Criadas pelos moradores mais antigos por diversas razões, mas principalmente para explicar fenômenos ou fatos históricos, hoje as lendas são consideradas herança cultural. O Paraná é um estado com uma vasta coleção de lendas regionais. Temos a história da Araucária, da Gralha Azul, das Cataratas do Iguaçu, entre outras que tomam conta do imaginário popular. Conhecê-las é uma maneira de preservar a história, a cultura, a tradição e as crenças de um povo.
Provavelmente, toda a cidade tem uma lenda para chamar de sua. Com Curitiba não é diferente. A capital paranaense é repleta de histórias populares que costumam atravessar gerações. Um dos relatos mais conhecidos tem relação com a chegada dos desbravadores em 1693 e está registrado em uma placa no Parque Histórico da Vilinha, no Bairro Alto.
“No século XVII, colonizadores portugueses enfrentaram os perigos da Serra do Mar para garimpar ouro no primeiro planalto, o que originou um povoado às margens do Rio Atuba, a Vilinha. A escassez de alimentos e de ouro teria obrigado esses homens a transferir sua povoação para outro lugar. Conta a lenda da fundação de Curitiba que o chefe indígena Tingüi, dos Campos do Tindiqüera, teria escolhido e conduzido os portugueses para o local onde hoje se situa a Praça Tiradentes, ponto inicial da cidade”, diz a placa.
Lenda ou fato histórico?
Entendendo a importância desse trabalho cultural e buscando contextualizar seus alunos e ainda trabalhar vários aspectos relacionados às disciplinas de história e geografia, a professora Marilia Costa Jordão, da UEI Araucária, em Curitiba realizou um intenso trabalho em torno da lenda do índio Tindiquera.
Marilia nos contou que a Escola fica próxima ao Parque Histórico da Vilinha, e por isso viu nessa lenda a oportunidade de fazer com que seus alunos, dos 4º e 5º anos, se apropriassem da cultura do local onde vivem.
Antes de iniciar o trabalho a docente percebeu que os alunos já tinham alguns conhecimentos sobre a história de Curitiba, então, buscando aprofundar esses conhecimentos ela utilizou várias matérias da Gazeta do Povo, entre elas a intitulada “A Vilinha do Bairro Alto e a lenda do nascimento de Curitiba” e também a “Estátua de Tindiquera perpetua erro histórico grave, diz pesquisador”. Essas matérias trazem pontos de vista diferentes sobre o mesmo fato, portanto, a professora aproveitou-se disso para provocar o senso crítico da criançada, que, segundo ela, ainda tinha uma visão muito fantasiosa dos fatos.
Dentre as atividades propostas os alunos trabalharam com os mapas do Estado e Município, criaram falas em balões de histórias em quadrinhos, retratando quais eles acham que seriam as opiniões do cacique sobre as matérias, escreveram notícias para o jornal eletrônico Extra, Extra! e montaram um painel reunindo todas as notícias que encontraram sobre o índio no site da Gazeta do Povo.
Segundo a professora Marília “a reflexão acerca da história da cidade através dos textos do jornal foram bem válidas, uma vez que as crianças puderam perceber a história como algo em constante construção, assim como conheceram e desmistificaram a lenda do índio, diferenciando o que realmente foi fato e o que está ligado a cultura e compreensão popular”. Ela ainda nos conta que infelizmente não foi possível levar a turminha até a estátua, por questões de logística, mas que os alunos sempre passam pelo índio no caminho de casa e agora o enxergam com “outros olhos”.
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