Ariadne Pansolin, gerente da Atenas Materiais de Construção: clientes preferem pagar à vista com desconto para fugir das parcelas.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Trocar o revestimento do banheiro, pintar as paredes ou ampliar a casa. Grandes ou modestas, as reformas e pequenas obras individuais têm movimentado o comércio de materiais de construção, que registrou crescimento de 3% no primeiro quadrimestre de 2015 em comparação ao mesmo período do ano passado. Segundo a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), o aumento das vendas foi influenciado pelo desempenho alcançado em março, quando o setor cresceu 12% na comparação com o mês anterior.

CARREGANDO :)

Apesar do cenário incerto, setor está otimista para 2015

Os resultados alcançados no primeiro quadrimestre reforçam o otimismo do setor para o ano de 2015. A expectativa da Anamaco é a de que o comércio varejista de materiais de construção cresça 6% neste ano em relação a 2014, quando o setor bateu seu recorde histórico de faturamento atingindo a marca dos R$ 60 bilhões.

Em Curitiba, a estimativa de crescimento da Milani Materiais de Construção está alinhada ao da associação. A Atenas Materiais de Construção, por sua vez, espera ampliar as vendas em cerca 15% até o final do ano.

A retração dos gastos das famílias com carros e viagens, as restrições ao crédito imobiliário e o crescimento do volume de entregas de novas unidades são alguns dos aspectos que devem estimular o setor. “Quando há dificuldade de financiamento, as pessoas têm mais dificuldade para conseguir trocar de casa e decidem investir em melhorias no imóvel que possuem. A entrega é outro fator importante. Do Minha Casa, Minha Vida ao segmento alto luxo, 100% dos compradores compram algum material de construção antes de mudar”, explica Cláudio Conz, presidente da Anamaco.

Juntamente com os materiais de acabamento, a associação projeta um incremento nas vendas dos produtos voltados à racionalização do consumo de água e energia, devido à crise hídrica e ao aumento da conta de luz. “Em um primeiro momento será mais fácil trocar as lâmpadas para, em seguida, instalar um aquecedor solar, que será a grande vedete deste ano”, avalia Conz.

Publicidade

“Estamos felizes sobre o desempenho dos primeiros quatro meses. Em um período em que todos os setores estão em queda, nós conseguimos manter os resultados acima dos do ano passado”, avalia Cláudio Conz, presidente da Anamaco.

Em Curitiba, a Atenas Materiais de Construção também registrou aumento de cerca de 15% nas vendas do período. A gerente Ariadne Pansolin explica, no entanto, que ele está mais relacionado à evolução do preço dos produtos, decorrente dos reajustes de alguns tributos, do que do volume ou ticket médio das vendas. Segundo ela, o movimento de clientes se manteve estável neste período.

A Milani Materiais de Construção, por sua vez, registrou uma pequena queda no movimento, afirma o supervisor de vendas Léo Jorge Witkowski, sem mencionar os números. Na rede, as obras de reforma ou melhoria nos imóveis correspondem a cerca de 80% das vendas.

Mesmo com o aumento apontado por Ariadne, a inflação acumulada no ano pelo setor, de 2,23%, segundo o INCC-M (Índice Nacional de Custos da Construção), está abaixo da inflação oficial medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que fechou abril em 4,56%.

No mês

Na análise mensal, o mês de abril apresentou retração de 9% nas vendas em relação a março. A redução ocorreu em estabelecimentos de todos os portes e regiões, com maior intensidade no Sul (-16%) e nas grandes lojas (-19%), segundo a Anamaco. “Ainda não conseguimos definir se esta queda de abril é uma tendência. Temos que esperar um pouco mais para saber o que está acontecendo”, avalia Conz.

Publicidade

Cimento e telhas de fibrocimento registraram a maior queda nas vendas, de 6% e 4%, respectivamente, enquanto os revestimentos cerâmicos cresceram 4% e as tintas mantiveram-se estáveis.

Compras

Segundo o presidente da Anamaco, os acabamentos continuam na liderança entre os materiais mais procurados por quem executa uma reforma em casa e são os que têm ticket médio mais elevado, de cerca de R$ 500.

As formas de pagamento, por sua vez, têm mudado, com os longos parcelamentos sendo, cada vez mais, deixados de lado. Ariadne conta que, na Atenas, a maioria dos clientes prefere quitar as contas à vista, com um desconto melhor, por não saber como estará sua condição no futuro. A apreensão frente ao cenário econômico também atinge o planejamento da rede, que não têm investido muito na elevação do estoque, mantendo-o na média necessária para o atendimento dos clientes.