Uma das maiores fontes de aprendizagem da história é também a ferramenta mais negligenciada pelo sistema educacional e pela sociedade como um todo: o erro. A educação brasileira ao longo do tempo se acostumou a repelir os fracassos dos alunos e premiar apenas os êxitos, característica que pode ser observada nas avaliações aplicadas nas escolas e nos sistemas de ingresso de todas as instituições de ensino superior do Brasil, seja o vestibular ou até mesmo a prova do Exame Nacional do Ensino Médio.
No entanto, os erros deveriam ser tão importantes quanto os acertos. A investigação científica, por exemplo, propõe a verificação de hipóteses e errar nestes casos significa que você está cada vez mais perto dos seus objetivos, já que aprendeu o caminho que não deve ser seguido e pode focar em outra solução. Além disso, todos os grandes empreendedores do mundo já experimentaram a falência antes de implementarem negócios de sucesso.
A professora Izaurinha Aparecida, da Escola Municipal José Eurípedes Gonçalves, em Campina Grande do Sul, resolveu inverter essa lógica ao realizar sua prática. Izaurinha estava ensinando os alunos sobre a origem dos alimentos e a agricultura paranaense, principalmente a soja, a partir de uma reportagem da editoria Agronegócio, da Gazeta do Povo.
A turma investigou o ciclo da planta, aplicações da soja na alimentação, importância para a agricultura e para os produtores rurais e o caminho que o produto faz até chegar aos supermercados. O trabalho envolveu os pais, que foram convocados a pesquisar sobre a planta em casa com seus filhos e uma aula de campo. “Para melhor compreensão do conteúdo tivemos uma aula no Parque da Ciência, onde os alunos puderam visualizar e ter contato com várias plantas que nos fornecem alimentos e remédios”, comentou a professora.
A cultura da soja e do erro
Um dos alunos levou para a sala de aula sementes de soja recebidas do seu avô para que a turma pudesse plantar e investigar os grãos. Ferramentas em punho, a turma foi até a horta da escola fazer o plantio. Os dias foram passando e nada das sementes de soja germinarem. Os alunos ficaram frustrados com a situação e queriam saber o motivo da semente não ter nascido, foi aí que Izaurinha percebeu um novo gancho para trabalhar o conteúdo. A professora propôs que os estudantes investigassem os motivos do não crescimento da planta e produzissem hipóteses sobre o que poderia ter acontecido.
O resultado foi fantástico, os alunos descobriram inúmeros motivos para o ocorrido. A terra poderia ser inapropriada, a quantidade de água insuficiente, a falta de sol, a época do ano e até mesmo o exagero na utilização de agrotóxicos são fatores que limitam o crescimento das plantas. A turma aprendeu mais sobre o assunto proposto no início do trabalho e levantou inúmeras hipóteses que podem ser testadas e transformadas em novos aprendizados. Tudo graças ao cultivo do erro no cultivo da soja.
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