
Reflexos
Processo natural exige planejamento e também a definição de limites
O encarecimento dos terrenos gerou um processo natural de verticalização, que se intensificou nos últimos cinco anos em Curitiba. "O mercado imobiliário está crescendo em toda a cidade e nos prédios a ocupação do espaço é mais favorável. Isso gera adensamento de pessoas na cidade e junto com esse investimento o que se espera é que cresça a oferta de comércio, serviços. A lógica é aumentar a conveniência para o morador", explica Marcos Kahtalian, consultor do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR).
Bianca Cassilha, funcionária do setor comercial da Brookfield Incorporações lembra que os apartamentos possibilitam a aquisição do imóvel. "Muitas vezes as pessoas querem comprar, mas não conseguem adquirir um terreno em condomínio ou a localização não é interessante", sugere.
Esse adensamento tem reflexos para toda a cidade. Além de mais gente compartilhando o mesmo espaço, sem planejamento, as regiões mais verticalizadas podem ficar sobrecarregadas e deixam de ser funcionais. "Áreas que já tem uma ocupação horizontal consolidada não podem ser verticalizadas. Um exemplo é a zona norte da cidade, que tem povoamento antigo, tradicionalmente de residências, com poucos terrenos livres. Nesses locais, o interessante seria restringir a verticalização", explica Kay Imaguire Junior, arquiteto e professor aposentado da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Além da infraestrutura, o professor comenta um reflexo comum nas regiões onde há muitos prédios: torres que projetam longas sombras, que podem contribuir para umidade e como consequência menos qualidade de vida.
Dar um passeio por qualquer região de Curitiba é certeza de encontrar canteiros de obras a todo vapor, com torres brotando do chão. A verticalização da cidade é evidente e, de acordo com os dados do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR), está mudando, principalemente, a paisagem urbana dos bairros do Sul da cidade.
Pinheirinho, Novo Mundo, Vila Izabel e Vila Guaíra, entre outros, lideram a listagem dos bairros onde estão os lançamentos de empreendimentos verticais da cidade. São mais de 5 mil prédios, que mudam o cenário de uma região que, tradicionalmente, era horizontal. Entre os fatores que propiciam o movimento estão a disponibilidade de terreno, a concentração de empresas e indústrias e o próprio indicativo da prefeitura, que começa a investir na infraestrutura da região. "O planejamento da cidade contempla aquela região. São áreas mais planas, onde há construções horizontais e muitos terrenos disponíveis. Além da potencialidade para construção, estão implantadas lá muitas indústrias e as pessoas querem morar perto do trabalho", explica Marcos Kahtalian, o consultor do Sinduscon-PR.
Esse conjunto de motivos se reflete na oferta de imóveis. "Vemos, na zona sul, a concentração de unidades econômicas, com dois ou três quartos, compactos, que costuma atender a demanda do primeiro imóvel", indica.
A concentração dos prédios no Sul também seria propícia para a integração entre Curitiba e região metropolitana. O supervisor de planejamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Ricardo Bindo, comenta que a área é a mais indicada para conectar as cidades vizinhas com a capital. "A integração exige o adensamento populacional da área, porque maior densidade reflete em maior oferta de serviços. Com isso, será possível gerar menor deslocamento, tanto para os moradores da área quanto para a população da região metropolitana", diz.
Linha Verde
Bindo explica que as condições de deslocamento estão relacionadas com o adensamento populacional e o uso do transporte coletivo. Além disso, o zoneamento da cidade prevê um melhor aproveitamento do potencial construtivo nas vias estruturais, em especial ao longo da Linha Verde. "O primeiro eixo de exposição foi o Oeste e bairros como o Campina do Siqueira e Mossunguê passaram por esse processo. Agora, é a vez do Sul, que ainda tem espaço disponível e demanda comercial para os empreendimentos", comenta.
Para as empresas, a oferta no Sul está chegando ao limite e uma nova região pode vir a se destacar. "A Região Sul teve uma exposição ótima, mas já existe uma super oferta", explica Bianca Cassilha, funcionária da área comercial da Brookfield Incorporações. E sugere: "Algumas outras regiões, como o Cabral e o Boa Vista, tem tido uma boa velocidade de vendas. Talvez, essa região possa receber os novos lançamentos".
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