É consenso entre os empresários e analistas do mercado imobiliário que 2010 foi um dos melhores anos da história para o setor. Números da construção em alta e valorização das unidades residenciais e comerciais mostram a plena recuperação, já que 2009 houve o impacto da crise econômica mundial.
A venda de imóveis novos é a que apresenta melhor desempenho, com número de lançamentos em ascensão em todas as regiões do país. O Produto Interno Bruto (PIB) do setor fechará o ano com crescimento chegando a 11%, o melhor resultado dos últimos 24 anos, segundo balanço divulgado recentemente pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). "Estamos prevendo crescimento na ordem de 6% do PIB da construção civil em 2011, cerca de 1% acima do crescimento previsto para a economia do país", afirma o presidente da entidade, Paulo Safady Simão, lembrando que o desempenho de 2010 é mais expressivo porque está comparado com o ano de 2009, quando o PIB da construção foi negativo em 0,6%.
A coordenadora de marketing da imobiliária Lopes, Luisa Martins Salles, observa que a empresa registrou aumento de 30% nas vendas de lançamentos no país. "Um aspecto interessante é o número de emprendimentos anunciados (comercializados pela empresa) nos últimos dois meses do ano. Em Curitiba, apenas em novembro e dezembro lançou-se metade do que foi lançado entre janeiro e setembro", diz. Segundo ela, isso faz estoque para janeiro e mantém o mercado aquecido. "A projeção para 2011 é de crescimento, mas temos certeza que não será o mesmo percentual de 2010 sobre 2009. Nossos estudos apontam cerca de 15% de crescimento nas vendas", diz Luisa. "Como algumas incorporadoras estão com empreendimentos viabilizados, a partir de fevereiro o mercado de Curitiba terá muitos lançamentos", diz a diretora comercial da Habitec Imóveis, Nancy Tallão.
Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR), Hamilton Pinheiro Franck, o próximo ano manterá um ritmo bom, mas não com os recordes deste ano. "Por mais três ou quatro anos há previsão de crescimento da construção civil acima do PIB", comenta, ressaltando que Curitiba e região metropolitana terão um recorde de unidades licenciadas em 2010, com cerca 35 mil. "Dessas, 10 mil são unidades verticais, o que mostra a força do mercado de incorporação", analisa.
Econômico
Na avaliação do presidente da Associação dos Dirigentes do Mecado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), Gustavo Selig, alguns produtos têm maior tendência de crescimento em 2011, como os apartamentos da linha econômica e de médio padrão. "É o tipo de apartamento com mais apelo para o mercado em Curitba, até pelas condições de crédito para esse tipo de produto", diz.
Entre os incorporadores também há o entendimento de que os imóveis com padrão médio são os que têm mais apelo comercial. A incorporadora Plaenge, que em 2010 lançou nove empreendimentos na capital, entre eles cinco de médio padrão, sinaliza para o lançamento de até 50% a mais em 2011. "A demanda por imóvel não deve diminuir em 2011, que pode não repetir os resultados excepcionais de 2010, mas será um ano muito bom", afirma Fernando Fabian, diretor da empresa.
Integrante do grupo PDG Realty, a construtora Goldfarb iniciou operações em Curitiba este ano com um lançamento em dezembro no bairro Ahú. "Pensamos em lançar entre oito e dez projetos em 2011 no segmento econômico em Curitiba. Temos cinco terrenos comprados e outros em negociação. Serão entre R$ 500 milhões e R$ 700 milhões investidos em lançamentos", explica o diretor da Goldfarb Paulo Petrin.
Para a mineira MRV, que atua em Curitiba desde 2005 sempre no segmento econômico, 2011 será de expansão para as cidades da região metropolitana e para o interior do Estado. O gestor executivo de vendas da regional sul, Marcelo Alves, afirma que há fatores colaborando para o bom momento do mercado. "O programa (do governo federal) Minha Casa, Minha Vida, o crédito abundante e facilitado e o aumento da capacidade de renda nos empolgam para os próximos anos. Hoje uma família com renda a partir de R$ 1.500 consegue comprar um imóvel", diz.
A MRV somará, até o fim deste ano, 12 empreendimentos, ou quatro mil unidades, lançados na Grande Curitiba. "Para 2011, temos previsão de lançamentos no Bairro Alto, Campo Comprido, Novo Mundo, além de São José dos Pinhais, Araucária e Ponta Grossa", diz Alves.
Crédito
Apontado como um dos responsáveis pelo desempenho do mercado, o crédito habitacional também baterá recorde em 2010. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário (Abecip), haverá aumento de 52% (sobre 2009) nos valores de financiamentos que chegarão a R$ 76 bilhões em todo o país.
A Caixa Econômica Federal segue como principal agente financiador e somou, até o fim de novembro, R$ 64,5 bilhões. Em Curitiba, a instituição atendeu a 23,2 mil famílias e emprestou cerca R$ 1,6 bilhão entre janeiro e novembro de 2010.
Números da Abecip mostram que o crédito imobiliário em utilização no Brasil é de R$ 136 bilhões. "Até 2015, a expectativa do mercado é que esse valor alcance o montante de R$ 455 bilhões, tendo também uma representatividade maior em relação ao PIB. Hoje a relação é de 4%, mas há espaço para chegar a 11%", avalia Hamilton Franck, do Sinduscon-PR.
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