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Curitiba já foi uma cidade com uma produção cultural muito forte, com grandes expoentes na música, na literatura, nas artes plásticas e no teatro. Hoje, novos formatos de expressão dominam a cena. São os chamados "não cultos" ou espetáculos nacionais sem aprofundamento de teoria, que enfraquecem a classe artística local. A análise é de Maria Amélia Junginger, diretora do Museu da Imagem e do Som e grande estudiosa da arte em todas as suas manifestações.

Ela relembra que na década de 40 o Clube Concórdia era palco de apresentações de grandes óperas. "A elite germano-brasileira que freqüentava estes concertos e os descendentes de italianos que se espalhavam por clubes como Dante Alighieri, Garibaldi e outras sociedades, provam que o interesse por estes espetáculos sempre existiu. A música fazia parte do dia-a-dia destas pessoas e o hábito estava dentro de casa", conta Maria Amélia.

A produção cultural ganhou força na década de 60 com o Festival de Música, a ocupação do Teatro Guaíra e a formação do seu corpo de baile e a estréia de espetáculos importantes, partindo da premissa de que o público era muito exigente. A Academia Paranaense de Letras também se fortalece nessa época. Com a Revolução Militar, a literatura, a música e o teatro sofreram o refinamento na linguagem. A década de 90, analisa Maria Amélia, foi uma das mais difíceis para a cultura curitibana e de grandes perdas como a do poeta Paulo Leminski. "A televisão e o fenômeno da globalização ajudaram a inibir a produção cultural."

Foi também nesta época que surgiram as leis de incentivo à cultura – tudo muito confuso na época –, passando para a iniciativa privada a oportunidade de patrocinar as produções artísticas. É neste momento que o estado se recolhe e abre espaço para os empresários. Porém, a situações no Brasil não é das melhores. As conseqüências deste período ainda são sentidas nos dias de hoje. "A falta da crítica também contribuiu para esse enfraquecimento. Sem, crítica os artistas não são motivados, o mecenas não percebe o valor da arte e o público fica distante desta discussão", diz a estudiosa. Ela diz que é preciso mostrar que o valor do patrocínio cultural está além do artista ou do espetáculo. É um trabalho de responsabilidade social e de democratização da cultura.

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