O presidente do Secovi (sindicato do setor imobiliário), Cláudio Bernardes, disse que a imagem das construtoras sai "manchada" após as denúncias de que empresas do setor pagavam propina a auditores fiscais da Prefeitura de São Paulo. "Obviamente nossa imagem ficou manchada, mas obviamente não tivemos nenhuma participação."
Foi a primeira entrevista do dirigente da entidade desde que o Ministério Público e a prefeitura prenderam quatro auditores fiscais, duas semanas atrás.
Bernardes negou que algum dirigente da entidade tenha revelado aos auditores sobre a investigação do Ministério Público. A suspeita de vazamento foi aventada pelo promotor Roberto Bodini, que se baseou em uma escuta na qual fiscais são flagrados, durante as investigações, dizendo terem sido procurados pelo Secovi.
"Ninguém da diretoria dessa entidade nem a mando da diretoria esteve naquele local [escritório no centro de São Paulo no qual os auditores se reuniam]."
Ele disse que ajudará as autoridades a tentar descobrir quem seria o suposto representante do Secovi mencionado nas gravações. Disse que a entidade avalia entrar na Justiça para que os auditores revelem o nome do suposto representante.
Ao mesmo tempo, o presidente da entidade disse que irá propor à prefeitura, dentro de 15 dias, um novo modelo de pagamento de ISS em que o valor passe a ser calculado sem a participação de um auditor, para evitar a concentração de poder sobre um único grupo de funcionários públicos ou sobre uma única pessoa.
Bernardes afirmou ter falado a respeito do projeto ontem com o prefeito Fernando Haddad (PT).
Ele falou que pessoalmente nunca foi assediado por funcionários públicos para pagar propina, mas conhece quem tenha sido. Questionado, disse que sugeriu a esses empresários que procurassem a Justiça para obter a quitação de ISS sem depender de um auditor. O pagamento era uma das condições para a prefeitura dar o Habite-se, que atesta a regularidade de um imóvel.
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