Parque Italiano, no Butiatuvinha, foi patrocinado por uma incorporadora| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
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A política da boa vizinhança ganha força antes mesmo de a obra ser entregue. Ao lançar um empreendimento, além de planejar o projeto e pesquisar o público-alvo, as incorporadoras podem, também, investir na recuperação da rua e de praças, auxiliar o comércio da região e cuidar de áreas verdes próximas.

Os valores investidos refletem em retorno financeiro: quando inseridos em uma região bonita e com atrativos, os imóveis são mais valorizados. Além disso, a empresa ganha pontos com o público, melhorando sua imagem e associando seu nome a ações positivas.

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Embora seja uma estratégia comercial, levar novos ares para a vizinhança traz retorno para toda a cidade e seus moradores. "Isso tem sido comum. Os incorporadores buscam a administração municipal ou estadual, ou os órgãos de controle, e juntos promovem a recuperação do entorno", comenta o professor de Arquitetura da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Paulo Chiesa.

Procurar o poder público para negociar transformações no entorno e fazer parcerias com as instituições privadas são ações bem-vindas. O presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Sérgio Póvoa Pires, diz que esse tipo de iniciativa por parte das construtoras é vista com bons olhos pela prefeitura. Ele considera a prática uma saída para resolver alguns problemas urbanos. "Isso torna a cidade mais participativa. Esse tipo de aliança está entre as nossas opções, mas a prefeitura precisa ser criteriosa para garantir que a compensação oferecida pelas construtoras seja positiva para todo mundo", observa.

Estratégia

Do lado das empresas, a estratégia de recuperar para construir nunca é descartada. "Quando o incorporador tem um bom terreno, bem localizado, não vai colocar em risco o desempenho comercial por causa da região. Se o entorno não está adequado, a empresa vai tentar resolver isso para aumentar as chances de sucesso do empreendimento", diz Eduardo Quiza, diretor de incorporações da Invespark.

O professor Paulo Chiesa observa que nem sempre o poder público tem condições para se dedicar à infraestrutura de uma região. "Mas é preciso que a intervenção das empresas no entorno esteja subordinada ao Plano Diretor e não prejudique o planejamento da cidade como um todo", diz.

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Os investidores querem tornar seu empreendimento especial aos olhos do comprador. "No caso do condomínio do Parque Italiano, por exemplo, a construtora garante ao comprador que na vizinhança sempre haverá o valor paisagístico agregado ao imóvel", comenta Chiesa.

Inaugurado em 2010, no Butiatuvinha – região de Santa Felicidade – o Parque Italiano foi construído com recursos da incorporadora Green Village, empresa constituída para a construção do condomínio horizontal que leva o mesmo nome. Na época, a empresa divulgou que o investimento no parque ultrapassava os R$ 600 mil e incluía, além da estrutura do espaço, o asfaltamento de ruas próximas.