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Alunos durante a realização da pesquisa: “Você gosta de matemática?” |
Alunos durante a realização da pesquisa: “Você gosta de matemática?”| Foto:

“Hoje teremos aula de matemática”. Para muitos alunos brasileiros essa frase vem acompanhada de diversos tipos de preocupações. Talvez, esse medo dos números e cálculos explique porque somos o país onde apenas 7,3% dos estudantes atinge um nível de aprendizado satisfatório na disciplina ao concluir o Ensino Médio, segundo o levantamento feito pelo movimento Todos Pela Educação.

A Gazeta do Povo reuniu vários dados relevantes com relação à educação, ciência e saúde e lançou algumas provocações na matéria intitulada “E se a Copa do Mundo medisse educação, ciência e qualidade de vida?”. Segundo as fontes apresentadas pelo jornal, nos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil ficou em 23º lugar com relação à compreensão matemática, ficando à frente apenas da Tunísia. 

Esse é um panorama que causa espanto e até mesmo um certo desconforto. E isto foi o que mobilizou a professora Micheli Bárbara Soares Panzarini a provar para seus alunos do 4º ano da Escola Municipal Sady Souza, em Curitiba, que a Matemática não é nenhum bicho de sete cabeças e levou a turminha a buscar respostas que pudessem justificar esse baixo desempenho na área das exatas. 

E você, gosta de Matemática? 

O primeiro passo foi a professora apresentar os gráficos da matéria aos seus alunos. Logo depois, Micheli questionou a turma e pediu que eles apresentassem hipóteses para esse cenário envolvendo a interpretação de problemas matemáticos, então eles decidiram fazer uma pesquisa de campo na escola. 

Na hora do recreio os alunos perguntaram a outros colegas “Você gosta de matemática?”. Os resultados demonstraram que a maioria dos alunos gostava da disciplina, então, confusa com o resultado, a classe reformulou pergunta para “Você entende matemática?”. 

Dessa vez o resultado foi bem diferente: 50 % dos alunos disse não entender, 30 % entender parcialmente e apenas 20% alegaram dominar os conteúdos. A conclusão foi: as crianças gostam de matemática, mas muitas vezes não entendem os conteúdos. Esse novo panorama mudou a forma como a turma e a professora encaravam o ensino e a aprendizagem dos cálculos e números. 

Ao envolver os alunos nesse trabalho a professora abordou conteúdos curriculares importantes, como o tratamento da informação e a porcentagem, mas muito mais do que isso, ao oferecer a chance de questionar e ferramentas de investigação e pesquisa ela iniciou a construção do pensamento crítico dos alunos com relação a sua realidade. 

Além disso, a Professora Micheli, que já exerce a profissão há seis anos, ainda relata o quanto essa vivência mudou sua percepção sobre a própria prática. “Todas as informações obtidas com auxílio da notícia em questão foram muito importantes, pois nos fizeram refletir o quanto o ensino e a aprendizagem de matemática devem ser revistos e aprimoradas. Notei que a metodologia precisa romper com a reprodução mecânica de ensinamentos, e que o alunado necessita de maior inspiração para querer aprender”, contou. 

Diante dos fatos, a professora afirmou que as aulas passaram a ser mais reflexivas e os estudantes atuantes. “Agora [eles] procuram pensar se o seu conhecimento é suficiente para a sua idade e série. E em relação as minhas práticas pedagógicas, melhorei meus estudos e forma de aplicação do conteúdo. Tenho incitado os estudantes a pensarem mais no processo lógico matemático do que nos resultados até então obtidos de maneira mecânica”, compartilhou a professora. 

Segundo a docente, agora que o segundo semestre começou ela vai conseguir colocar em prática essas novas ideias e pretende sair com a turma para uma aula de campo o quanto antes.

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