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“Compro produtos usados em vários lugares. São artigos interessantes, porque têm uma história, às vezes um trabalho diferente, que não se encontra mais.”
Floriza de Souza Lima, artesã | Priscila Forone/Gazeta do Povo
“Compro produtos usados em vários lugares. São artigos interessantes, porque têm uma história, às vezes um trabalho diferente, que não se encontra mais.” Floriza de Souza Lima, artesã| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

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Confira endereços e telefones de locais para realizar doações de móveis e eletrodomésticos, entre outros itens. É importante que estejam em bom estado de uso

FAS

- Disque Solidariedade: Rua Eduardo Sprada, 4.520, Campo Comprido. Fone: 156

Lar Dona Vera

- Rua Adolfo Lutz, 62, Jardim Pinheiros – Santa Felicidade. Fone (41) 3364-8979 (confirmar data do bazar, a cada 15 dias)

Lar Escola Dr. Leocádio José Correia

- Rua José Antônio Leprevost, 331, Santa Cândida. (41) 3256-5142.

Provopar

- Rua Sergipe, 1.712, Vila Guaíra (barracão da Defesa Civil). Fone (41) 3234-1118.

- Bazar: data a definir.

Rede Solidária Curitiba

- Rua Raul Joaquim Quadros Gomes, 495, Alto da XV.

Bazar: quartas-feiras, das 9 às 17 horas, e primeiro e terceiro sábados do mês, das 9 às 13 horas.

Fone: (41) 3079-1790.

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A churrasqueira da casa da artesã Floriza de Souza Lima, na Vila Camargo, no Cajuru, usada como ateliê, ganhará novas cadeiras, em madeira de imbuia. Novas para Floriza, porque as peças foram compradas no bazar da Rede Solidária Curitiba, que arrecada doações de diversos tipos de produtos para serem vendidas a preços baixos à comunidade. O lucro é revertido a instituições sociais. Cada cadeira custou R$ 7. "Uma nova custaria entre R$ 100 e R$ 200. Vale mais a pena comprar usada, mesmo pagando o transporte", diz Floriza. Ela pretende customizar as cadeiras com aplicação de pátina e incluir almofadas nos assentos. "Comprei capas de cetim no bazar e vou aplicar babados, para deixar com o meu jeito."

As cadeiras foram doadas à Rede Solidária pelo gerente de padaria Estevão Catão, um dia antes da aquisição pela nova dona. Foram dez peças, que compunham a sala de jantar da casa dele, herdadas do pai – e foram substituídas para renovar a decoração. "Elas devem ter mais de 100 anos, porque antes foram da minha avó", conta. Catão ficou satisfeito ao saber que parte do objetivo foi alcançado. "Não faria sentido ficar com as cadeiras sem utilização, quando poderiam ser melhor aproveitadas por outra pessoa."

Consumo maior

Assim como fez Catão, muita gente está renovando a casa. Com as facilidades de crédito e o aumento do poder aquisitivo do brasileiro nos últimos anos, principalmente da classe C, itens do setor moveleiro e de eletrodomésticos estão com as vendas aquecidas. Há ainda as mudança para imóveis menores, ou maiores, e a necessidade de se desfazer de certos mobiliários. Aí vem a pergunta: o que fazer com os artigos que "sobram"?

Nesta hora é possível ajudar cidadãos de classes menos favorecidas, com o apoio de entidades go­­vernamentais e sem fins lucrativos. "Recebemos muitos colchões de modelos modernos, em estado de novos, assim como estofados, ca­­mas de casal e solteiro, máquinas de lavar roupas e geladeiras", diz a só­­cia-administrativa da imobiliária Galvão Locações, Maria de Fátima Galvão, atual presidente da Rede Solidária Curitiba, organização não-governamental (ong), que reúne várias imobiliárias além da Gal­­vão Locações – Thá, Razão, Cilar, Habitec, Galvão Vendas e Baggio.

