Uma pesquisa realizada por estudantes de Umuarama, no noroeste do Paraná, com moradores do município, revelou a dificuldade de compreensão e definição, pela população, de conceitos relacionados à prática do voluntariado. Apontou também falta de conhecimento sobre as instituições assistenciais existentes na cidade.
A pesquisa, que recebeu o nome de Expedição Investigativa, realizou estudos online de reportagens publicadas pelo jornal Gazeta do Povo, ligadas ao voluntariado e sobre como o assunto é abordado e divulgado pela mídia.
As duas etapas da pesquisa foram orientadas em sala de aula, com alunos de primeiro e segundo anos do Ensino Médio do Colégio Sesi de Umuarama. E se transformaram em objeto de estudo na Oficina de Aprendizagem Liga Solidária Sesi (Liss), embasado também no livro Voluntariado Educativo: uma tecnologia social. “A partir do estudo do livro, os alunos compreenderam os principais conceitos e metodologia acerca do tema ‘voluntariado’ e sua importância, tanto como prática escolar quanto como prática de responsabilidade social”, explica Caio Cezar Pontim Scholz, professor e mestre em Filosofia, que junto com a professora Cinthia Matusaiki, especialista em Arte, foi orientador do trabalho.
Empenho e contribuição
Durante o trimestre da oficina, os alunos, divididos em seis equipes, visitaram frequentemente seis instituições, conheceram suas histórias, os trabalhos realizados por elas, a importância delas para a sociedade, as formas de contribuição e, principalmente, suas dificuldades e necessidades. Com isso, estiveram plenamente empenhados, pensando e desenvolvendo ações que contribuíssem para satisfazer parte dessas necessidades.
Segundo o professor, os estudantes organizaram campanhas de arrecadação de mantimentos, comercializaram rifas e produtos das instituições, organizaram atividades recreativas e produziram materiais de divulgação online.
O resultado da oficina, desenvolvida de maio a agosto desse ano, foi uma feira de voluntariado denominada Praça Solidária Sesi, realizada dia 8 de setembro na Praça Arthur Thomas, no centro da cidade. “Os alunos levaram à sociedade todo o trabalho realizado durante o trimestre, tornando conhecido o estudo teórico realizado sobre o voluntariado e, sobretudo, contribuíram e deram maior visibilidade para as instituições sociais de Umuarama”, afirma.
Instituições beneficiadas
Criada a partir de uma parceria entre o Colégio Sesi de Umuarama, o Programa A União Faz a Vida do Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi) e o Projeto Ler e Pensar, da Gazeta do Povo, a Liss atuou em diversos campos sociais, ajudando a Associação dos Pais e Amigos dos Deficientes Visuais (Apadevi), Associação de Assistência aos Surdos de Umuarama (Assumu), Lar de Idosos São Vicente de Paulo, Associação Beneficente de Crianças Abrigo Tia Lili, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) do município de Cruzeiro do Oeste, e a Sociedade de Amparo aos Animais de Umuarama (Saau).
“Nas últimas atividades da oficina, o Ler e Pensar nos orientou em como poderíamos utilizar as mídias locais para darmos publicidade ao nosso trabalho e, sobretudo, dar maior visibilidade para as instituições beneficiadas. Desse modo, aprendemos a usar adequadamente as mídias de comunicação como um instrumento de ação engajada socialmente”, afirma o professor Caio.
Resultados positivos
Júlia Martini Picoli, de 15 anos, é aluna do primeiro ano e se sentiu estimulada pela oficina desde que foi criada, tendo inclusive recebido grande apoio dos pais e da madrinha para o trabalho voluntário. Integrante da equipe que visitou o Lar de Idosos, conta que a oficina toda foi muito marcante. “O sentimento que fica tem dois lados: a gratificação de poder fazer alguma coisa por eles, e o de que o que a sociedade faz ainda é pouco”.
A mesma sensação acompanhou o aluno Matheus Henrique Lapa Silva, de 15 anos. “Foi um desafio. Fiquei animado de poder ajudar, mas pudemos perceber a precariedade das instituições e a importância da sociedade participar”. Matheus integrou a equipe que visitou o Abrigo Tia Lili. “Foi muito gratificante receber o sorriso das crianças”.
De acordo com o professor Caio, a oficina teve tanta repercussão entre os alunos e docentes, que foi cogitada a ideia de instituir a Liga Solidária Sesi como uma das marcas do Colégio Sesi de Umuarama, realizando anualmente o projeto.
“Avalio os resultados como plenamente positivos, pois, abordando o voluntariado como um objeto de estudo, foi possível desenvolver nos estudantes, habilidades e competências cognitivas e relacionais a partir do estudo das disciplinas curriculares de forma contextualizada e interdisciplinar, em uma relação de ensino e aprendizagem que oportunizou aos estudantes envolvidos a produção de conhecimentos cujos aspectos teóricos e práticos estiveram constantemente articulados durante todo o trimestre”, conclui.
O texto foi produzido pela Gerência de Educação Básica e Continuada do SESI, que mensalmente mostrará neste espaço os resultados do Projeto Ler e Pensar em suas escolas.
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