Empresas apostam em sistemas construtivos e gestão de pessoas
As inovações referentes às tecnologias construtivas têm contribuído para o ganho de produtividade nos canteiros de obras. Na Construtora e Incorporadora Laguna, os principais investimentos se concentram na adoção de sistemas construtivos inovadores, que trazem agilidade à construção. "Procuramos ser eficientes na gestão do canteiro colocando nas obras sistemas que sejam mais mecanizados, industrializados", explica Cláudio Roberto Falce, gerente de engenharia da empresa.
Um exemplo é a fachada unitizada, sistema modular para a vedação externa da edificação. O módulo vem de fábrica com a esquadria de alumínio, os vidros e a vedação, sendo necessário apenas aplicá-lo no "vão" da parede. "Esse sistema permite que a fachada seja instalada acompanhando a evolução estrutural do empreendimento, o que faz com que a obra seja mais estanque e sofra menos com as interferências climáticas, já que os andares podem ser fechados conforme são construídos", explica Falce. Paredes internas em drywall (sistema de construção a seco) e pintura interna com spray e externa pelo sistema monocapa (jateamento de textura na parede feito com uma pistola) são outras tecnologias utilizadas nas obras.
A gestão de pessoas também é vista pela Laguna como uma estratégia para promover a produtividade. A construtora tem o programa "Profissional nota dez", que premia com incentivos financeiros os funcionários que cumprem metas de horário, tarefas diárias e regras de segurança, e um espaço de repouso e lazer onde o profissional pode descansar confortavelmente antes de voltar ao trabalho . "O ganho de produtividade é visível no cumprimento dos prazos e no comprometimento e envolvimento maior das pessoas", afirma Edson Carneiro, diretor administrativo e financeiro da Laguna.
A construção civil teve um crescimento notável nos últimos anos, mas junto com o aumento do número de lançamentos e da demanda pelos imóveis surgiram também novos desafios para as empresas -- um deles, o da produtividade.
INFOGRÁFICO: Confira os investimentos feitos por empresas da construção civil
Um estudo realizado pela empresa de auditoria e consultoria EY com sete das maiores construtoras e incorporadoras de capital aberto no Brasil, aponta que, entre 2007 e 2011, os custos da construção civil subiram cerca de 60% ao ano, enquanto a receita líquida das empresas avançou 50%.
Os dados sugerem a necessidade de a indústria da construção investir em ações que resultem em ganhos de produtividade como alternativa para equilibrar essa conta. Flávio Barreiros, sócio da EY e um dos autores do estudo, lembra que 41% das empresas ouvidas no estudo não utilizam nenhum indicador de forma sistematizada para avaliar sua produtividade. "Uma grande ação que precisa ser realizada é criar os indicadores. Num momento no qual o preço do m² não cresce mais como no passado, trabalhar a produtividade pode resultar em margens maiores", diz.
Alavancas
No estudo, a EY elencou sete alavancas fundamentais para o ganho de produtividade do setor que vão do planejamento e adoção de métodos de gestão da construção à qualificação da mão de obra no canteiro. Barreiros acrescenta que já existe uma consciência nas empresas sobre a necessidade de investimento maior nessas estratégias.
Fato que já ocorre, por exemplo, na Construtora Plaenge. Luiz Gustavo Salvático, gerente regional da Plaenge, conta que a empresa investe na capacitação dos funcionários por meio de palestras com fornecedores e técnicos, além de cursos de formação realizados na escola montada dentro da organização. "A mão de obra qualificada é o principal meio de ser competitivo. Com os cursos, o profissional é mais produtivo e a qualidade do serviço melhora, gerando menos retrabalho. Isso resulta num produto final melhor com custo mais interessante ", diz.
Outra ferramenta importante citada por Salvático para o ganho de produtividade é o sistema IFS, software específico utilizado para a gestão de todas as obras da empresa. Por centralizar as informações, ele facilita a tomada de decisão e o controle para detectar qualquer tipo de desvio, tanto na obra que está em andamento quanto no planejamento de novos projetos.
Barreiros acrescenta que os processos de gestão em todas as áreas da empresa que envolvem a obra devem ser o foco dos esforços nos próximos anos. "A qualificação da mão de obra é o outro aspecto que receberá atenção, mas ela vai além das fronteiras da organização", pontua.
Capacitação
Entidades oferecem cursos de formação e qualificação
As empresas que desejam investir na qualificação da mão de obra para melhorar a execução das tarefas e obter ganhos de produtividade no canteiro podem recorrer aos cursos oferecidos pelas entidades do setor. O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Paraná (Sinduscon-PR), por exemplo, mantém uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) no Paraná para a oferta de treinamentos específicos por meio do projeto Qualifique.
A gerente de negócios setoriais do Senai, Rosmery Kostycz, conta que para receber os cursos as empresas associadas precisam procurar o Sinduscon-PR e fazer o agendamento. A construtora entra com o material a ser utilizado e o Senai oferece o professor, o material didático e a certificação. As aulas são ministradas diretamente no canteiro. "É uma forma de demonstrar para o trabalhador que ele não precisa sair da construção civil para crescer", afirma.
Outra ação desenvolvida pelo Senai para o setor é a unidade móvel de inovação na construção civil, uma van que irá percorrer todo o estado para apresentar aos trabalhadores as novas tecnologias disponíveis em equipamentos que facilitam o dia a dia na obra. "A van estaciona no canteiro e demonstra os equipamentos, como pernas mecânicas e projetor de argamassa, que podem aumentar a produtividade", conta a gerente.
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