Imagem ilustrativa.| Foto: Stefano Pollio/Reprodução/Unsplash

Detida em um presídio feminino, Karen White, uma mulher transgênero da Inglaterra, admitiu ter abusado sexualmente de duas presas, noticiou a imprensa do país nos últimos dias. 

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Nascida Stephen Wood, Karen, de 52 anos, veste-se e se apresenta como mulher. Ela já passou por operações para ficar mais próxima da figura feminina, mas ainda não se submeteu a uma cirurgia de transgenitalização, a chamada “mudança de sexo”, tampouco mudou seu registro civil (de homem para mulher). 

A inglesa estava em prisão preventiva desde 2017, acusada de ter estuprado uma mulher no ano anterior. Karen já havia sido presa em 2001, por molestar sexualmente uma criança. 

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Os abusos na penitenciária ocorreram entre setembro e novembro do ano passado. Em um dos casos, Karen teria forçado seus quadris e pênis contra uma colega, informou o Telegraph. Inicialmente, ela negou os ataques, sob a justificativa de que não se sentia atraída por mulheres. Na última quinta-feira (6), porém, admitiu os abusos ao se apresentar às autoridades. 

Na Inglaterra, se um preso se identifica com o gênero oposto, mas ainda não mudou seus documentos ou passou por cirurgia, um comitê se reúne para analisar o caso e verificar em que tipo de prisão o réu deverá ser alocado. Esse comitê, contudo, deve levar em consideração não apenas o crime pelo qual a pessoa está sendo acusada, mas também seus antecedentes criminais. Tais questões foram ignoradas em relação a Karen White. 

Karen White foi acusada de estuprar uma mulher em 2016. 

“Pedimos sinceras desculpas pelos erros cometidos nesse caso. Enquanto trabalhamos para administrar todos os prisioneiros, incluindo aqueles que são transgêneros, com sensibilidade e em conformidade com a lei, sabemos que nossa absoluta prioridade deve ser a segurança de todos os internos”, diz comunicado emitido pelo Sistema Penitenciário do país. 

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Pesquisa do Ministério da Justiça do Reino Unido indicou que 125 transgêneros estão presos na Inglaterra e no País de Gales, sendo que 60 foram condenados por crimes sexuais, sem referência a quais seriam os gêneros biológicos e de identificação desses presos.

Atualmente, o governo inglês realiza consulta pública a respeito da reforma do Gender Recognition Act, lei de 2004 que prevê os trâmites para a mudança dos registros civis de transgêneros. A ideia é desburocratizar o processo, que pode levar até cinco anos, segundo informações do The Guardian.

Brasil

No Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, em março de 2018, a possibilidade de alteração do gênero nos registros civis de transexuais independentemente da realização de cirurgia. A Corte também dispensou a necessidade de laudo médico ou autorização judicial para a mudança. Na ocasião, a Gazeta do Povo explicou quais podem ser os imbróglios legais decorrentes da decisão do STF.

Tramita também no STF uma ação da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais que pede, por meio da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 527), que mulheres transexuais e travestis, mesmo que não tenham passado pela operação possam estar na mesma cela que mulheres cisgênero (pessoas que se identificam com o gênero com o qual nasceram).

Em agosto, a Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestou de forma contrária ao pedido feito na ADPF 527, afirmando que aos presos trans, recolhidos em unidades prisionais masculinas e que não passaram por cirurgia, “serão ofertados espaços de vivência específicos, se assim o desejarem”.

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