Aos poucos, os anos de abandono que marcavam a fachada da antiga construção são deixados para trás e o Casarão dos Parolin ganha cara nova. A restauração da casa é obra da Grande Loja Maçônica do Paraná, atual proprietária do imóvel. “O lote foi adquirido em 2008, junto com outros dois, para a construção da nossa nova sede e templo”, conta Valdemar Kretschmer, grão-mestre da Grande Loja.
Mesmo não apresentando os adornos e o tamanho característicos de outros imóveis históricos, a casa consta na lista dos bens tombados pelo governo do estado e é considerada como Unidade de Interesse de Preservação (UIP) pela prefeitura. O motivo: a importância que teve para a formação do bairro Parolin.
A construção foi erguida entre o final do século 19 e início do século 20 nas terras que compunham os 100 alqueires da fazenda dos irmãos Parolin, João, Bortolo e Antonio, servindo de morada para a família deste último. Posteriormente, o imóvel foi loteado e deu origem ao bairro.
Imigrantes
Os irmãos Parolin migraram da Itália para o Brasil por volta de 1888. O trabalho de construir a casa, segundo consta, foi do próprio Antonio, que a ergueu com as próprias mãos e viveu nela até seu falecimento, em 1962, aos 90 anos. Os Parolin são considerados importantes figuras da história da indústria do Paraná, estando à frente de serrarias, olarias e de empresas de outros ramos industriais.
Como a casa não pode ser derrubada – motivo que fez diversos investidores anteriores desistirem do imóvel –, a solução encontrada pela Loja Maçônica foi transformá-la em sua nova sede administrativa, interligando-a ao complexo que será construído para abrigar o templo.
A casa é um modelo típico das construções italianas. Ela é elevada do chão, tem um grande corredor central que dá acesso aos cômodos e lambrequins no beiral, além de contar com sótão habitável com balcão externo em ambos os lados.
Abandono
Responsável pelo projeto e restauração do Casarão dos Parolin, o arquiteto Dirceu Contti diz que os anos de abandono deixaram a casa bastante degradada. As paredes de alvenaria estavam firmes, mas tiveram suas portas e janelas cimentadas para conter a utilização da residência por moradores de rua. “Na primeira vez em que estive aqui, tive que entrar pelo telhado”, lembra. Telhado este que estava na iminência de cair em decorrência da ação do tempo e dos pombos. O assoalho, o sótão e a escada que dava acesso a ele também não existiam mais em decorrência de alguns incêndios internos.
Restauro
Com três meses de obras em ritmo intenso, a previsão é a de que a casa seja inaugurada em junho. Para atender as necessidades do uso administrativo, ela recebeu algumas atualizações relacionadas às estruturas elétricas, hidráulicas e de acessibilidade.
Todas as demais características de sua arquitetura modesta foram mantidas ou reconstruídas – caso do sótão – a partir de vestígios encontrados no imóvel e em fotografias antigas. Até mesmo a bitola das madeiras utilizadas no assoalho e no forro, diferente das medidas atuais, foram preservadas. “A casa é um modelo típico das construções italianas. Ela é elevada do chão, tem um grande corredor central que dá acesso aos cômodos e lambrequins no beiral, além de contar com sótão habitável com balcão externo em ambos os lados”, diz o arquiteto.
A presença dos três óculos – aberturas arredondadas em dois lados da construção – é outra característica curiosa do imóvel. Permitindo a ventilação, elas funcionavam como uma espécie de ar-condicionado da época, refrescando o sótão ao retirar o ar quente que se acumulava entre o forro e o telhado.