Reaproveitamento
ONG promove oficinas
Retirar do lixo um material que leva mais de 600 anos para se decompor e ainda realizar um trabalho social em comunidades menos favorecidas. Essa é a ideia da ONG Arte Em Pneus, de São Paulo, que desde 2001 produz diversos móveis como bancos, cadeiras e mesas e outros objetos, como vasos e floreiras, utilizando os pneus como matéria-prima. "Nosso objetivo é conscientizar as pessoas sobre o reaproveitamento de materiais e redução do consumo de resíduos sólidos", diz um dos coordenadores, Daniel Arenas.
Ele explica que os pneus são doados ou coletados e o processo de fabricação dos ecomobiliários é artesanal. "Aplicamos a borracha explorando o ecodesign, utilizando poucas ferramentas no processo de confecção. Quanto mais simples melhor. As formas muitas vezes se adaptam as necessidades do utilitário a ser criado."
Mais do que conscientização ambiental, a prática é também um serviço social. A ONG desenvolve trabalho em comunidades carentes, oferecendo oficinas sobre esses processos aos moradores. "Nossas atividades estão mais focadas em São Paulo, mas já realizamos ações no Rio Grande do Sul, Bahia, Manaus e Tocantins", conta Arenas.
O que é lixo para alguns, pode ser uma rica fonte de inspiração para outros. Em época em que a palavra de ordem é sustentabilidade (conceito que define práticas que, entre outros fatores, protejam o meio ambiente), os materiais recicláveis estão sendo cada vez mais usados por designers, artistas e artesãos também na construção de móveis e objetos de decoração. Com muito estudo e consciência ecológica, resíduos como garrafas pet, papel e pneus se tranformam em cadeiras, poltronas, futons e mesas.
Em Curitiba, os irmãos Adílio e Adeildo Santos dão vida à célebre frase do químico francês Antoine Lavoisier: "na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." Donos da empresa Paper.Art, desde 2006 transformam materiais como papel e garrafas pet em móveis que mais parecem objetos de arte. Embora não tenham formação em design de produtos Adílio era marceneiro e Adeildo trabalhava com publicidade os irmãos têm traço apurado. "Antes de iniciar um projeto estudamos muito a estrutura do material que vamos utilizar e a sua resistência. Nossa ideia não é apenas fazer um móvel bonito. Queremos criar algo funcional", explica Adílio Santos.
A opção pelos materiais recicláveis veio com a consciência ambiental dos dois artistas. "Desenvolvemos produtos procurando impacto zero ao meio ambiente. Nossos móveis são feitos com materiais alternativos e reaproveitáveis. Mesmo quando o dono não o quiser mais, poderá virar outra coisa", comenta Adeildo Santos.
A principal matéria-prima dos móveis da Paper.Art é o papel. Em diferentes consistências, pelas mãos dos artistas já virou móveis inteiros, como a Cadeira Brasil um dos destaques no ateliê da dupla, no bairro Bom Retiro. "A única coisa além do papel foi a tinta que utilizamos, que é à base dágua e não agride a natureza". Para os mais desconfiados, Adeildo vai logo avisando. "Utilizamos em grande parte dos nossos móveis impermeabilizante ou verniz ecológico. Isso garante a durabilidade, mesmo quando expostos à chuva", diz.
Junto ao papel, os irmãos já exploraram materiais como garrafas pet em luminárias e como estofamento de poltronas e chaises, amarras de algodão em chaises e lonas em cadeiras e poltronas. O processo de construção dos móveis ainda é artesanal, mas o público, definem os profissionais, está começando a se expandir. "Hoje vendemos mais para as empresas, mas percebemos que as pessoas também estão começando a se interessar por esse tipo de design", conta Adílio Santos.
Futons sob garrafas
Que tal um confortável futon feito com garrafas pet? A combinação que pode parecer exótica foi a solução encontrada pelo casal Eduardo e Virgínia Cabral, da Biofuton, do Rio de Janeiro, para continuar produzindo o mobiliário, mas reduzindo o impacto ambiental do processo. "Desde 1977 minha família fabrica futons. Foi há 10 anos, no entanto, que começamos a focar mais na questão da sustentabilidade. Foi quando percebemos que o mercado começou a absorver essa ideia dos produtos ecológicos", diz Cabral.
As garrafas pet passaram a ser utilizadas na base do móvel, ocupando o lugar de materiais que resultam em impacto ecológico, como madeira e metal. A resistência e a qualidade final do produto são as mesmas de um feito da forma tradicional, garante Cabral.
Além das garrafas, a dupla investe em fibras naturais e tecido ecológicos no revestimento de seus produtos. "O trabalho com materiais ecológicos representa um ganho geral. A empresa se torna ecologicamente responsável e para a população é uma ação positiva de sustentabilidade." A Biofuton fabrica também tatames, sofás e almofadas.
Serviço:
Paper.Art (41) 3027-4656.
Biofuton (21) 2422-8914 e (21) 3079-2773.
ONG Arte Em Pneus (11) 9719-2722.
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