Foi por volta de 1880 que o Santo Inácio recebeu seus primeiros imigrantes, que ali se dedicaram ao corte de lenha e à agricultura. Na Estrada da Mina do Ouro, que hoje marca a divisa do bairro com o São Braz, ainda há alguns descendentes dos primeiros moradores, como os irmãos Gilberto e Aracir Zilio.
Eles contam que a rua recebeu o nome pela presença de uma mineradora, hoje desativada, que foi uma das responsáveis pelo crescimento da economia do Santo Inácio. "Meu pai trabalhou na Mina do Ouro, que tinha 27 alqueires de terra no bairro. Foi muito conhecida por ser uma das únicas mineradoras que não trabalhava com a extração de minérios em rios", explica o contador aposentado Gilberto Zilio.
O local onde os irmãos moram faz parte da antiga Colônia Santo Inácio, que na época era composta por apenas 10 residências. "Oito eram de famílias de origem polonesa e duas de origem italiana", diz Zilio. Os moradores, segundo ele, viviam em pequenas chácaras e se dedicavam essencialmente à lavoura. Para ele, que vive ali há 54 anos, o bairro é um registro vivo da história da família. Um exemplo é a Rua André Zilio batizada em homenagem ao bisavô deles e o pequeno parreiral de onde Gilberto retira as uvas com que produz vinho "crioulo".
As pequenas chácaras que antigamente predominavam no bairro ainda são uma marca do grande cinturão verde do Santo Inácio, característica que levou muitos curitibanos a procurar o local como uma excelente opção de moradia. Para o mercado imobiliário, essa foi a principal razão que deixou o bairro com uma vocação essencialmente residencial. O diretor de vendas da Imobiliária Galvão, Gerson Carlos Silva, diz que essa característica propiciou a construção de condomínios horizontais e de casas com grandes terrenos. "Há ainda na região pequenas chácaras, que provavelmente no futuro também vão se tornar condomínios residenciais", afirma o diretor.
Já o assistente de vendas da SBM Assessoria Imobiliária, João Tiete, diz que o mercado local aqueceu há apenas um ano. "A construção do Parque Shopping Barigüi, que fica próximo, valorizou muito as vendas", conta. Isso é perceptível, segundo ele, no aumento dos preços dos imóveis antigos. "Como o bairro é muito procurado por pessoas que vêm de fora ou que desejam mais tranqüilidade para morar, os imóveis antigos são tão valorizados quanto os mais novos", analisa.
ß Pollianna Milan