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Para finalizar o projeto, a turma organizou um café literário, no qual expuseram as fotos tiradas  | Divulgação 
Para finalizar o projeto, a turma organizou um café literário, no qual expuseram as fotos tiradas | Foto: Divulgação 

Os alunos da professora Ilze Cristina Sollner de Brito Correa, da EM Ulisses Guimarães, de Campina Grande do Sul, aprenderam a desenvolver a empatia e o olhar para o próximo em um projeto que uniu fotografia e texto, desenvolvido ao longo de 2017. A ideia surgiu quando as crianças leram na Gazeta do Povo a matéria “O retratista da cidade”, sobre o fotógrafo Maringas Maciel, que desde 2008 se dedica a fotografar momentos e pessoas no cotidiano da cidade de Curitiba.

Em tempos de conflitos políticos, refugiados e catástrofes naturais, olhar para o outro torna-se uma habilidade essencial para a comunicação e a boa convivência. Basta acessar o jornal, ligar a TV ou rolar o feed das suas redes sociais para encontrar notícias sobre pessoas que salvam vidas de desconhecidos diariamente, sem esperar nada em troca. A palavra empatia vem sendo repetida e seu significado ganhando corpo. A empatia parte da aceitação, de compreender que os sentimentos de uma pessoa são possíveis na situação em que ela se encontra, mesmo que se nós na mesma situação tivéssemos outro tipo de atitude. A pessoa empática põe de lado a sua “escala de importância” para entender o sofrimento do outro a partir do ponto de vista dele. 

Mas, onde e como aprendemos a ter empatia? A escola é um dos ambientes que frequentamos que mais requer habilidades sociais. Passamos boa parte da vida escolar aprendendo a lidar com diversas pessoas, sejam elas autoridades, como nossas professoras, ou com nossos pares. Com essas relações devemos também aprender a lidar com situações que despertam, por exemplo, frustrações, alegrias, orgulho, imposições, afetividade e raiva. Para resolver conflitos e ter relações saudáveis, exercitar a empatia é essencial e uma das maneiras de fazer isso é escutando o outro, com atenção, sem julgamento, e aceitar que não existe só um modo de ver o mundo, pensar e agir. Cada pessoa possui uma história e isso molda seus pensamentos, prioridades e caráter. É claro que, ser empático não é omitir-se, e o diálogo também precisa estar presente em todos os momentos. 

Como despertar o olhar 

Após a leitura da matéria de Maringas, as crianças observaram outros livros e trabalhos de artistas paranaenses e então surgiu a ideia de produzirem um livro de fotografias. Conforme a professora Ilze, o intuito era fazer um resgate do valor da pessoa não somente do trabalho dela. “Os alunos e eu saímos em busca de fotografias e depoimentos de pessoas da escola que foram escolhidas aleatoriamente. Fotografamos os profissionais da escola e juntamente com as fotos coletamos depoimentos em áudio, uma pequena entrevista falando um pouquinho do profissional e dos seus sonhos na vida pessoal”, conta. 

Além de exercitar a escuta sobre o outro, os alunos também tiveram que lidar com outros conflitos, como por exemplo, o caso de uma funcionária que pediu para que fizessem outra foto, pois não havia gostado da primeira. Esse momento foi aproveitado pela professora para discutir a valorização do outro e o respeito à suas preferências, visto que os padrões estéticos de uma pessoa podem não ser o mesmo que da outra. Para finalizar o projeto a turma organizou um café literário, no qual expuseram as fotos e tiveram voz para explicar seu olhar e disseminar o que aprenderam com as pessoas que registraram ao longo do ano. Distribuíram uma cópia autografada do livro para cada pessoa retratada, como forma de agradecimento e reconhecimento. 

Houveram muitos momentos nos quais a professora pôde ver a melhoras dos alunos, tanto na leitura quanto na escrita, na interpretação e na expressão oral. “Alguns alunos melhoraram a ortografia e a leitura, pois em muitos momentos foram realizadas leituras nas quais o objetivo era revisar o texto e em outras interpretar e comparar”, diz. 

E no quesito comunicação e relacionamentos também houve muitos progressos. “As primeiras entrevistas foram feitas com dificuldade, de maneira automática, alguns tinham dificuldades até para segurar o celular no momento de gravar, quanto mais falar. Agora, meses depois e com as atividades que foram desenvolvidas, eles enfrentaram até o microfone e fizeram entrevistas em áudio com maior habilidade”, lembra. Para Ilze, além de trabalhar leitura, estética e demais temas curriculares, a prática em parceria com o Ler e Pensar conseguiu trabalhar com seus alunos a empatia e a capacidade de ver e ouvir, de verdade, alguém do seu cotidiano.

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