Lois Kim escreveu e ilustrou “Mommy Loves You” (“Mamãe te ama”, em tradução livre) enquanto estava presa.| Foto: Reprodução

A última coisa que Lois Kim esperava quando foi colocada no Centro Correcional Comunitário Feminino em Kailua, no Havaí, era que sairia do local como uma autora publicada de histórias infantis.

CARREGANDO :)

Lois é uma das cerca de cem mulheres que já participaram do Haku Mo’olelo, um programa de 12 semanas que orienta presas a escrever e ilustrar suas próprias histórias, com foco em pontos que elas desejam que seus filhos ou netos aprendam ou conheçam. As mulheres também gravam uma versão em áudio das histórias. O material é enviado para familiares das detentas. Até o último mês de setembro, 57 livros haviam sido publicados.

“O projeto trouxe um raio de luz ao momento mais sombrio da minha vida”, afirmou Lois. Agora, fora da prisão, ela trabalha em tempo integral, está junto de sua filha novamente, e planeja usar seu livro “Mommy Loves You” (“Mamãe te ama”, em tradução livre), da editora Watermark Publishing, para ajudar outras pessoas.

Publicidade

Confira: Hortas comunitárias ajudam a recuperar presos na Califórnia

A ideia por trás do Haku Mo’olelo, que em havaiano significa “compor histórias”, partiu da educadora aposentada Judy Saranchock. Ela também atuou como diretora executiva da Read to Me International, organização sem fins lucrativos que promove a leitura para crianças, oferecendo programas de treinamento para as famílias.

Judy se inspirou no sucesso de um projeto da própria Read to Me International desenvolvido na prisão de Kailua, em que as detentas gravavam versões em áudio de livros infantis conhecidos. A voluntária, então, pensou “por que não ajudá-las a escrever e ilustrar suas próprias histórias?”. E assim o Haku Mo’olelo começou a tomar forma há dois anos. O projeto é tocado integralmente por voluntárias com mais de 50 anos, a maioria formada de professoras aposentadas.

Joy Ritchey, educadora artística aposentada, soube do projeto por meio da associação de professores Alpha Delta Kappa. Ela participa ativamente do Haku Mo’olelo desde a fase inicial do projeto. 

“O que eu mais gosto no projeto é que todos os envolvidos têm algo a contribuir para que o programa continue ativo”, disse a arte-educadora.

Publicidade

Leia também: Como a educação liberta presos no Paraná

Joy acrescenta que muitos adultos têm dificuldade em se sentir confiantes em relação a seu lado criativo. “É importante para as mulheres que participam do projeto que se sintam encorajadas, que saibam do valor que têm, e que suas vidas contempla um significado e propósito”, opina. “A qualidade de vidas delas melhora quando se dedicam a ler, escrever, desenhar, a serem criativas”.

A também professora aposentada Jo Ann Stepien dedica duas horas de suas segundas-feiras às detentas. “Eu gosto de ouvir suas histórias de vida e ajudá-las a extrair o essencial [para os livros], para depois ver o produto final”, conta. “É uma alegria ver a cara delas quando entendem que trabalharam muito duro e alcançaram um objetivo”.

As voluntárias do Haku Mo’olelo se consideram “encorajadoras”, continua Jo Ann, pois entendem que encorajam as mulheres a ir além do que elas imaginam ser capaz.

“Eu ainda não tinha me dado conta do passado difícil que ela teve. Pensava apenas que ela tivesse me abandonado por não me querer mais”, afirmou. “Mas agora eu sei que ela me quer como uma parte de sua vida, e que o passado foi apenas um acidente”.

Publicidade