. "Embora não se tenha a quantidade exata de pombos, é evidente que há uma superpopulação, que não é um problema exclusivo de Curitiba", diz o presidente da Comissão de Zoonoses e Bem-estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRVM), Paulo Guerra. Ele explica que os pombos se adaptam prontamente a um ambiente que ofereça condições básicas para sua sobrevivência, com oferta de abrigo, alimento e água. "Os beirais e parapeitos simulam o habitat natural destas aves em rochas e penhascos", comenta.
O engenheiro civil especialista em manutenção predial, Paulo Asinelli, afirma que as fezes dos pombos são ácidas e corroem o calcário das construções, desvalorizando o patrimônio. Já as penas e ninhos dos animais provocam o entupimento das calhas.
Para impedir que as aves pousem nos prédios, uma dica de Asinelli é colocar barreiras físicas, como espículas (espécie de hastes pontiagudas). "Há também locais em que são utilizadas redes ou fios tensionados, ideais em parapeitos e andares altos", indica.
Caso as aves estejam entrando em sacadas ou varandas, pode-se borrifar, a cada três ou quatro dias, formalina a 10% (90 mililitros de água para 10 mililitros de formol), de acordo com Guerra.
Deve-se atentar ainda para os locais onde as aves fazem os ninhos para fechá-los com telas. Telhas quebradas ou frestas na estrutura da cobertura favorecem a entrada dos animais no forro e devem ser fechados. Os aparelhos de ar-condicionado podem ser cobertos com redes de poliuretano em sua parte externa, para evitar que os pombos façam seus ninhos.
"Mantenho a minha sacada sempre limpa e estou providenciando uma tela para eliminar de vez o problema, mas o apartamento ao lado do meu está abandonado há mais de um ano e ninguém faz a limpeza. O mau cheiro e a sujeira incomodam bastante", relata o fisioterapeuta aposentado Antonio Sanches, morador dos arredores da Praça Rui Barbosa.
Casos como este devem ser reportados ao Centro de Controle de Zoonoses e Vetores (CCZV) da Secretaria Municipal de Saúde, órgão responsável pelo controle e fiscalização. "Os proprietários ou ocupantes de imóveis têm a obrigação de manter os ambientes limpos e livres de animais sinantrópicos, seguindo o Código de Saúde Estadual (lei estadual 13.331/2001)", lembra o coordenador do CCZV, Juliano Ribeiro.
As denúncias devem ser feitas por meio da Central 156 da Prefeitura. "Recebemos anualmente cerca de 200 solicitações envolvendo pombos. Mas quando o imóvel está fechado, só podemos entrar para proceder a limpeza, com autorização judicial, o que acaba dificultando a solução com rapidez", diz.
Para Guerra e Ribeiro, o principal entrave para resolver a questão da superpopulação de pombos é a oferta abundante de alimentos. "Pombos são generalistas, comem chicletes, pipoca ou resto de comida. Oferecer alimento aos pombos contribui para a alta reprodução e manutenção de animais mais fracos e doentes que seriam eliminados naturalmente no ambiente selvagem", diz Guerra.
Ele ressalta que não existe uma solução de curto prazo e que o extermínio, além de ser uma agressão aos animais, seria paliativo e de curta duração. "Se não houver cuidados para eliminar as fontes de alimento e os abrigos, outros pombos serão atraídos", afirma.
Cuidados
O principal perigo da convivência entre homem e pombos é a transmissão de doenças. "As fezes secas e endurecidas, que se acumulam em forros e varandas, servem de substrato para fungos, causadores de doenças que comprometem o aparelho respiratório, como Histoplasmose (infecção pulmonar causada por fungos) e Ornitose (infecção pulmonar aguda), e até o sistema nervoso central, caso da Criptococose (doença que provoca inflamação no cérebro e meninges)", alerta.
A estudante Juliana Figueiredo Casanova conta que há um ano e meio mora em um apartamento na Rua Senador Alencar Guimarães. "Toda vez que faço a limpeza do terraço, tenho medo de ser contaminada."
Segundo o coordenador do CCZV, ao limpar a sujeira dos pombos é preciso proteger o nariz e a boca com máscara ou pano úmido e usar luvas, além de utilizar solução desinfetante à base de cloro. "Como a transmissão ocorre através da inalação de poeira contaminada, o mais importante é umedecer bem as fezes antes de limpá-las", recomenda Ribeiro.
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