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Tatiane Moreira Lima foi mantida refém por homem que era réu em um processo que ela conduzia. | Gabriela BilóEstadão Conteúdo
Tatiane Moreira Lima foi mantida refém por homem que era réu em um processo que ela conduzia.| Foto: Gabriela BilóEstadão Conteúdo

O júri popular condenou na noite desta terça-feira (4) Alfredo José dos Santos pela acusação de tentativa de assassinato qualificada e cárcere privado da juíza Tatiane Moreira Lima. Ele deverá cumprir 20 anos de prisão pelos crimes. Em 30 de março de 2016, Santos invadiu o Fórum Regional do Butantã, na zona oeste de São Paulo, e ameaçou incendiar a magistrada, tendo também atirado um coquetel molotov em um segurança para chegar à sala de audiências – o homem foi absolvido de tentar matar esse servidor.

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O julgamento, que começou na manhã da segunda-feira (3) terminou na noite de terça após um dia marcado pelos embates entre a acusação e a defesa. Prevaleceu a versão da promotoria de que Santos tentou matar a juíza. Os advogados do réu sustentavam que em nenhum momento ele tentou assassinar a magistrada, querendo apenas chamar atenção da mídia para um processo em que se dizia inocente.

Tatiane era a juíza responsável pelo julgamento de um processo em que Santos era acusado de agredir a ex-mulher com quem disputava a guarda de um filho de 5 anos. No dia 30 de março de 2016, ela permaneceu refém por cerca de 20 minutos até policiais militares conseguirem render o homem de 37 anos e prendê-lo.

Durante cinco horas, acusação e defesa debateram as provas do processo. Para o promotor Rogério Leão Zagallo, era clara a intenção de Santos de matar a juíza. "Ele quis, sim, matar. Assumiu o risco e chegou a tentar acionar o isqueiro, que não funcionou", disse.

Já a defesa, que pedia a condenação só pelo crime de cárcere, tentava a absolvição dos crimes de tentativa de homicídio. "Ele tem de ser responsabilizado na medida da sua culpa. Ele entendeu que não tinha alternativa senão chamar atenção para uma injustiça que acreditava estar sofrendo. Foi uma atitude grave, sem dúvida, mas ele não tentou matar", disse o advogado Damilton Lima de Oliveira Filho.

Santos acompanhou todo o julgamento no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste, escoltado por dois policiais militares. Com uniforme marrom da Penitenciária 2 de Tremembé e chinelos brancos, ele voltou a chorar nesta terça durante seu interrogatório. Ele já havia chorado na segunda ao ouvir o depoimento da atual mulher. Ele agora deverá continuar preso no interior do Estado.

O juiz Adilson Paukoski Simoni, da 5ª Vara do Júri da Capital, leu a sentença por cerca de 15 minutos em frente ao réu. Ele estipulou a pena em 16 anos e 8 meses pela tentativa de homicídio e 3 anos e 4 meses pelo cárcere. "Apesar das lesões leves, bastaria acender o isqueiro ou produzir qualquer faísca eis que a vítima estava envolta em substância inflamável", disse.

Ele escreveu ainda que o acusado "manteve uma postura de verdadeira vítima das circunstâncias, demonstrando personalidade intensamente dissimulada". A defesa informou que recorrerá contra as condenações.

Já a promotor Zagallo disse que avaliará recorrer contra a absolvição de uma das tentativas de assassinato, enquanto comemorou as outras condenações. "A pena foi expressiva e proporcional à ousadia, ao que ele fez, à periculosidade", disse. A Justiça negou a possibilidade de o réu recorrer em liberdade.

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