Construtoras focadas na classe C estão acelerando a compra de terrenos nesta crise para aproveitar tanto o preço mais baixo quanto a possibilidade de obter condições melhores de pagamento.
Companhias como MRV, Tenda e Cury/Plano&Plano afirmam que o preço do metro quadrado, cerca de 10% mais barato que há dois anos, torna esse momento ideal para repor estoques e se preparar para quando a procura por lançamentos voltar.
A MRV Engenharia, líder do segmento, vai aplicar R$ 250 milhões do seu caixa neste ano para equilibrar o seu estoque. A companhia tem um banco de terrenos com potencial de construção de 237.946 unidades, no valor de R$ 36,3 bilhões.
“Nosso foco são cidades com população acima de 500 mil habitantes. Temos que equilibrar o nosso estoque para quando o mercado voltar aos níveis de lançamentos de antes da crise”, diz o presidente da MRV Engenharia, Rafael Menin.
A Tenda Engenharia está aplicando mais em cidades onde precisa aumentar o número de lançamentos.
“Está de fato bom para comprar terreno. E estamos investindo no aumento de nosso estoque desde 2013”, diz o CFO Felipe David Cohen.
A Tenda, que atua nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador, fechou o primeiro trimestre deste ano com um estoque de R$ 4,7 bilhões em banco de terrenos, um potencial de 33 mil unidades.
Barganha
Cohen não revela o volume de investimentos da companhia, mas ressaltou que há maior poder de barganha na hora do pagamento.
“Conseguimos prazos mais longos do que dois anos atrás. Essa é a principal mudança na compra de terreno”, disse, sem revelar em quanto tempo se paga um imóvel.
Ele acrescentou que em 80% das transações a companhia usa recursos do caixa nas compras.
Permuta
Já na Cury/Plano&Plano, unidade do segmento econômico da Cyrella, a modalidade mais usada é a permuta: quando o prédio fica pronto, a construtora entrega apartamentos ao dono da área.
“Neste segmento, não podemos pagar muito pelo terreno, pois, não teremos margem na hora de vender o imóvel. O preço tem de ser justo.”
Neste ano, a Cyrella já comprou quatro terrenos, todos em permuta. “Dependendo do local, estão mais baratos do que há alguns anos. A hora de investir é esta”, diz o CFO da Cyrella, Eric Alencar.
A companhia tem em estoque cerca de R$ 50 bilhões para os próximos lançamentos da empresa, tanto no segmento econômico como no de média e alta renda. O banco corresponde a 19 milhões de metros quadrados de área útil comercializável.
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