O noticiário econômico tem pelo menos uma boa notícia para quem paga aluguel: em julho, o acumulado do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) da Fundação Getúlio Vargas, que regula grande parte dos contratos de locação, foi o menor dos últimos anos. E pelo que indicam as prévias deste mês, em agosto ele será ainda menor. Caso se confirmem as projeções, será novamente registrada deflação, a quarta seguida. O mesmo vale para os outros índices de inflação, que registram comportamento semelhante, com queda gradual e contínua.
Em julho, o IGP-M acumulado dos últimos 12 meses foi de apenas 5,37%. Ou seja, quem pagava aluguel de R$ 500 passaria a pagar cerca de R$ 527 a partir de agosto. No mesmo mês do ano passado, o índice foi de 11,51%, enquanto que em julho de 2003 o acumulado ficou em 25,24%. Para efeito de comparação, o mesmo aluguel reajustado nos dois anos anteriores ficaria em R$ 558 e R$ 626, respectivamente. Pode parecer pouco, mas isso representa um grande impacto no orçamento familiar, já que no primeiro caso, a diferença acumulada no ano seria de R$ 368, e no segundo, de R$ 1.192.
Executivos do setor imobiliário afirmam que isso ocorre simultaneamente a um processo de acomodação do mercado local. "Os aluguéis em Curitiba estavam muito baixos, mas nos últimos meses vêm mostrando uma recuperação", afirma o presidente do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), Luis Valdir Nardelli. Segundo ele, isso se deve à redução das ofertas, o que já se reflete também nas negociações entre inquilinos e imobiliárias. "A manutenção do aluguel no mesmo valor após o vencimento do contrato era uma prática comum, mas já não acontece", afirma.
Impressão confirmada pela gerente de locação da Cibraco, Ana Maria Morais Milarski. "Nos últimos dois anos, havia muita oferta, por isso tivesmos que fazer um trabalho de estabilização dos aluguéis para não haver desocupações. Mas agora não dá mais, porque os preços estão defasados", explica.
Segundo ela, os contratos antigos que passaram por negociações em anos anteriores hoje estão abaixo da média. "Se o inquilino for pesquisar na região em que mora, vai ver que os aluguéis estão mais caros", afirma. Por outro lado, ela sabe que mesmo o 5,37% do IGP-M pode ser muito para alguns locatários. "Principalmente para aqueles que estão há muitos anos sem reajuste salarial, como os funcionários públicos."