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Durante todo o ano de 2019, mais de 2 mil professores de todo o Paraná participaram do Projeto Ler e Pensar, do Instituto GRPCOM e Gazeta do Povo. Dentre todos esses, 10 se destacaram pelas suas práticas transformadoras e foram classificados para uma votação popular, com a duração de 14 dias e que decidiria a colocação de cada um deles.

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A votação, engajou escolas, famílias e comunidades de forma surpreendente, alcançando o total de 477.535 votos, e o resultado foi divulgado nesta quarta-feira, dia 27 de novembro. Confira aqui.


E para você entender porque essas professoras merecem todo esse reconhecimento, a partir de hoje e durante as próximas semanas, você vai conhecer algumas das atividades realizadas durante 2019, pelas 10 melhores professoras do Ler e Pensar nesta edição, iniciando pela grande vencedora, Denise Lourenço Schenoveber da Silva, do Centro de Educação Integral Ulysses Silveira Guimarães, de Curitiba.

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Bicho também precisa de cuidados

De acordo com a matéria "Curitiba recebe 30 denúncias por dia de maus-tratos a animais", publicada pela Gazeta do Povo no último semestre de 2018, o número de animais sofrendo com maus tratos e abandono é muito grande, sendo que as maiores vítimas são os cães, gatos e cavalos. Mas, devido ao aumento da sensibilização e conscientização da população e da forte atuação da Rede de Proteção Animal de Curitiba, essa realidade está prestes a mudar, pois o aumento no número de denúncias mostra prova que essa irresponsabilidade não vem sendo aceita pela população de uma forma geral, e ajuda os órgãos responsáveis a tomarem as devidas providências.

As penalizações estão previstas na Lei Municipal nº 13.908/2011, que prevê até mesmo a apreensão do animal de seu tutor, como afirma a chefe da Rede de Proteção Animal, Vivien Midori Morikawa, em entrevista concedida à mesma matéria. O canal de denúncias 156 é uma iniciativa importante, mas segundo Vivien, mais importante do que isso é saber como cuidar adequadamente do seu pet.

Responsabilidade e cidadania: lições para toda a vida

Uma das missões propostas pelo Ler e Pensar, previa a realização de uma atividade, em parceria com uma organização social, visando resolver algum problema enfrentado pela comunidade, com o objetivo de trabalhar com as Competências Gerais número 2 e 10 da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a principal diretriz do Ensino Básico na Educação Brasileira.

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Segundo Denise, os estudantes tiveram duas semanas para prestar atenção na sua comunidade e identificar um problema que pudesse ser trabalhado por eles. Todos puderam trazer os temas e após uma conversa e levantamento, chegaram à conclusão de que havia um grande número de animais abandonados pelas ruas do bairro, e foi por isso que todos escolheram esse problema para trabalhar.

Envolvendo muitos professores da escola e utilizando a matéria citada no início deste texto, foram desenvolvidas muitas atividades, que foram além dos muros da escola. Com a professora Ligiane Porto, de Literatura, os alunos produziram poemas sobre o tema para compor um mural na escola. Com a professora Adriana Serafim, de Ciência e Tecnologias, criaram cartazes, que foram expostos na entrada da escola, para atingir os familiares e depois trazidos para os corredores, buscando impactar ainda mais os outros alunos da instituição.

Juntamente com a inspetora, outros professores e representantes da Guarda Municipal, as crianças realizaram ainda uma caminhada pelo bairro, com o objetivo de informar e conversar com outros moradores da região. Além disso, as famílias também receberam materiais produzidos e impressos na escola, com orientações mais detalhados sobre os cuidados que deveriam adotar com os animais de estimação.

Com o professor Everaldo Costa, de Língua Portuguesa, as crianças ainda puderam aprender se divertindo, pois, o docente gamificou as aulas e transformou o conteúdo todo em um grande jogo, utilizando até mesmo uma roleta produzida com o kit de robótica educacional Ludobot, com a assistência da Professora Denise.

Em outra etapa do projeto, os alunos trabalharam com três Instituições sociais: a ONG Salva Bicho, o Projeto Bicho nas Escolas e o Clube de Aventureiros Nova Jerusalém Kids. Com a ONG Salva Bicho e o Projeto Bicho nas Escolas, as crianças participaram de palestras, proferidas pelos responsáveis de cada umas das organizações e com as ilustres presenças de animais resgatados. As crianças ainda produziram podcasts de entrevistas com as organizações e todas as ações foram divulgadas na página da escola, no Facebook.

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Depois disso, as crianças, sob orientação das professoras Denise e suas colegas, professoras Keuly da Silva e Marli Schwanka, elaboraram um mural, onde deveriam trazer fotos junto com seus pets para a exposição. Também colaboraram com as fotos outros professores e funcionários da escola, em apoio a iniciativa da professora Denise.

Foi então que as turmas e professores decidiram promover uma campanha de arrecadação de ração para ser doada para uma das organizações que vinha participando das atividades e destinada a protetores independentes, além de uma das vizinhas da escola, que também recolhe animais abandonados. O Clube de Aventureiros Nova Jerusalém Kids, também foi convidado a participar da campanha e todos aqueles que colaboraram, tanto trazendo as fotos, quanto doando pacotes de ração, receberam um brinde, oferecido pela diretora da Escola, e participaram do sorteio de um prêmio.

A campanha foi um verdadeiro sucesso! Foram arrecadados mais de 140kg de ração, beneficiando centenas de animais resgatados e apoiando a iniciativa de dezenas de protetores. Segundo Denise, as crianças ficaram tão empolgadas que não queriam parar por aí: “os alunos ficaram muito sensibilizados quanto ao tema e alguns inclusive sugeriram mais ação, como uma feira de adoção.”

Segundo ela, não foram só os animais que saíram ganhando, mas famílias e comunidades também foram beneficiadas, afinal, além do acesso a toda informação levada pelos estudantes, puderam participar ativamente da campanha. Além disso, temos certeza que a cidade toda ganha, pois crianças que refletem sobre a realidade em que vivem hoje, se tornam adultos que agem sobre os problemas amanhã. “A atividade contribuiu grandemente para que os estudantes participassem individual e coletivamente de ações solidárias e de reflexão, as quais incentivaram a autonomia, a responsabilidade, a determinação, a resiliência e a tomada de decisões baseadas em princípios éticos, inclusivos e solidários”, ressalta Denise.