"Acho que em qualquer época eu teria amado a liberdade; mas na época em que vivemos, sinto-me propenso a idolatrá-la"
(Tocqueville)
A Profecia de Milton Friedman que, infelizmente, se aplica ao Brasil
“Uma sociedade que coloque a igualdade – no sentido de igualdade de renda – acima da liberdade terminará sem qualquer uma das duas: igualdade ou liberdade. O uso da força para alcançar a igualdade irá destruir a liberdade, e a força, introduzida inicialmente para bons propósitos, acabará nas mãos de pessoas que a usarão para promover seus próprios interesses.”
A profecia acima é do grande economista e intelectual Milton Friedman, prêmio Nobel em 1976. E ela não poderia se aplicar melhor ao Brasil.
Nas últimas décadas o Estado cresceu enormemente no país. De fato, o gasto público disparou, como se percebe do gráfico a seguir:
A carga tributária, por sua vez, cresceu percentualmente em relação ao PIB algo próximo de 10% entre 1996 a 2015. Em 2013, segundo estudo da OCDE, era a maior da América Latina, abocanhando 35,7% de tudo o que foi produzido. Isso sem contar a inflação, que também é um modo de tributo.
1ª Consequência: a liberdade foi, de fato, destruída
Segundo o Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation, entre 2010 e 2018 caímos nada menos do que 40 posições.
No ranking de Liberdade Econômica do Fraser Institute, entre 2005 e 2018 despencamos 37.
Não é só uma questão financeira. Em nosso post “15 gráficos que mostram por que a Liberdade Econômica Importa” buscamos mostrar que
“entre os maiores flagelos da humanidade sempre estiveram a miséria econômica e a tirania política.
O Índice da Heritage Foundation demonstra com análise clara, metodologicamente rigorosa, e logicamente concludente que a liberdade econômica pode auxiliar a solucionar ambos.
Seu estudo deixa patente o nexo de causalidade entre liberdade econômica e geração de riqueza, empreendedorismo, redução da pobreza, melhoria nos níveis de desenvolvimento humano, mobilidade social ascendente, democracia e meio ambiente“.
Aliás, no Índice de Liberdade Humana da Fraser Institute, que leva em conta além da liberdade econômica as liberdade civis básicas, o Brasil caiu da 65ª posição em 2010 para a de número 120 em 2015. Desde 2012 estamos abaixo da média mundial e regional para o quesito.
2ª Consequência: a força acabou nas mãos de pessoas que a usaram para benefício próprio
Nesses mesmos anos o Brasil conheceu o seu maior caso de corrupção, o qual entrou para os anais da história como um dos maiores do globo.
No ano de 2003 estávamos na 57ª colocação do índice de percepção da corrupção da Transparência Internacional. Em 2018 fomos o 96º país.
No âmbito social não é diferente, ao contrário do que dizem os envolvidos no escândalo para tentar justificar sua conduta: o Brasil em 2015 era o décimo país mais desigual da face da terra.
Em 2016, um quarto da população vivia abaixo da linha da miséria, segundo o IBGE.
Alguns resultados positivos vieram a reboque do contexto internacional:
A fome caiu no mundo todo, despencando também no Brasil até 2005, mantendo-se depois estagnada, como se percebe do gráfico a seguir:
O mesmo ocorreu com a desigualdade. Ela despencou em toda a região, de modo que o Brasil apenas acompanhou o movimento.
A miséria também. Caiu drasticamente no mundo todo.
Veja o seguinte gráfico da miséria no mundo:
O Brasil sofreu o influxo positivo do cenário mundial, mas internamente teve um desempenho medíocre.
Consoante dados colhidos entre 2001 e 2015, o Brasil foi o país com maior concentração de renda no topo da pirâmide.
Um terço da desigualdade era promovida pelas ações do próprio governo, segundo estudo publicado em 2013.
Dentro da lista das pessoas mais ricas do país é muito claro que a maioria – senão todos – têm íntimas relações com o Estado: ou são donos de empresas com concessões públicas (como canais de televisão); construtoras com gigantescos contratos estatais; detentores de vultosos empréstimos subsidiados pelos BNDES etc.
A análise comparativa do Brasil com outros países semelhantes entre 2003 e 2012 é desalentadora. Ela foi realizada em um estudo pelos economistas João Manoel Pinho de Mello (professor do Insper, Ph.D pela Stanford University), Vinicius Carrasco (professor da PUC Rio e Ph.D pela Stanford University) e Isabela Duarte (mestre pela PUC Rio), em trabalho intitulado: “A Década Perdida: 2003 – 2012”, onde compararam o Brasil com outras nações emergentes. A conclusão é dramática:
“o Brasil, em relação ao melhor grupo de comparação:1) cresceu, investiu e poupou menos; 2) recebeu menos investimento estrangeiro direto e adicionou menos valor na indústria; 3) teve mais inflação; 4) perdeu competitividade e produtividade, avançou menos em Pesquisa e Desenvolvimento e piorou a qualidade regulatória; 5) foi pior ou igual em quase todos os setores importantes; 6) a distribuição de renda, a fração de pobres, e a subnutrição caíram em linha ou um pouco menos; 7) a escolaridade avançou menos, a despeito de maiores gastos; 8) a saúde andou em linha. (…) Neste sentido a década foi perdida.”
Não por acaso “Década Perdida” também foi o nome do livro de autoria do historiador Marco Antônio Villa, abordando o mesmo período.
E ainda é preciso contar que os demais países tiveram em geral crescimento sustentável, dado que fizeram reformas. Já o Brasil ao final de 2014 ingressou na pior recessão de sua história, fato que jogou mais de 8 milhões de pessoas para baixo da linha da miséria e destruiu milhões de empregos.
Conclusão:
É incontestável o acerto da Profecia de Friedman: o uso da força supostamente para alcançar a igualdade destruiu a liberdade; e a força, aceita pela população almejando bons propósitos, acabou nas mãos de pessoas que a usaram para promover seus próprios interesses.
Por isso, é tempo de mudanças e tempo de reformas.
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