Bazar

Tudo o que é arrecadado pela Rede é vendido para a comunidade por preços acessíveis – geralmente de 5% a 10% do valor real, em um bazar no barracão da ong, todas as quartas-feiras. Segundo Maria de Fátima, a expectativa é arrecadar R$ 50 mil em 2011, para serem repassados a quatro instituições filantrópicas parceiras: Hospital Pequeno Príncipe, Socorro aos Necessitados, Associação Franciscana de Edu­cação ao Cidadão Especial (Afece) e Fundação Ecumênica de Proteção ao Excepcional (Fepe). Serão R$ 12,5 mil para cada, que serão investidos em necessidades específicas, como reformas e aquisição de equipamentos.

No Lar Dona Vera – um abrigo para crianças retiradas da guarda dos pais pelo Conselho Tutelar devido a denúncias de maus tratos e violência – o bazar acontece a cada 15 dias, em média. Diversos produtos são vendidos aos moradores da comunidade, que fica em Santa Felicidade, após uma triagem. "Quando a casa precisa do item, ficamos com ele. Hoje, por exemplo, a necessidade é de uma secadora de roupas. Se não estamos precisando, ele é encaminhado ao bazar", afirma a presidente do lar, Mônica Saturnino Tindó. Não há datas certas para a realização das vendas. Como a maioria dos compradores é da própria comunidade, a divulgação é feita no local.

Entidades ajudam no transporte

Um dos maiores obstáculos encontrados pelos doadores é a realização do transporte dos produtos. Muitas vezes as entidades não têm condições de realizar o serviço e os itens não cabem em porta-malas de veículos convencionais. Algumas pessoas acabam deixando nas calçadas de vias públicas, na esperança de que um carrinheiro consiga carregar.

Uma das formas de resolver isso é entrar em contato com o Disque Solidariedade, um serviço telefônico da prefeitura de Curitiba, realizado pela Fundação de Ação Social (FAS). "Temos seis veículos, entre caminhões maiores e menores, para fazer o atendimento. Nem sempre damos conta. Dos 60 pedidos semanais, em média, conseguimos fazer a coleta de 40", afirma o assessor de gabinete da FAS, Ricardo Gil.

Doações em bom estado são encaminhadas a famílias e pessoas em situação de vulnerabilidade social, com cadastro nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), nas ruas da Cidadania. "Con­sul­­ta­­mos nossos registros e verificamos quem necessita de qual doação, para repassar gratuitamente. Quan­­do não está em condições de uso, é levado para reciclagem", explica Gil. "No caso de colchões, enviamos para empresas parceiras, que os devolvem reciclados e novos para uso."

O Lar Escola Dr. Leocádio José Correia, que há 40 anos atende em período integral 160 crianças de até 5 anos de idade, oriundas de famílias de baixa renda, também oferece transporte. "Recolhemos os itens doados desde que possam ser transportados em nossa kombi", diz a voluntária e coordenadora administrativa da entidade, Sueli Rehlander. O que não é de necessidade do próprio Lar é oferecido em um bazar para a comunidade – o próximo deverá ser em junho, em data a ser definida –, no próprio local.

Litoral

O governo do estado recebe doações por meio do Programa do Volun­tariado Paranaense (Pro­vopar). Por tempo indeterminado, a entidade aceita fazer o transporte apenas de colchões, além de outros itens básicos – como de higiene e garrafas de água –, para serem levados aos desabrigados e desalojados do litoral do Paraná, por consequência das chuvas do mês de março.

"Os colchões são prioridade, não estamos dando conta por causa da situação no litoral. Outros itens podem ser deixados pelos doadores no barracão da Defesa Civil", diz a diretora social do Provopar, Carlise Kwiatkowski. Ela adianta que outros artigos de casa, como móveis e eletrodomésticos, serão importantes quando esta população começar a retornar às casas e reconstruir suas vidas. Primeiro, complementa Ricardo Gil, da FAS, "é preciso fazer reconstrução e limpeza, depois serão indispensáveis camas, armários, pias e cadeiras."

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