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Imagem ilustrativa. | Reprodução/Aaron Mello/Unsplash
Imagem ilustrativa.| Foto: Reprodução/Aaron Mello/Unsplash

No fim de outubro último, o notório mafioso James “Whitey” Bulger foi encontrado morto em sua cela no presídio de segurança máxima onde cumpria pena perpétua de prisão, em Virgínia Ocidental, nos EUA. Tudo indicava que Bulger fora vítima de assassinato. Muitos disseram que foi um fim apropriado para um homem que seria culpado de inúmeras mortes. Mas não podemos compartilhar de tal satisfação.

Talvez devido à mitologia mostrada em filmes que têm o sistema prisional como cenário, ou da atitude dura destinada a prisioneiros, a sociedade americana ainda aceita a tortura como consequência esperada, até mesmo desculpável, do encarceramento. Espancamentos, estupros e até assassinatos ocorridos na prisão são objeto de piadas, não de indignação com a carnificina que se dá em instituições administradas pelo governo. Parece que Whitey Bulger foi espancado até a morte, um golpe provavelmente relacionado à máfia. 

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Detentos violentos e descontrolados não são o único problema do sistema prisional norte-americano. Às vezes, são os próprios funcionários que atuam como torturadores. Muitos dos presos ainda estão trancados em confinamento solitário em celas minúsculas, 23 horas por dia. Pergunte a qualquer um que tenha passado por esse inferno físico e emocional: é uma situação miserável que deveria ser reservada apenas a casos excepcionais que exigem a remoção de um prisioneiro da convivência dos demais internos. É razoável exigir que os funcionários mantenham a ordem e se abstenham de punições extremas. 

A falha em manter a ordem parece ter sido o problema em particular na Penitenciária Hazelton, em outubro, para onde Bulger, que estava com 89 anos, havia sido transferido recentemente. De acordo com um relato do New York Times, as celas dos presos foram abertas às 6h, duas horas antes da ronda matinal dos guardas, para que eles pudessem tomar café da manhã. Quando perceberam que Bulger não saíra de sua cela, os funcionários se dirigiram até ela e encontraram o preso ensanguentado, morto. 

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Muitos detalhes do episódio permanecem obscuros - e há várias questões que o Bureau of Prisons (o equivalente americano ao Departamento Penitenciário brasileiro) ainda tem que responder. 

Trata-se de uma falta urgente de guardas prisionais federais para cuidar da supervisão de Hazelton, prisão que ganha cada vez mais a reputação de violenta? A equipe tomou cuidado extra para garantir a segurança de Bulger, vez que ele tinha histórico de cooperação com o FBI? Por que ele acabou em Hazelton em vez de ser colocado em um centro médico do Bureau of Prisons, dada sua idade avançada e recentes ataques cardíacos? Principalmente, como, independentemente de todas as questões anteriores, um preso poderia ser espancado até a morte numa cela de segurança máxima? 

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É muito fácil descartar essas questões como desnecessárias porque Bulger não era uma boa pessoa. No entanto, sua morte não foi justiça, mas uma traição a ela. Bulger foi condenado à prisão perpétua, não à morte. O sistema de justiça dos EUA nem sempre é perfeito para comparar punições a crimes. Mas nesse caso específico, a alternativa encontrada foi a vingança com contornos de máfia - uma ratificação do trabalho de Bulger em vida no lugar do repúdio que ele merecia.

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