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Caracas e La Paz – As comemorações do Dia Internacional do Trabalho na América Latina foram marcadas pelos anúncios de nacionalização do petróleo, feitos pelos governos da Venezuela e da Bolívia.

Já na madrugada de segunda-feira, o governo do presidente Hugo Chávez confirmou que queria o controle total dos campos de petróleo na bacia do Orinoco. O anúncio foi feito pelo ministro de Energia e Petróleo, Rafael Ramírez. "Neste momento, estamos ocupando as instalações usurpadas pelo capital transnacional", disse. O ato simbólico comandado por ele foi transmitido ao vivo pelos canais de televisão do país.

Na Bolívia, um ano depois de o exército do país ter ocupado as refinarias da Petrobrás, o governo afirmou que assumirá o controle pleno de toda a produção interna de gás natural e petróleo a partir de hoje.

O presidente da estatal boliviana YPFB, Guillermo Aruquipa, anunciou em cadeia de rádio que os técnicos da empresa já se dirigiram a todos os campos produtores e instalações de armazenamento e bombeamento para marcar a "hora zero" do novo regime, com o desligamento da produção, que seria retomada logo depois.

Ele fez questão de ressaltar, no entanto, que trata-se apenas de um gesto simbólico e que as exportações para Brasil e Argentina não serão afetadas .

"Será um corte simbólico. Em cada planta, em cada unidade de produção, existe um medidor no qual é marcado um volume. Vamos zerá-lo e, a partir deste momento, vamos controlar nós mesmos todas as quantias que estão sendo produzidas e que serão exportadas", garantiu.

Ao fazer o anúncio oficial, o presidente Evo Morales afirmou que, além do setor de petróleo e gás, as medidas também afetarão o setor de telefonia e a criação de um banco de fomento.

O presidente boliviano não especificou como fica a situação da Petrobrás, que negocia o preço do ressarcimento da nacionalização de duas de suas refinarias – a Bolívia quer pagar um preço inferior ao valor de mercado.

Venezuela

Na segunda-feira, Chávez, vestido de vermelho, disse para milhares de trabalhadores que "o investimento privado nunca mais voltará". "Estamos acabando com a era dos investimentos privados e enterrando-a nas reservas de petróleo de Orinoco", afirmou o presidente.

Ontem, em ato transmitido ao vivo em cadeia nacional pelos canais de televisão venezuelanos, houve uma troca simbólica de equipamentos dos empregados, que até ontem trabalhavam para empresas privadas. Eles passaram a usar capacetes vermelhos, a cor da PDVSA e do "chavismo", em lugar dos azuis.

Semana passada, dez das 13 empresas que operam em explorações de risco a ganho compartilhado na Faixa do Orinoco, 55.300 km2 a sudeste da Venezuela, e no Golfo de Paria, assinaram memorandos de entendimento com o governo venezuelano.

Assim, a partir de agora, a companhia estatal de petróleo PDVSA controlará no mínimo 60% das ações de quatro empresas mistas formadas por multinacionais: a francesa Total, a norueguesa Statoil (Sincor), as americanas Chevron Texaco (Ameriven) e Exxon Móbil, British Petroleum e a alemã Veba Oel (Cerro Negro).

A americana Conoco Philips (40% na Ameriven e 50,1% na Petrozuata) manteve até a última hora as complexas negociações e até o prazo limite não havia assinado acordo. A italiana ENI e a Petrocanadá também não assinaram nada, esta última por "problemas técnicos".

A promotoria intervirá nos casos das empresas que se negarem a firmar acordos. As negociações irão até 26 de agosto, quando o Congresso, sob controle total do partido governista, aprovará os acordos. O ministro da Energia, Rafael Ramírez, disse no fim de semana que as empresas da Faixa, estimadas em mais de US$ 25 bilhões, vão incorporar "a batalha de todas as empresas do Estados, empenhados em construir o socialismo do século 21".

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