O uso de drogas entre adolescentes é uma preocupação nacional. Segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), realizada em 2015 e divulgada em meados de 2016, o índice de alunos que já haviam experimentado bebidas alcoólicas subiu de 50,3%, em 2012, para 55,5%. E o número de estudantes que já haviam experimentado drogas ilícitas também cresceu de 7,3% para 9%. A Pesquisa foi realizada com estudantes que estavam concluindo o 9º ano do Ensino Fundamental II, com idade entre 13 e 15 anos, de escolas públicas e particulares de todo o país.
Outro dado alarmante e mais recente sobre o uso de drogas na população em geral vem do DataSus, banco de dados mantido pelo Ministério da Saúde, que mostra que o número de internamentos pelo uso de drogas ilícitas superou pela primeira vez em 2019 o número de internamentos por alcoolismo. O que pode significar que aumentaram os casos de dependência química associada ao uso de álcool, como afirma a técnica em Saúde Mental da Secretária Estadual de Saúde, Rejane Tabuti, em entrevista à Gazeta do Povo, na matéria "Vício em drogas ultrapassa álcool em leitos hospitalares no Paraná".
Informação é o melhor remédio
Conversar abertamente sobre o assunto é uma das dicas trazidas pela matéria "7 dicas para prevenir o uso de álcool e drogas na adolescência", publicada no portal Sempre Família com o objetivo de orientar pais e familiares, mas sabemos que os jovens também passam muito do seu tempo na escola, por isso, é fundamental tratar desses temas também no ambiente escolar.
Foi isso que percebeu a professora Vera Beatriz Hoff Pagnussatti, do Colégio Estadual Eron Domingues, de Marechal Cândido Rondon. O interesse pelo assunto, na realidade, veio dos próprios alunos, da turma do 2º ano, quando desafiados a escrever quais consideravam os dois maiores problemas da comunidade. Foram elencados vários temas relevantes, como preconceito, desemprego, desigualdade, mas o que mais se repetiu foi o uso drogas, lícitas e ilícitas.
Esse tema já vinha sendo trabalhado pela professora Vera, em Língua Portuguesa, juntamente com duas colegas, as professoras Elaine Maria Gosenheimer Fiori, de Matemática, e Márcia Regina Granado Branco, de Biologia. Cada área do conhecimento foi explorada de forma relacionada ao tema, enquanto a professora Vera explorava a argumentação e interpretação de texto, a professora Elaine trabalhava com os dados de pesquisas e a professora Márcia com os efeitos nocivos causados pelo uso dos entorpecentes em diversos órgãos.
Após se prepararem em todas as áreas, os alunos foram divididos em equipes e apresentaram um “seminário itinerante”, onde passavam em diversas turmas da Instituição contando tudo o que haviam descoberto e conscientizando os demais alunos. Vera conta que o acesso à Gazeta do Povo foi fundamental para a prática. “Sou adepta do uso do jornal em sala de aula de longa data [...] O jornal possibilita a multidisciplinaridade, estudando e discutindo conteúdos de outras disciplinas, pertinentes para a formação de sua cidadania, tornando o aluno um interlocutor e agente de transformação, atuando no sentido de mudar o mundo para melhor”, explicou a professora.
Com a escolha do mesmo assunto como problema a ser resolvido, a professora entrou em contato com a uma organização social que atende dependentes químicos na região, a ONG Caminhos da Vida, que foi até o Colégio apresentar seu trabalho e a forma como conseguiam ajudar tantas pessoas em uma caminhada tão difícil. A Organização vinha sofrendo com os estragos causados por uma forte tempestade na região, que destelhou a sede da Instituição, prejudicando os atendimentos. Então, estudantes e professora decidiram que arrecadar dinheiro para auxiliar nesse conserto era uma forma de intervir e ajudar a ONG, que sobrevive apenas desse tipo de arrecadação.
A primeira ação foi o planejamento de uma campanha nas redes sociais, para estimular a arrecadação de dinheiro. Buscando dar ainda mais vazão à campanha, os alunos participaram de um programa de rádio, com alcance regional, em que explicaram a ação e também debateram sobre empatia, outro tema tratado pela turma durante o Ler e Pensar. Além disso, também organizaram uma campanha sobre a Nota Paraná, buscando incentivar a doação das Notas Fiscais sem CPF, que poderiam ser revertidas em dinheiro para a ONG.
Buscando ainda fortalecer as arrecadações, a escola propôs a “Campanha do 1 real”, onde cada aluno poderia colaborar e se sentir parte da ação. Por fim, todo o dinheiro arrecadado foi entregue ao responsável da Organização, pelos próprios alunos, que puderam entender a importância das suas ações.
Para a professora Vera, a ação fortaleceu ainda mais o senso de cidadania dos estudantes e ainda promoveu em efetivo aprendizado sobre empatia e cooperação. A turma arrecadou mais de R$ 1.500,00 e conseguiu dar muita visibilidade ao Centro de Recuperação, garantindo que mais pessoas se envolvessem com a causa e quisessem ajudar.
Essa foi apenas uma das práticas realizadas pela Professora Vera, em 2019. Ela também se destacou em diversas outras missões e foi uma dez melhores professoras do ano. Na votação popular conquistou mais de 8 mil votos, conquistando a 9ª colocação.
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