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As lojas de materiais de construção usaram a criatividade com promoções e fortes campanhas publicitárias para manter as vendas em alta | Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
As lojas de materiais de construção usaram a criatividade com promoções e fortes campanhas publicitárias para manter as vendas em alta| Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo

Fabricação

Recuo também é sentido pela indústria

A desaceleração das vendas no varejo também se reflete na outra ponta, na indústria de materiais de construção. A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) registrou uma diminuição nas vendas dos materiais em junho com relação a maio. Na pesquisa desenvolvida pela associação, a queda foi de 2%. Os resultados do semestre também não foram otimistas: apenas 2,6% de crescimento, quando a expectativa era de 3,4%.

De acordo com o presidente da Abramat, Walter Cover, o setor é afetado pelo desempenho das vendas do varejo, que recuaram 3,5% no primeiro semestre. Segundo informações da Abramat, o segmento, representado pelo consumo de materiais para as reformas e pequenas obras, responde por uma fatia de 55% do volume de produtos comercializados pela indústria.

R$ 79 milhões

foram contratados pelo Construcard, cartão da Caixa usado para o financiamento de materiais de construção, no Paraná, entre janeiro e junho deste ano. No Brasil, o total financiado foi de R$ 1 bilhão, segundo a Caixa.

O setor de materiais de construção revisou para baixo a previsão de vendas em 2012. A estimativa é que o crescimento do setor não passe de 3% neste ano, praticamente empatando com o crescimento da economia, de acordo com a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). No acumulado de 2012 até maio, a redução das vendas das lojas de materiais de construção foi de 11,3%.

Na pesquisa da associação, a região Sul, juntamente com Sudeste e Nordeste, apresentou queda de 30% nas vendas. Uma outra pesquisa, feita pela Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio), mostra que até abril deste ano o setor de materiais de construção no Paraná apresentou aumento de 12,87% nas vendas. Na relação entre abril e março, houve uma queda de 4,26%.

Para o executivo do Sin­­dicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Ma­­teriais de Construção (Simaco), Eliomar Fiorenza, o número de obras do setor imobiliário não estão diretamente relacionadas às vendas de materiais de construção do varejo. "Se alguém andar na rua e olhar tanta obra, tanto prédio em acabamento, vendido dois, três anos atrás, isso não reflete no comércio de lojas, porque esta aquisição foi feita pela indústria. O comércio varejista sobrevive com a pequena reforma, a obra individual, então houve queda, sim, nas vendas. Prédios de 10 ou 15 pavimentos não têm torneiras compradas na loja. São compradas direto com o fabricante", explica.

O consultor de mercado Marcos Kahtalian concorda que é complicado relacionar o setor de construção civil com a queda das vendas. "De fato o mercado está mais estabilizado, mas não dá para fazer esta relação direta. Talvez o que pode ser relacionado é, eventualmente, o endividamento das famílias. Normalmente a compra no varejo é feita por famílias e o autoendividamento pode impactar o mercado", afirma. Ainda assim, Kahtalian explica que a inadimplência começa a dar sinais de retração, como foi divulgado pelo Serviço de Proteção do Crédito (SPC Brasil). O calote do consumidor sofreu retração de 0,27% em junho, comparado ao mesmo período do ano passado.

Para Rodrigo Kremer, professor de economia do Instituto Superior de Administração e Economia do Mercosul e Fundação Getúlio Vargas (ISAE-FGV), muito mais do que a questão do crédito, o que está influenciando as vendas é a desaceleração da economia. "Como a economia vem crescendo menos nos últimos trimestr es, a renda do consumidor não está necessariamente crescendo e as perspectivas não são muito boas, especialmente para consumidores sem a carteira assinada, sem vínculo formal. Quando a economia desacelera, este público sofre ajustes mais fortes e quem está no meio de uma reforma paralisa as obras, ou quem está iniciando, posterga", afirma.

Lojas investem em campanhas e promoções

Para contornar a desaceleração da economia, as lojas de materiais de construção de Curitiba estão apostando em campanhas publicitárias e promoções para os consumidores. O Balaroti, que diz ter tido um aumento de vendas de 7% no semestre, diz que o lançamento de novas unidades e a ampliação de lojas ajudaram a alavancar as vendas no período. De acordo com a diretora de marketing da empresa, Talita Ballarotti Markos, mesmo com o desaquecimento do mercado, o trabalho com publicidade e propaganda ajudou a manter as vendas. "Além de abrirmos nova loja, todas as lojas cresceram, atingiram as metas. Sabemos que o mercado está desaquecido, mas fizemos bastante propaganda."

Na Cassol, a loja está acompanhando o movimento do mercado e se antecipou à crise através de promoções, como a de aniversário da empresa. Com isso, tem mantido as vendas e não sentiu as mudanças registradas pela pesquisa da Anamaco (leia no texto principal). A expectativa é atingir meio milhão de consumidores até o fim de julho nos três estados de atuação da loja – Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Incentivo

A Caixa Econômica Federal anunciou na última semana a redução das taxas de juros e ampliação do prazo da linha de financiamento de materiais de construção, o Construcard. Segundo dados do banco, de janeiro a junho deste ano foram contratados mais de R$ 79 milhões pelo cartão Construcard apenas no Paraná e mais de um R$ 1 bilhão no Brasil. Segundo o gerente regional da Caixa, Paulo de Tarso, as mudanças foram motivadas pela redução das vendas dos materiais de construção. "Eu acho que vai crescer a procura pelo financiamento agora e, com isso, vai aumentar também o consumo". Dentre as medidas que serão adotadas, a taxa mínima do Construcard passa de 1,96% ao mês para 1,4%, e a máxima não passa de 1,85% ao mês, dependendo do prazo escolhido. O prazo para amortizar a dívida também aumentou para 96 meses, mas os seis meses de carência para a execução das obras continuam.

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