Com óculos escuros e cavanhaque, Dallas Wiens, o primeiro norte-americano a passar por um transplante total de face, se juntou aos cirurgiões ontem no Brigham and Womens Hospital em Boston para sua primeira aparição pública desde a cirurgia de 15 horas realizada em março.
"Parece natural", disse o texano de 25 anos que recebeu nariz, lábios, pele, músculos e nervos de um doador anônimo. A operação foi paga pelo Exército norte-americano, que espera usar as descobertas deste caso para ajudar soldados com graves ferimentos faciais.
O rosto de Wiens ficou totalmente queimado e ele ficou cego após atingir uma linha de transmissão, enquanto pintava uma igreja em novembro de 2008.
Ontem, ele surgiu perante um grupo de repórteres e fotógrafos com um novo rosto, um pouco inchado, e novos cabelos. "Eu me adaptei a isso com muita rapidez", disse aos jornalistas. "Conforme o tempo foi passando... Eu passei a sentir cheiros novamente e a respirar pelo nariz. Cada passo foi incrível."
O primeiro aroma que o nariz de Wiens conseguiu detectar após vários meses? Lasanha do hospital. "Vocês não vão acreditar, mas o cheiro era maravilhoso", afirmou.
Os cirurgiões disseram que o transplante não foi capaz de restaurar a visão do paciente e que alguns nervos foram tão gravemente afetados que ele provavelmente terá apenas sensibilidade parcial em sua bochecha esquerda e na parte esquerda de sua testa.
O cirurgião-plástico Bohdan Pomahac, que realizou a cirurgia em Wiens, disse que os resultados do transplante foram melhores do que o esperado. "O melhor será ver os próximos seis a nove meses quando as funções começarem a voltar e quando Dallas começar a sentir a luz em seu rosto", disse Pomahac.
A cirurgia foi paga pelo Departamento de Defesa, que deu ao hospital US$ 3,4 milhões para pesquisas para quatro transplantes. Pouco mais de dez transplantes de rosto foram realizados em todo o mundo: nos Estados Unidos, França, Espanha e China.