O sistema de transportes de Curitiba é considerado um dos mais inteligentes do mundo, sendo copiado por mais de 80 países. A rede, que conta com ônibus articulados e biarticulados e corredores exclusivos, criada por Jaime Lerner em 1974 continua sendo reinventado para atender à demanda da população. Mas, segundo a matéria "Além da tarifa e do subsídio", publicada no início de março na Gazeta do Povo, o sistema “parou no tempo e não soube enfrentar o aumento considerável do transporte individual na última década, nem o surgimento dos novos modais”, como alega João Arruda no texto.
A polêmica surgiu devido ao reajuste da passagem, que mesmo com o subsidio da prefeitura e do estado subiria de R$4,25 para R$4,50, como de fato ocorreu. Segundo os dados divulgados pela URBS o problema estaria no número de passageiros diários que desmoronou de 2.285.472 em 2010, para 1.619.647 em 2015.
Conversa de adulto?
Pode parecer que esse é um assunto “de adultos”, mas mexeu com a curiosidade dos alunos da professora Micheli Barbara Soares Panzarini, da Escola Municipal Sady Souza, em Curitiba. As crianças ficaram muito interessadas em entender como os motoristas se orientam e de que forma é definida as rotas dos ônibus. A partir disso, a professora aproveitou para explorar vários outros conceitos em Geografia, Matemática e Língua Portuguesa.
Primeiramente os alunos observaram a posição do sol, durante vários dias seguidos, para determinar onde ele nascia e descobrir qual era direção leste, para iniciar o trabalho com a localização. Depois disso firam direto ao assunto, sistema de ônibus, e promoveram uma pesquisa com as crianças de outras turmas, buscando entender quantos alunos utilizavam o biarticulado frequentemente.
Com os dados em mãos, foram elaborados gráficos e atividades
de compreensão e problemas matemáticos. Depois disso, os alunos trabalharam com
os conceitos de planificação, novamente envolvendo a Geografia, e criaram a
própria Frota da URBS Mirim. Nesta atividade, a professora ainda explorou
alguns conceitos das Ciências Naturais e Física, pois os veículos eram movidos
por meio de bexigas, observando a existência e utilização do ar como fonte de
energia.
Um trabalho tão elaborado não poderia acabar na escola! Os alunos tiveram a
oportunidade de conhecer o Memorial da Segurança no Transporte e ter contato
com vários outros materiais, incluindo os simuladores de acidentes e momentos
de conscientização sobre a importância do uso do cinto de segurança,
enriquecendo e dando ainda mais significado para tudo que já havia sido
estudado.
Como atividade de fechamento, todos concordaram que era justo compartilhar com o restante da escola todo o trabalho realizado e no aniversário da capital paranaense montaram uma apresentação para toda a escola com direito a mapa da rota, os veículos confeccionados pelos alunos e até mesmo um ônibus biarticulado de controle remoto, elaborado pelo pai de um dos alunos, que fez o maior sucesso no recreio da escola.
Segundo a professora Micheli, foram muitos os benefícios individuais e coletivos, que refletiram até mesmo nas avaliações, pois, segundo a professora, o conteúdo ganhou vida e significado “[nas atividades ativas] o conteúdo passa a ter função social e aí o processo avaliativo deixa de atender somente aos requisitos do sistema e passa a apresentar resultados concretos na avaliação da aprendizagem”, explica a docente.