Ricardo Polizzi, gestor da MRV , diz que colaboradores também ajudam a escolher os nomes.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Ao preencher um formulário ou ditar seu endereço, muitos moradores já devem ter se perguntado de onde surgiu o nome do prédio/condomínio onde vivem. A questão pode estar ainda mais presente na mente daqueles que, todas as vezes, precisam soletrar ípsilones e outros estrangeirismos que identificam sua moradia.

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A escolha do nome, ao contrário do que pode parecer, não costuma se dar ao acaso e é mais complexa do que se imagina. Isso porque as inspirações para batizar um empreendimento podem ser muitas – uma cidade famosa, um sobrenome de prestígio ou uma característica marcante do projeto –, assim como os atributos que um bom nome deve conter.

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“O nome tem o papel de traduzir o posicionamento do produto, o público-alvo e a faixa de renda que se pretende atingir”, explica o publicitário e administrador Henrique Penteado, professor do MBA em Gestão de Negócios de Incorporação e Construção Imobiliária do Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (Isae-FGV).

Mas, não é só isso. Ele também pode fazer referência aos diferenciais de inovação do empreendimento, aos tipos de plantas e à localização do imóvel. É o que ocorre, por exemplo, com o Ícaro Jardins do Graciosa, que está localizado em frente ao Graciosa Country Club e cujas unidades contam com jardins suspensos. Outro empreendimento que ilustra tais referências é o Studio Rebouças, que oferece apartamentos compactos no bairro de mesmo nome.

“Essa é a funcionalidade que o nome pode trazer, e ela não precisa estar explícita. Nomeando um empreendimento de Stradivarius [marca do melhor violino do mundo], a construtora estará posicionando-o para um público de alta renda, que tem a referência sobre a sofisticação deste nome”, exemplifica Penteado.

Ainda segundo o professor, quanto mais elevado o padrão do projeto, mais se buscam nomes requintados e em outros idiomas. A medida que ele tem menor valor agregado, a mensagem costuma estar mais ligada à funcionalidade.

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Votação

Um banco de nomes é o ponto de partida adotado pela construtora Plaenge para batizar seus empreendimentos. Alimentado por sugestões inseridas pelos colaboradores, ele é acessado pelos gerentes regionais, encarregados de pré-selecionar cerca de dez sugestões e as enviar para os diferentes setores da empresa.

“Enviamos as opções e um briefing com as características do projeto. Então, fazemos uma votação, da qual participam colaboradores de todas as áreas. O nome mais votado é o que batizará o empreendimento”, explica William Max Ribeiro, gerente regional da Plaenge.

Tais nomes, por sua vez, não seguem critérios definidos e são, geralmente, inspirados na arquitetura, na geografia, em cidades e nas artes, como é o caso do Mondrian Residence, que faz referência ao pintor modernista Piet Mondrian.

Categorias

Na MRV Engenharia, o processo de escolha dos nomes também conta com a sugestão dos colaboradores e parte da categorização do projeto. Os empreendimentos formados por blocos de até cinco pavimentos, geralmente sem elevador, têm o “Parque” como primeiro nome, enquanto os de torres mais altas são chamados de “Spazio”.

O complemento, como conta Ricardo Polizzi, gestor executivo de desenvolvimento imobiliário da empresa, costuma ser algo mais sugestivo, muitas vezes relacionado à uma personalidade ou característica geográfica, além de ter a primeira letra fazendo referência à cidade onde a obra será construída. Assim nasceu, por exemplo, o Spazio Connection, em construção no Fanny, em Curitiba.

“Esses critérios também facilitam a comunicação dentro da empresa, pois, pelo nome, conseguimos identificar a categoria e a localização da obra”, acrescenta o gestor.

Batismo

Um campeonato mundial, a referência a um artista renomado ou à cidade onde a obra será construída. As inspirações para a escolha dos nomes dos empreendimentos são muitas e variam conforme os critérios e objetivos de cada empresa. Conheça algumas delas.

Edifício Guadalajara

A conquista do tricampeonato mundial pela seleção brasileira de futebol serviu de inspiração para a incorporadora Thá batizar o empreendimento que entregou na Rua Conselheiro Laurindo, em 1970. Batizado de Guadalajara, o edifício recebeu o nome de uma das cidades que sediaram a Copa do Mundo daquele ano, realizada no México.

Marc Chagall

O artista mundialmente conhecido por suas obras surrealistas, Marc Chagall, foi a inspiração para o nome do mais recente lançamento da construtora Plaenge em Curitiba. Localizado no Ecoville, o empreendimento conta com apartamentos amplos e diversas opções de áreas comuns.

Parque Chalet

Em construção no Santa Cândida, o Parque Chalet foi batizado de acordo com os critérios estabelecidos para a escolha dos nomes pela MRV Engenharia. O termo “Parque” faz referência ao padrão do projeto, com torres de poucos pavimentos. Iniciando pela letra c, o complemento “Chalet” faz referência à Curitiba, local onde a obra está localizada.

7th Avenue Live & Work

O endereço na Avenida Sete de Setembro foi um dos motivos que levaram a incorporadora Thá a batizar o empreendimento de 7th Avenue. O fato de a avenida ser a sétima criada em Curitiba e de o projeto ter sido inspirado na 7ª Avenida de Manhattan também influenciaram a escolha. O nome ainda faz referência às torres do empreendimento, que reúnem moradia e trabalho.