Estima-se que o Brasil possua hoje cerca de 185 mil animais abandonados ou resgatados após maus-tratos. O levantamento é do Instituto Pet Brasil (IPB), realizado junto a 400 ONGs de todo o país, que trabalham no acolhimento de animais. A pesquisa aponta ainda que aproximadamente 8,8 milhões de pets encontram-se em situação de vulnerabilidade, devido às condições econômicas de seus tutores, razão pela qual podem ser abandonados.
Esses são números que chamam a atenção, especialmente para aqueles que vivem em regiões de fragilidade social, como Bruna dos Santos, professora da rede municipal de ensino de Campo Largo (PR). Percebendo, que, a cada dia, aumentava o número de cachorros em situação de rua nos arredores da escola Dona Fina, onde trabalha, ela decidiu se engajar na causa animal.
“Eu sempre me identifiquei com a causa e já tinha feito alguns resgates, mas o que me motivou a desenvolver esse trabalho foi constatar que o número de cachorros nas ruas aumentava a cada dia. Eu levei as crianças para uma aula-passeio, quando então elas viram vários animais feridos, na pior situação de higiene possível, e ficaram muito sensibilizadas com a situação. Isso ajudou a mobilizar também. Elas queriam ajudar e começar a fazer a diferença”, destaca a professora.
Foi assim que nasceu o projeto “Animal de estimação não é brinquedo não!”. Com o apoio dos materiais pedagógicos do Ler e Pensar, a professora construiu um planejamento de atividades para alunos do 2º ano do ensino Fundamental 1, baseado na metodologia (Com-Pela-Para a mídia), que incluía um rico material audiovisual, recortes de notícias em diversos formatos, uso de redes sociais e promoção de debates sobre os direitos dos animais. Crianças que, no auge da sua “maturidade” de 7/8 anos de idade, conseguiram se conscientizar sobre a importância da coexistência harmoniosa entre seres humanos e animais e descobrir que quem maltrata animal pode até ser preso (desde 1998, o abandono de animais é crime e, desde 2020, depois da aprovação da Lei 14.064/20, a pena para quem comete maus-tratos aumentou, com reclusão de dois a cinco anos, multa e proibição da guarda, quando se tratar de cães ou gatos).
“Nosso projeto conseguiu envolver toda a comunidade, alcançando os familiares dos alunos, colegas de trabalho, vizinhos e comerciantes da região. Graças a essa ajuda, conseguimos arrecadar mais de 800 kg de tampinhas recicláveis para ajudar a Associação Protetora de Animais de Campo Largo, o que rendeu aproximadamente R$1.500 para a causa.
Ainda hoje, depois da entrega, muitos alunos me contam que não conseguem mais jogar tampinhas fora. O projeto promoveu uma mudança de hábitos na nossa comunidade, impactando não só a causa animal como também a ambiental”.
*O Projeto “Animal de estimação não é brinquedo não!” foi um dos vencedores da InovaLeP, iniciativa que selecionou projetos baseados em um ou mais pilares da metodologia do Ler e Pensar. Como premiação, além de um notebook, a professora Bruna recebeu mentorias da equipe pedagógica do LeP.
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