Brasília – Depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque e Washington, o Itamaraty ganhou duas certezas. A primeira, que os Estados Unidos passavam a ser, a partir daquele momento, um país em guerra. A segunda certeza: os olhos já distantes de Washington para a região ao Sul do Rio Grande, em particular para o Brasil, ficariam praticamente cegos à América Latina.

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No balanço destes cinco anos pós-11 de setembro, a maioria dos funcionários das relações exteriores entrevistados para esta avaliação admite que, salvo os embates sobre os destinos da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e as chateações de Washington sobre a região de Foz do Iguaçu, Brasil e EUA seguiram agendas próprias, com raras conexões.

A diplomacia brasileira ficou mais liberta das interferências norte-americanas, mas a relação bilateral entre os dois países não se aprofundou.

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Logo após os atentados, o governo brasileiro expressou sua solidariedade a Washington e ao povo norte-americano. Além disso, articulou a convocação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), da Organização dos Estados Americanos (OEA). Documento de 1947, o TIAR prevê que a agressão a um país das Américas é uma violência contra toda a região.

O gesto brasileiro foi bem recebido, mas não trouxe aproximação. Perdeu repercussão em meio à avalanche de medidas de vigilância extremada em portos e aeroportos de todo o mundo. Ao desembarcar em Miami, rumo à Assembléia da OEA que discutiria o TIAR, o então chanceler Celso Lafer teve de ficar descalço e passar os sapatos pelo raio-X do sistema de segurança do aeroporto. Não foi o único, mas o caso ganhou repercussão no Brasil. "Não quis entrar na lógica do ‘você sabe com quem está falando?", lembra Lafer.