Vídeo:| Foto: RPC TV

Pesquisas

Alternativas sustentáveis

A Reciclasa foi pensada da mesma forma com que se constrói uma casa. Mas, como ela tinha que viajar o Brasil todo, não era possível construí-la, por isso, os organizadores sugeriram como seria sua estrutura. O arquiteto Roberto Coutinho, que projetou os ambientes da exposição, buscou pesquisas mais recentes sobre as alternativas sustentáveis em construção civil desenvolvidas no país, que levassem em conta questões práticas como a segurança, a durabilidade, a relação custo-benefício, entre outras.

Para a parte estrutural da casa, Coutinho sugeriu a brita de PET no lugar da brita natural, que tem vantagens como isolamento térmico e resistência à fungos. Para as paredes, tijolos feitos com lixo orgânico tratado. Já para a cobertura da edificação duas alternativas: telhas fibroasfálticas (feita a partir de uma pasta de papelão e asfalto) e placas e telhas de embalagem longa-vida, que também podem ser usadas como revestimentos, divisórias e forros, como acontece no cômodo quarto de criança.

De acordo com Coutinho, além da conclusão das pesquisas, o primeiro passo para que esses produtos realmente substituam os tradicionais já foi dado. "Começamos pela conscientização das pessoas que não estão acostumadas com os materiais reciclados e ainda se assustam com eles, atingindo principalmente as crianças que têm a mente aberta". O segundo passo, para ele, é um interesse maior do governo e das grandes indústrias em fabricar os produtos reciclados em grande escala.

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Para onde vai o lixo? Se você respondeu para fora (de casa), pode ter uma grande surpresa ao visitar o Espaço Cultural Frans Krajcberg, que fica dentro do Jardim Botânico, em Curitiba, nos próximos doze dias. A Reciclasa, um projeto patrocinado pela IBM em parceria com o Ministério da Cultura, traz uma casa de cinco cômodos e de 180 metros quadrados, totalmente construída e decorada com materiais reciclados, e também a idéia de que tudo que vai pode voltar – e ainda mais bonito.

A mostra reúne trabalhos com reciclagem de todo Brasil e apresenta aos olhos dos visitantes uma casa comum completa, com a qual eles podem se identificar. A surpresa da exposição vem da beleza de uma casa "tirada do lixo". O banco de design moderno da sala de estar é feito de papelão, o revestimento alegre e brilhante do quarto de criança é de tubos de pasta de dente moídos e prensados, e por aí vai.

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"Uma das frentes do projeto era justamente acabar com esse estigma antigo de que lixo é uma coisa feia, que envolve culpa. Nesse aspecto, a arte, desde o início do século 20, vêm mudando essa visão sobre o que jogamos fora", explica o coordenador do projeto, Jason Prado. Para acabar com essa imagem preconceituosa do lixo, ele chamou Amélia Zaluar, arte-educadora carioca que ajudou a reunir peças de artistas contemporâneos brasileiros que trabalham com o que é refugo – entre eles, seis paranaenses.

Mercado

Outro objetivo da Reciclasa era valorizar a importância da reciclagem como fonte de renda. "Muita gente acha que o que é reciclado não é consumido, com isso o mercado tem pouca oferta, o que também gera pouco consumo. É um ciclo vicioso. Com o projeto procuramos trazer visibilidade à cadeia produtiva que envolve a reciclagem, mostrando que o que é reciclado é bonito e sensibilizando as pessoas para contribuir nessa cadeia", diz a consultora sócio-ambiental Pólita Gonçalves, que há dez anos ajuda a organizar o trabalho de catadores e desenvolver mercados para seus produtos no Rio de Janeiro.

De acordo com Pólita, o principal vilão do mercado do reaproveitamento são os impostos. "O que acontece hoje é uma bitributação. Quando você compra uma latinha de refrigerante paga um valor referente à embalagem. Quando essa latinha é vendida novamente como insumo para a reciclagem é pago novamente um imposto. Somado à isso, há a carga tributária que também dificulta a organização dos catadores como cooperativas", afirma Pólita.

Serviço: a Reciclasa está aberta até 12 de agosto de 2007. Horários: terça-feira a domingo, das 9 às 12 horas e das 13 às 18 horas. Ingressos: R$ 3 e R$ 1,50 (estudantes). Às quartas-feiras, a entrada é gratuita, e aos domingos custa R$ 1.

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Tanto no local da exposição quanto no site www.reciclasa.com é possível encontrar onde comprar cada objeto utilizado para montar os ambientes.