Em 2020 não se fala de outra coisa além da pandemia de Covid-19, que impôs longos meses de isolamento social. Embora seja muito importante esclarecer dúvidas e promover a prevenção contra a doença, corremos o risco de esquecer de outras causas tão importantes quanto. Foi pensando nisso que a professora Evelise Gaio Tanajura decidiu dar continuidade ao trabalho que havia começado com seus alunos no início do ano: o combate ao mosquito da dengue. O projeto foi tão bem sucedido que foi classificado para o terceiro lugar da Missão de Boas Práticas Digitais do projeto Ler e Pensar.
Evelise é professora do Ensino Fundamental I na Escola Municipal Antonio Alceu Zielonka, de período integral, localizada em Pinhas (PR). A escola fica próxima ao Rio Atuba e ideia teve início quando as aulas ainda aconteciam presencialmente, tendo em vista a epidemia de dengue que o estado do Paraná tem enfrentado. Os alunos já haviam feito visitas ao rio e análise da propriedade da escola junto aos agentes comunitários para identificar possíveis criadouros do mosquito. Quando as aulas foram suspensas, as atividades foram interrompidas. No entanto, uma semana e meia depois, a professora decidiu entrar em contato com os pais dos alunos através do WhatsApp e criar uma nova forma de continuar esse projeto.
Corrente do bem
Através do aplicativo de mensagens, a professora conseguiu o contato de grande parte dos pais e divulgou um vídeo explicando a proposta. A primeira atividade foi o envio de um vídeo curto, por parte dos alunos, falando sobre a sua nova rotina de “quarentena” e sobre como estava o seu quintal/jardim. A professora então enviou aos alunos algumas pesquisas sobre os casos de dengue no Paraná, mostrando os números da doença em diferentes anos e estações (verão/inverno).
Em uma das atividades seguintes, a professora utilizou uma matéria da Gazeta do Povo do final de março de 2020, criando um questionário para ser respondido após a leitura do texto. Utilizando o Facebook e o Google Forms, foi feita uma votação em que o grupo de pais e alunos envolvidos no projeto escolheu o título: “Fique em casa, cuide do seu jardim”.
Através de atividades de pesquisa, desafios e missões diversas, Evelise transformou o combate à dengue em uma corrente do bem, em que cada elo foi composto por um núcleo familiar. Cada um fazendo a sua parte, divulgando e conscientizando amigos e familiares a fazerem o mesmo, os alunos não apenas deram continuidade ao projeto de combate à dengue, mas também mantiveram o contato entre si e com seus professores, mantendo os laços da comunidade escolar durante o período de ensino remoto. “Familiares, colegas de outras escolas, servidores da Secretaria de Educação, alunos, pais, muitos se envolveram, principalmente via Facebook, compartilhando fotos cuidando de seus jardins”, comentou a professora.
Educomunicação em ação
Com o projeto “Fique em casa, cuide do seu jardim”, Evelise pôs em prática os pilares da metodologia do Projeto Ler e Pensar, fez uso das mídias para promover o protagonismo dos seus estudantes, conscientizar os familiares e ajudar a comunidade. Mais do que isso, segundo ela essa prática aproximou os professores dos alunos durante o período de ensino remoto e “permitiu ainda demonstrar que, mesmo longe, nós professores somos capazes de nos reinventar e fazer o possível pelos alunos.”
A atividade também foi muito bem recebida pelos familiares, que não só sentiram o impacto positivo da ação não apenas em suas casas, mas também no comportamento dos estudantes. “Recebi a devolutiva de muitos pais, agradecendo pela atitude, pois no início as crianças, segundo eles, estavam ociosas, sem fazer ‘nada’ e desde que comecei a propor as atividades eles estavam mais ativos”, comemorou a professora.
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