"Acho que em qualquer época eu teria amado a liberdade; mas na época em que vivemos, sinto-me propenso a idolatrá-la"
(Tocqueville)

E ainda não acredito em nada…

Imprimir Artigo
…E morreu. O título é trecho de uma música que eu sei que espelha o que sentia o seu autor. Estamos discutindo hoje se a música afeta ou não a opinião pública, o senso comum. Se as letras apenas refletem um momento cultural ou se induzem esse momento.

Mas aqui temos o exemplo pessoal. Warrel Dane certamente escrevia sobre seus sentimentos pessoais e durante anos acompanhei, às vezes angustiado, como ele buscava o sentido a todo custo e caía por fim num niilismo triste. E então morreu.

Warrel Dane, falecido ex-vocalista das bandas Sanctuary e Nevermore.
Warrel Dane

 

Será que encontrou, afinal, algum sentido transcendente à sua própria existência? Só Deus sabe. Mas eu vi como ele narrou em músicas seu mergulho no espiritismo, nas drogas, na mística oriental, entre o desespero do Nada e a esperança de que o céu se abrisse e lhe trouxesse as respostas, mas…

As respostas vinham tão claras e de repente sumiam. Por um momento ele tinha se perfeito. E então se esquecia de tudo e voltava ao nonsense da vida amputada do transcendental.

Ele sabia do transcendente. Ele sabia, como Lavelle, que tinha que se agarrar a esses momentos de abertura ao infinito, à totalidade do Ser. Mas ele se esquecia e, como muitos, mergulhava em raias oblíquas, tentando chegar ao outro lado sem se afogar.

E eu o levei a sério. Muitos o amamos e esperávamos que ele achasse algo, acreditasse em algo e nos desse por fim uma poderosa música que nos elevasse como um sacramento.

 

Cleber Tavares Neto é Procurador da República (MPF) em Angra dos Reis.

Instagram: https://www.instagram.com/cleberneto/

Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCY011dQWI0Kn_BB-vay1eow

Compartilhe:

8 recomendações para você

Desenvolvido por bbmarketing.com.br