Como desenvolver a educação emocional na escola? O título da matéria publicada pela Gazeta do Povo, em junho do ano passado, levanta uma questão que vem sendo amplamente discutida no contexto escolar e também fora dele. Afinal, por que, nos últimos anos, tem se falado tanto em desenvolvimento socioemocional na escola?
Os velhos pensamentos de que a escola serve apenas para transmitir conhecimentos caem por terra ao observarmos quanto o desenvolvimento da inteligência emocional é importante para uma aprendizagem efetiva e para sobreviver no século XXI, que veio repleto de mudanças e instabilidades.
Algumas empresas já buscam seus profissionais baseados nessas habilidades, as famosas soft skills. A revista Forbes destaca resiliência, empatia e ética com algumas das mais importantes. As políticas educacionais dos países mais desenvolvidos, como a Finlândia, já levam essas habilidades em consideração há bastante tempo e agora o desenvolvimento das competências socioemocionais também, ganham destaque no Brasil, com a implementação da nova diretriz nacional curricular, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Mas, será que na prática, há espaço para a educação emocional na escola?
A professora Amanda Fernanda Lourenço dos Santos teve essa preocupação e trabalhou, com seus alunos do 5º ano da Escola Municipal Eurides Teixeira de Oliveira, no município de Palmeira, o desenvolvimento integral, levando em consideração o corpo, a mente e a sociabilidade dos educandos, a partir da matéria citada anteriormente.
Segundo a docente, que dá aulas de Educação Física, ela sempre percebeu neste componente curricular a possibilidade de ir além da cultura corporal e conectar saúde física e emocional por meio de boas práticas. O trabalho iniciou pelo corpo. Com o objetivo de observar os próprios hábitos alimentares, cada aluno recebeu um “diário saudável”, uma espécie de tabela, onde tinham que registrar todas as refeições realizadas por eles e pelos familiares, por uma semana. Após esse período, as crianças deveriam classificar suas escolhas em saudáveis ou não, utilizando emojis.
Após finalizar essa atividade, Amanda percebeu a necessidade de orientações mais aprofundadas sobre o assunto e levou até a escola uma nutricionista, para orientar as crianças sobre a montagem dos pratos e a importância dos cinco sentidos durante a refeição. Os alunos também realizaram um “intercâmbio” com outras crianças, de uma escola do campo, localizada no mesmo município, onde puderam conversar sobre suas rotinas, observando semelhanças e diferenças. Para brindar o momento, um delicioso suco verde, feito com ingredientes escolhidos e trazidos pelas crianças, foi servido a todos os alunos, mais uma oportunidade encontrada pela professora para abordar as escolhas saudáveis do dia-a-dia e seu impacto na saúde.
Depois de conhecer outras culturas, foi hora de valorizar os bons hábitos que as crianças já cultivavam e para isso, a docente organizou um dia de partilha, onde as mães puderam participar enviando pratos saudáveis e suas receitas, que serão compartilhadas com todos os envolvidos em forma de livro. Mas a participação das famílias não parou por aí, elas foram convidadas para ir até a escola participar de um dia de atividades com as crianças. O momento, chamado de Matroginástica, foi um sucesso e reuniu cerca de 300 participantes, entre alunos, pais e funcionários da instituição. “As mães participaram em peso! Foi emocionante, divertido e envolvente. Mães e filhos dançaram, brincaram, sorriram e até choraram. Inesquecível para todos nós”, relata orgulhosa a professora.
A Matroginástica foi o pontapé para poder falar de bem estar e desenvolvimento emocional. Amanda levou para a turma outra matéria da Gazeta do Povo, intitulada “Assertividade e inteligência emocional” e então, explicou para as crianças que tudo que haviam feito até ali era voltado à saúde física, mas a saúde emocional também é muito importante para o desenvolvimento integral.
Voltando à importância das escolhas, a professora explicou a necessidade do desapego e de que forma podemos ajudar os outros, então, propôs um momento de trocas. Os alunos levaram objetos que não lhes serviam mais, mas poderiam servir para outra pessoa e realizaram as trocas, de uma maneira muito ética. “Foi lindo! Além dos conceitos básicos de Inteligência Emocional (autoconhecimento, autocontrole, empatia, automotivação, relação inter-pessoal) os alunos experimentaram solidariedade e generosidade. A feira do escambo foi um sucesso”, lembra Amanda.
Por fim, os alunos conheceram e experimentaram a arte da meditação como uma ferramenta de autocontrole. Através da respiração consciente e do relaxamento os alunos puderam comprovar os efeitos e os benefícios do controle emocional, após momentos de agitação ou ansiedade, como uma competição ou simplesmente após a entrada do recreio.
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