"Acho que em qualquer época eu teria amado a liberdade; mas na época em que vivemos, sinto-me propenso a idolatrá-la"
(Tocqueville)

Alguns dados e gráficos sobre o Coronavírus

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Leitos para tratamento da covid-19 no RJ

siteOur World in Data” (Nosso Mundo em Dados, na tradução), organizado pela Universidade de Oxford, e utilizado como recurso de aprendizado em outras grandes instituições como Cambridge e Stanford, criou um link especificamente sobre os dados relativos ao novo Vírus Chinês. O site conta com informações do mundo e de vários países isoladamente, inclusive Brasil. Vale muito a visita.

Os dados ainda não são tão precisos, especialmente porque o número de testes em alguns países ainda é insuficiente (o Brasil mesmo é um país com conta com um baixo quantitativo de testes realizados). Também por dificuldades em compilar informações do mundo todo, ainda mais porque diversas nações têm condições insatisfatórias de produção e divulgação de dados confiáveis. De todo modo, a principal fonte de informação do site é a Organização Mundial da Saúde, que atualiza os diariamente os dados a respeito do COVID-19.

Vou tentar descrever neste post alguns dados que chamaram minha atenção.

Um primeiro ponto: não basta verificar o número atual de contaminações e mortes. Como o número cresce de modo exponencial (ou seja, em progressão geométrica: 500… 1000… 2000… 4000… 8000… 16.000), a velocidade com que o número de vítimas tem avançado é muito relevante. Caso a evolução seja excessivamente rápida, mesmo um número baixo hoje irá se transformar numa cifra muito significativa em pouco tempo.

site registra que pesquisas mostram que as pessoas têm dificuldades em raciocinar em termos de progressão geométrica. Nossas expectativas, em geral, são formadas de modo linear, isto é, em progressão aritmética: 1…2…3 etc. Esse fenômeno faz com que as pessoas tendam a subestimar os números iniciais e se assustem ao checar os dados poucos dias depois.

Daí a importância de averiguar o tempo que os quantitativos de infectados e mortos têm levado para dobrar em cada país.

Para ter uma ideia da potência da progressão geométrica, mencionamos um exemplo: se num determinado local os números dobram a cada 2 (dois) dias, em pouco mais de 3 semanas, o número já teria crescido exponencialmente por 11 vezes.

Perceba o enorme impacto disso: se tivéssemos 500 casos no primeiro registro, ao final desses 22 dias, chegaríamos a mais de 1 (um) milhão de casos. É muito impressionante. Talvez você não esteja acreditando. Eu não acreditei. Então vou realizar os cálculos aqui com você, para te provar: começamos com 500, após 2 dias teremos…

  1. 1.000…
  2. 2.000…
  3. 4.000…
  4. 8.000…
  5. 16.000…
  6. 32.000…
  7. 64.000…
  8. 128.000…
  9. 256.000…
  10. 512.000…
  11. 1.024.000…

Impressionante, não?!? Daí a importância de retardar a velocidade das contaminações. Clicando aqui, você pode acessar a quantidade de dias que o número de vítimas fatais tem levado para crescer no mundo e em vários países. Mundialmente, hoje (18 de março, 15h17m. no horário de Brasília), o registro é de 9 dias. Espanha, Holanda, Reino Unido e Filipinas têm as piores marcas, levando apenas dois dias.

Eis o gráfico do número de confirmações diárias de mortes (até 17 de março), no Mundo (em vermelho) e na China, já em declínio (na cor azul):

daily-deaths-covid-19-who

Exatamente o mesmo raciocínio se aplica para o número total de infectados. Hoje esse número dobra a cada 15 dias no mundo. Na China, onde o problema já decai (ao menos se os dados forem confiáveis), o quantitativo dobra a cada 36 dias. Lembre que pela progressão geométrica, isso faz com que a China demore muito mais para o número absoluto crescer. Em vários países o número dobra diariamente.

Eis o gráfico das confirmações diárias de novos casos. Em laranja o número mundial; em vermelho, o da China (que se confunde com o número mundial até final de fevereiro); em azul o Brasil; e, em verde, a Coreia do Sul.

daily-cases-covid-19-who

Abaixo você tem a taxa de fatalidade por idade (baseada nos dados da China). A imagem demonstra graficamente o que temos ouvido, no sentido de que pessoas com mais de 60 anos precisam se cuidar de modo especial.

De toda maneira, perceba que mesmo entre as pessoas com mais de 80 anos, menos de 15% dos casos geram óbito. Assim, apesar da taxa de letalidade extremamente elevada nessa faixa etária, mais de 85% sobrevivem:

Coronavirus-CFR-by-age-in-China-1 (1)

No gráfico a seguir você tem os percentuais que indicam o grau de severidade dos sintomas (também baseando-se nos números chineses). Entre casos severos e críticos chega-se a algo próximo dos 20%:

Severity-of-coronavirus-cases-in-China-1

De todo modo, ainda que os sintomas mais graves não sejam tão comuns fora dos grupos de risco, o artigo ressalta, como os textos de modo geral sobre o tema têm feito, que um dos grandes problemas da doença é a taxa de internação hospitalar, o que exige a adoção da estratégia de reduzir a velocidade da contaminação, a fim de diluir no tempo os casos que ocuparão vagas no sistema de saúde.

É o que explica este último gráfico:

Flattening-the-curve-3

site do Our World in Data sobre o Coronavírus é atualizado diariamente. Vale a visita sempre que quiser se informar, de forma gráfica e didática, sobre a situação mundial e nas diferentes nações.

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