Fernando Arns, coordenador do projeto na PUCPR: tijolo ecológico impermeável feito com pó de mármore| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

O desenvolvimento de tecnologias sustentáveis a partir de materiais recicláveis e resíduos industriais, para a fabricação de matérias-primas voltadas a uma construção verde, levou o programa Eco­­habitare Sistemas Sustentá­veis, da PUCPR, a vencer o prêmio Embaixador Mundial da Bayer 2010, junto com outros três vencedores internacionais. O estudante Daniel Isfer Zardo, aluno do curso de Engenharia Ambiental da PUCPR, representou a instituição e apresentou o programa Ecohabita­re no Encontro Internacional de Jovens Embaixadores Ambientais realizado este mês, na Alemanha, e que reuniu 50 projetos selecionados de 18 países, sendo quatro brasileiros (além do paranaense, um de São Paulo, outro do Rio Grande do Sul e do Rio Grande do Norte).

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Entre os critérios de julgamento dos 70 projetos inscritos no Brasil para a 7.ª edição do Programa Jovens Embaixadores Ambientais, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Am­­bien­­te (PNUMA), estão a contribuição para a preservação do meio ambiente, nível de participação do estudante, resultados obtidos ou esperados e a possibilidade de re­­plicação em maior escala. "Conhe­cia a premiação da Bayer e considerei que o Ecohabitare se enquadrava nos pré-requisitos do programa. Conversei com o professor Fernan­do Arns, coordenador do projeto, para fazermos a inscrição", lembra Daniel Zardo. Para o estudante, estar entre os vencedores traz um estímulo e é um sinal de que o grupo está no caminho certo. "A experiência de participar do en­­contro na Alemanha trouxe uma contribuição profissional e pessoal. O contato direto com os outros participantes é uma oportunidade de multiplicar e aplicar aqui o que vi lá, assim como outros vão levar como exemplo o nosso trabalho", enfatiza Zardo.

Os materiais e técnicas desenvolvidos pelo Ecohabitare in­­cluem telhado verde e horta vertical feitos com garrafas pet, calha para captação de água da chuva com caixas do tipo tetra pak, e o tijolo ecológico, que leva pó de már­­more em sua composição e funciona com sistemas de encaixe para a construção, além de ter propriedades impermeáveis. "Todos os produtos passam por testes laboratoriais rigorosos quanto à resistência, durabilidade e ciclo de vida dos materiais. O tijolo com pó de mármore, por exemplo, oferece o dobro de durabilidade exigida pelas normas, além de secar naturalmente, sem a utilização de queima em fornos para a secagem, como o tradicional tijolo de argila, o que contribui para o meio ambiente. Na fase de testes, esse tijolo ecológico ficou 40 dias mergulhado na água, sem so­­frer ação direta do líquido", exem­­­­plifica o professor do curso de En­­ge­­nharia Civil da PUCPR Fernando Arns.

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Embora a iniciativa da participação no concurso tenha sido de Daniel Zardo, Arns reforça que o trabalho premiado é multidisciplinar e envolve 28 alunos dos cursos de graduação em Agronomia, Engenharia Florestal, Engenharia Civil, Arquitetura, Desenho Indus­trial, licenciatura em Química, Biologia, Engenharia Ambiental, mestrado em Mecatrônica e dou­­torado em Produtônica. "Cada aluno ajuda no seu campo de atuação, o que contribui para o resultado fi­­nal", complementa Zardo. O obje­­tivo futuro do Ecohabitare, segundo o coordenador Arns, é capacitar grupos para atuar com esses processos de produção para gerar emprego e renda em suas próprias comunidades.

O consultor de responsabilidade social da Bayer Arturo Rodriguez reforça que a importância do programa Jovens Embaixadores Am­­bientais, desenvolvido pela Bayer desde 1998 no mundo e desde 2004 no Brasil, é buscar jovens en­­ga­­jados em projetos socioambientais que gerem sustentabilidade em várias áreas de atuação, utilizando resíduos, materiais vindos de lixões, resultando em economia de recursos naturais. "Este foi o primeiro ano em que elegemos quatro vencedores mundiais, premiados com mil euros cada projeto, para a continuação dos trabalhos. O programa representado por Daniel é um exemplo de que todo o processo permeia a sustentabilidade. É uma grande satisfação ter um projeto brasileiro entre os quatro me­­lhores do mundo", destaca Rodriguez.

O consultor elogia ainda a preocupação do Paraná e de sua juventude com os aspectos sustentáveis. "Esta não é a primeira vez que o estado se destaca em nosso programa. Entre os brasileiros que foram para a Alema­­nha em anos anteriores no en­­contro Internacional, tivemos em 2005 um jovem de Campo Mourão, em 2008 de Apu­­carana, e em 2006, 2007 e 2010 pro­­jetos de Curitiba."