A eleição da lista tríplice para Procuradoria-Geral da República (PGR) está definida. Mário Bonsaglia (478 votos), Luiza Frischeisen (423) e Blal Dalloul (422) foram escolhidos para a lista tríplice da PGR, entre dez inscritos para compor a lista entre os nomes que serão "oferecidos" ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) para a escolha do novo procurador-geral da República.
946 membros ativos do Ministério Público Federal (MPF) participaram da eleição, o que representa 82,5% da categoria. O resultado foi divulgado no início da noite desta terça-feira (18) pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), entendida privada que organiza a lista desde 2001, e segue agora para as mãos do presidente.
Bolsonaro não é obrigado a respeitar o resultado da lista e ainda não se comprometeu com o resultado. Nesta segunda-feira (17), afirmou que “ todo mundo, todos que estão dentro, fora da lista, tudo é possível. Vou seguir a Constituição”.
Interlocutores se movimentam para conseguir a recondução da atual PGR, Raquel Dodge, mesmo não tendo se inscrito para concorrer. O subprocurador-geral Augusto Aras se lançou candidato “fora da lista”.
O PGR chefia, além do Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público Militar (MPM), Ministério Público do Trabalho (MPT) e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Desde 2003, todos os procuradores-gerais foram escolhidos entre os nomes da lista tríplice.
Lista tríplice da PGR: escolhidos
Confira quem são e o que pensam os três nomes escolhidos na eleição da lista tríplice da PGR:
Mário Bonsaglia
Subprocurador-geral da República desde 2014, Mário Bonsaglia ingressou no MPF em 1991. Ex-diretor da ANPR entre 1999 e 2001, conselheiro no CNMP entre 2009 e 2013 e membro do CSMPF entre 2014 e 2018, Bonsaglia coordenou a 7ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF (Controle Externo da Atividade Policial e Sistema Prisional) e hoje integra a 6ª Câmara (Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais).
Discreto, visto como técnico e independente de grupos no MPF, Bonsaglia figurou como terceiro colocado nas listas tríplices de 2015 e 2017. Procurado pela Gazeta do Povo, afirmou estar “preferindo reduzir ao máximo as entrevistas” e estar “concentrado na campanha interna”. Pela independência e perfil discreto, é visto como uma boa opção para agradar ministros do STF, parlamentares e, ao mesmo tempo, membros da carreira.
Luiza Frischeisen
Subprocuradora-geral da República desde 2015, Luiza Frischeisen é a única mulher concorrendo à lista tríplice da PGR este ano. Na carreira desde 1992, Luiza foi conselheira do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) entre 2013 e 2015, e integra o CSMPF desde 2017 – cargo para o qual acaba de ser reeleita, em primeiro lugar, com 575 votos dos colegas. Atualmente coordena também a 2ª Câmara de Coordenação e Revisão (Criminal) do MPF.
De fala rápida, apontada como uma das favoritas, Luiza sempre demonstra um domínio enciclopédico de tudo que ocorre no MPF. Em entrevista à Gazeta do Povo, defendeu que o CNMP deveria seguir o exemplo do CNJ e produzir mais estatísticas sobre o Ministério Público, a fim de aumentar a transparência da carreira. Embora tenha trânsito com a Lava Jato, Luiza é bastante próxima do subprocurador Nicolao Dino. Apresentou sua candidatura um dia após Dino anunciar desistência, e tem uma carreira atuante em temas progressistas, o que pode dificultar o meio de campo com Bolsonaro.
Blal Dalloul
Procurador regional da República desde 2010, Blal (lê-se “Blêu”) Dalloul ingressou na carreira em 1996, mas, antes disso, atuou por 11 anos como servidor do MPF. Foi secretário-geral do MPU na segunda gestão de Rodrigo Janot (2016-2017) e secretário-geral do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) entre 2013 e 2016. Nascido no Mato Grosso do Sul, atualmente exerce o ofício criminal na Procuradoria Regional da República da 2ª Região (Rio de Janeiro e Espírito Santo).
Em entrevista à Gazeta do Povo, Blal evitou entrar em bolas divididas e comentar temas em que colegas, exercendo sua função, já tivessem se manifestado, como no o caso da reforma trabalhista. Em outros, preferiu jogar a bola para o Congresso Nacional: foi o caso do aborto e da discussão sobre o Escola sem Partido. As respostas seguiram o perfil afável do candidato, que deu ênfase à necessidade de diálogo e respeito no MPF.
Outros candidatos
Em seguida aos três mais votados, vieram os procuradores-regionais Lauro Cardoso (356 votos), Vladimir Aras (346), José Robalinho Cavalcanti (191); e os subprocuradores-gerais da República José Bonifácio Borges de Andrada (154), Nívio de Freitas (127); Antonio Carlos Fonseca (29), e Paulo Eduardo Bueno (20).
Leia as entrevistas
Foram candidatos à lista tríplice os procuradores regionais Blal Dalloul, José Robalinho Cavalcanti, Vladimir Aras e Lauro Cardoso, e os subprocuradores-gerais Luiza Frischeisen, José Bonifácio de Andrada, Paulo Eduardo Bueno, Antonio Carlos Fonseca Silva, Nívio de Freitas e Mário Bonsaglia.
Os nomes que concorrem à lista, mesmo se não estiverem entre os três escolhidos, costumam ser de pessoas importantes no MPF, muitas das quais exercem cargos na própria PGR. É o titular da cadeira que escolhe, entre os 72 subprocuradores, a equipe que vai atuar nos casos criminais no STF, por exemplo. Clique em cada um deles para ler a entrevista completa que a Gazeta do Povo fez com os candidatos e conhecê-los melhor.
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