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Os pais de Charlie Gard, o bebê de 11 meses que está internado desde outubro na Inglaterra, desistiram da batalha judicial para salvar a vida de seu filho. Desde abril, a Justiça britânica já havia autorizado o hospital a desligar os aparelhos, mas Connie e Chris recorreram até à Corte Europeia de Direitos Humanos para tentar reverter a decisão. O caso despertou comoção internacional e, na semana passada, a Justiça reabriu o processo para a apresentação de novas evidências sobre o estado de saúde do pequeno, mas seus pais agora concluíram que os danos cerebrais do bebê são irreversíveis.

O jovem casal inglês lutava na Justiça para levar Charlie para os Estados Unidos, onde um médico oferecia um tratamento ainda não testado em seres humanos, nem em animais. De acordo com declarações do advogado do casal à mídia inglesa, os pais concluíram “que é tarde demais para Charlie, o tempo se esgotou, o dano muscular tornou-se irreversível e o tratamento não tem mais chances de sucesso”. O médico americano que oferecia o tratamento examinou o menino pessoalmente na semana passada.

Leia mais: O Estado pode impedir pais de tentar salvar um filho doente?

“Charlie esperou pacientemente pelo tratamento. Devido ao atraso, a janela de oportunidade se perdeu”, declarou ainda. Connie e Chris chegaram a arrecadar mais de 1,3 milhões de libras esterlinas em uma campanha na internet para custear o tratamento do filho, mas o hospital onde a criança estava internada acionou a Justiça para permitir o desligamento da ventilação artificial. De acordo com a BBC, os pais do bebê pretendem usar o dinheiro para criar uma fundação “para que voz de Charlie continue a ser ouvida”.

Ao tribunal, a mãe de Charlie declarou que ela e seu marido “só queriam dar ele uma chance de viver”. “Muito tempo foi desperdiçado”, acrescentou.

Entenda

Charlie Gardie sofre de uma doença extremamente rara chamada Síndrome da Depleção do DNA Mitocondrial – MDDS, na sigla em inglês. A doença ataca o DNA das mitocôndrias, que produzem toda a energia de que o corpo humano precisa, levando à degeneração progressiva de todas as funções corporal. A condição do bebê é ainda mais rara, porque sua MDDS atinge também os neurônios.

Internado desde outubro no Hospital Great Ormond Street, Charlie sofreu uma série de convulsões em janeiro deste ano, o que levou os médicos a concluírem que seu caso era irreversível. Os pais do bebê queriam levá-lo para os Estados Unidos e, diante da discordância, a Justiça britânica foi chamada a resolver o caso e deu ganho de causa para o Great Ormond Street.

Os pais recorreram da decisão, mas perderam mais duas vezes na Justiça Britânica. No final de junho, a Corte Europeia de Direitos Humanos, última esperança de Connie e Chris Gard, recusou-se a ouvir o caso. Foi quando a história de Charlie ganhou o mundo e causou uma onda de comoção, levando até o Papa Francisco e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a manifestarem-se no Twitter. O Congresso americano está discutindo conceder cidadania para Charlie e seus pais.

Com informações do jornal The Guardian

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