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Confira a média dos apartamentos no Alto da Glória e no Água Verde |
Confira a média dos apartamentos no Alto da Glória e no Água Verde| Foto:
  • Em dia de jogo barulho e lixo na rua são alguns dos problemas que os moradores próximos do Couto Pereira enfrentam
  • Casas à esquerda pertencem ao empresário Antônio Maganhotte, que aguarda uma oferta de compra em razão da Copa 2014
  • O corretor Abdenego França não se incomoda como o vizinho Couto Pereira
  • Terrenos do Água Verde dobraram de preço em dois anos
  • Placas de imóveis à venda no entorno do estádio Couto Pereira

O desfecho violento do último jogo no Couto Pereira, na semana passada, quando o Coritiba empatou com o Fluminense e caiu para a segunda divisão, deixou em dúvida a segurança e também a valorização de casas e apartamentos que são vizinhos dos campos de futebol onde a concentração de residências no en­­torno é maior: Couto Pereira e Joa­­quim Américo.Lixo na calçada e até dentro do jardim, intimidação e dificuldade para entrar ou sair de casa são os problemas mais comuns enfrentados pelos moradores desses imóveis. "Tem gente que vem aos jogos mas não para torcer, vem para brigar e criar confusão. Se tem jogo no do­­mingo, na sexta já é preciso tomar cui­­dado, não deixar carro lá fora", conta Luiz Sérgio Zem, morador de uma casa atrás do estádio do Coritiba. No caso da agente de viagens Kivela Molinari, de 29 anos, o que mais tem incomodado é o barulho. Há quatro meses, ela alugou um apartamento em um prédio em frente ao Couto Pereira. Ela reclama que o ruído em dia de jogo é muito grande e a confusão no trânsito para entrar e sair de casa também. "Agora que acabou o campeonato vai ficar tranquilo, mas estou pensando se­­riamente em me mudar."Outro morador do entorno do Couto Pereira, o corretor Abdenego Moreira de França, ao contrário de seus vizinhos, diz não se incomodar com o campo de futebol há poucas quadras de casa. "O barulho chega aqui e a bagunça também, mas gosto da região, moro aqui há 23 anos e não me mudaria por isso. O mesmo ocorre com meus vizinhos de prédio. Até hoje apenas dois deles se mudaram."Ele e os vizinhos dizem que o campo não valoriza e nem deprecia os imóveis em termos de preço. "Pelo o que vejo, o valor é o mesmo de outros imóveis do bairro. Em três anos os apartamentos do meu prédio, por exemplo, passaram de R$ 1.400 o metro quadrado para R$ 1.700".Alguns dos apartamentos usados para vender no entorno do Cou­­to Pereira estão abaixo da média do bairro Alto da Glória verificada em outubro pelo Instituto Paranaense de Pesquisa e Desen­volvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), pelo Sin­­dicato da Habitação e Condomínios (Secovi-PR). Segundo o economista e diretor da Brain, consultoria especializada no setor imobiliário, Fábio Ta­­deu Araújo, isso não chega nem perto de ser uma regra que determine a depreciação desses imóveis em relação aos outros do Alto da Glória. O mesmo ocorre com aqueles disponíveis para locação. "O mercado é muito grande para que uma parcela que rejeita a ideia de morar perto dos estádios influencie no preço dos imóveis", avalia Araújo.Joaquim Américo

Os moradores do entorno do campo do Atlético convivem com problemas semelhantes, mas também dizem que isso não tem influência na compra ou venda dos imóveis nem na valorização dos mesmos. "Os apartamentos que são comercializados no prédio não ficam muito tempo vazios e têm aumentado de preço. Há três anos uma unidade (que tem 67 metros quadrados e dois quartos) foi vendida por R$ 80 mil. Este ano um apartamento que foi reformado acaba de ser vendido por R$ 140 mil e outro, que não teve me­­lhorias, por R$ 100 mil", conta Leoni Cavalheiro, síndica de um dos prédios de poucos andares atrás do estádio do Clube Atlético Paranaense, na Rua Coronel Dulcídio.

As casas das ruas próximas ao Joaquim Américo são usadas, em sua maioria, para fins comerciais. Algumas, porém, ainda são residências. Esse é o caso do empresário Antônio Maganhotte, 79 anos, que mora em uma casa quase ao lado do estádio do Atlético há mais de 30 anos. Ele também é dono da residência ao lado da sua. "Não tenho nú­­meros exatos porque não avaliei meus imóveis ainda, mas sei que todos por aqui praticamente dobraram de preço", diz esperançoso com uma possível oferta de compra do clube paranaense por causa da am­­pliação necessária para a Copa de 2014. Segundo ele, o terreno ao lado de sua casa foi comprado.

Pelo Inpespar, os terrenos do Água Verde passaram de uma mé­­dia de R$ 388,64 o metro quadrado em janeiro de 2007 para R$ 802,60 para janeiro deste ano e ainda R$ 992,97 em outubro passado.

Os apartamentos valorizaram de 3% (os de dois quartos) a 8,8% (os de quatro quartos) só neste ano, se­­gundo a pesquisa Perfil Imobiliário de Curitiba, feita pela Brain para a Gazeta do Povo e a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Paraná (Ademi-PR). A valorização das unidades novas no Alto da Glória foi ainda maior: 7,9% para os apartamentos de três quartos, 13,4% para os de quatro, 15% para os de dois, e 149% para os de um dormitório. Confira quadro completo com a média do metro quadrado dos apartamentos novos e usados nos bairros do Alto da Glória e Água Verde acima.

Locação segue lógica diferente

O diretor da imobiliária Noruega, empresa que tem unidades próximas tanto do Couto Pereira quanto do Joaquim Américo, José Carlos Silva, conta que três apartamentos negociados para locação pela imobiliária nos arredores do campo do Coritiba têm recebido negativas dos clientes por conta do episódio violento do último domingo. "Acredito, porém, que isso seja algo passageiro porque o acontecimento ainda está na mídia. O normal na região é que os apartamentos não fiquem vazios por muito tempo".

O "giro" desses apartamentos também é, normalmente, maior, de acordo com o diretor da Admi­nistradora Gonzaga, Roberto Gon­zaga. "É normal que aqueles imóveis do entorno girem com mais frequência, com pessoas que alugam e se mudam em seguida porque se sentiram incomodadas, mas essa movimentação não chega a influenciar o preço."

As casas da região parecem ter uma frequência de locação me­­nor. Na Rua Floriano Essen­­felder, via que fica nos fundos do estádio Couto Pereira, há duas casas disponíveis para aluguel há algum tempo, segundo os moradores. "Al­­gumas dessas residências ficam um tempão para alugar, paradas. Acredito que isso ocorra porque quem locar terá de investir bem mais em segurança do que os moradores dos prédios", relata o morador Luiz Sérgio Zem, que te­­ve sua casa invadida, assim co­­mo as de outros vizinhos.

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